SONHOS E ENCANTOS

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domingo, março 01, 2020


segunda-feira, dezembro 19, 2011

Minhas memórias de menina






PONTE NOVA


Esta era a cidade,na época em que lá chegamos...casas
antigas,muito belas e,foi para uma destas casas que nos dirigimos,meu pai e eu,por recomendação da Madre Superiora do Colégio Maria Imaculada.
       
 Segurando a mão de meu pai,eu não tinha a mesma segurança que sentia na estação e no Colégio...era uma escola particular,com turmas formadas por meninos e meninas...a professora,logicamente não era uma freira e,sim uma moça linda,parecida com minha tia...Sônia Marinho Lanna,era o seu nome e todos a chamavam de Soninha.


Ela se surpreendia com o inesperado,estudar sem suas amadas freiras,em uma casa de família,com colegas de ambos os sexos e que já estariam familiarizados entre si e com a mestra...havia também a mãe da professora,que também dava aulas,Dona Elisa,matrona simpática a sorrir para ela e a lhe dar as boas vindas.
     Tudo combinado...as aulas começariam já no dia seguinte...novamente a pasta de couro com seu cheiro peculiar...seus cadernos,livros e...o uniforme???Não,não haveria uniforme,poderia ir com um de seus vestidos,ali não havia este tipo de exigência.
      Mal dorme à noite,na expectativa do dia seguinte...que chega e lá vai a nossa menina de tranças,com seu vestido xadrez,de tafetá de algodão,com suas tranças presas por uma fita igual ao vestido,sua pasta na mão e o coração apertado...segura as lágrimas e vai.
      Vamos falar um pouco de sua nova casa...fica no alto e para chegar até lá,são 180 degraus ou uma ladeira íngreme...ao lado de sua casa,uma igreja e atrás desta um cemitério.Casa pequena,tipo bangalô(na época era este o nome)com uma entrada lateral...na frente,uma varanda e uma vista linda da cidade.Tem poucos vizinhos e só três meninas(ela que gosta tanto de ter amigos).Em Pouso Alegre eram muitos,não pode deixar de comparar,apesar da mãe recriminá-la por isto:-Para de viver no passado,menina!!!Mas ela sente falta da casa dos avós(não tem como se esquecer,era a sua vida que lá ficara),dos amigos de Pouso Alegre e de seu colégio...

   O encontro com os novos colegas foi tranquilo,não nos esqueçamos que ela era muito comunicativa,gostava de fazer amizades...seus primeiros amigos  foram Glorinha e Carlinhos Bergamini, moradores  de Palmeiras, local onde ficava o Colégio dos seus sonhos...espantava-se por não estudarem lá e perguntou-lhes o motivo...responderam-lhe que seria impossível,já que sempre estudaram juntos e lá era uma escola só de meninas.
    Com o tempo fez outras amizades,acostumou-se com a escola e as professoras...estava mais adiantada que eles,pois estudara em um colégio de regime severo e exigências maiores.Fez a terceira série com tranquilidade e passou para a quarta com notas excelentes.Um fato a marcou naquele ano:o recreio era de meia hora e brincavam todos juntos,meninos e meninas...sua convivência com os meninos era mínima,preferia brincar com as meninas.Um dos meninos,um dia,durante o recreio tentou beijá-la e ela,revoltadíssima bateu-lhe com a lata de biscoitos que era sua merendeira.Foi um drama,o menino começou a chorar e ela ficou de castigo,sem recreio até o final da semana...

     Era uma lata parecida com esta...coisas de criança acostumada a brincar só com meninas,mas o pai do menino era colega de seu pai no Banco e isto lhe rendeu um castigo em casa também.
    E sua vidinha transcorria em paz,brincava à noite com as meninas da vizinhança e no final das brincadeiras,iguais às de Pouso Alegre ,só que com sotaque diferente...teve que aprender novamente a falar.No final das brincadeiras,sentavam-se na calçada e ela contava histórias,intermináveis histórias para as amigas que nunca tinham ouvido falar em Branca de Neve,Cinderela,O Gato de Botas,Cachinhos de Ouro,Joãozinho e   Maria e tantas outras...era o seu momento artístico,pois contava e representava e floreava,feliz da vida,vendo a alegria naqueles rostinhos.E quando se deitava eram estes rostinhos que a faziam dormir,enlevada,enternecida, plena.
       Foi nesta época que cumpriu a promessa de sua avó materna...fez a primeira Comunhão e para tal,viajou para Carangola,onde estavam morando os avós paternos...isso mesmo,foi rever os avós queridos a tia linda e carinhosa,os tios e primos,a sua família amada.O avô havia vendido o Armazém de café e comprara um restaurante/bar em Carangola...que maravilha,teria chocolate e balas de graça!!!            Outra viagem,desta vez de automóvel com o avô dirigindo...lindo o carro, mas o cheiro de gasolina era terrível e seu estômago quase ficou perdido naquela estrada...
       A igreja era de Sta Luzia e a tia lhe fez o vestido,branco,comprido e bordado com  vidrilhos  e paetês...uma noiva,assim ela se sentia,só, atravessando a nave da Igreja ,com todos a olhá-la ...e depois a festa,no restaurante do avô,com músicos a tocar,doces feitos pela avó,salgados e um bolo...era o mais bonito que ela havia visto em toda a sua vida.  E todos os primos   ali reunidos,os tios felizes,compartilhando com ela,até o bisavô estava presente...que felicidade!!!
        Foram dias mágicos os que ela passou em Carangola...voltou para casa reabastecida de felicidade...foi nesta época que aprendeu a guardar os momentos em seu coração(provisão de felicidade)e lustrá-los todas as noites,para que estivessem sempre prontos,quando os dias não fossem tão amenos...
        Terminou a quarta série em Ponte Nova  e pouco tempo depois recebeu a notícia de
que a querida vovó Alzira estava doente...o pai pediu transferência para Carangola,para junto dela ficar,mas não houve tempo...foi às pressas para lá e ainda conseguiu encontrá-la com vida,e durante dois dias assistiu a sua agonia,até que ela se foi...este foi para ela o dia mais triste de sua vida,ficou durante muitos dias com uma cartinha que a vózinha lhe havia escrito,dentro de sua pasta da escola e,sempre que podia,lia um pouquinho,desejando estar mais um pouquinho com ela.
             E novamente o tempo correu,célere...a transferência que o pai havia pedido,foi concedida,agora sem necessidade...e não para Carangola,para Muriaé...
Outra mudança...outro trem...nova estação...........................................................................

        AMIGOS,vou embarcar neste trem,mas voltarei...



5 comentários:

Roselia Bezerra disse...

Boa tarde de Domingo, querida amiga Leninha!
Quer me matar de emoção, amiga?
Tafetá ..
Tranças. ..
Biscoitos Aymoré...
Bolo de noiva confeitado?
Meu Deus, o que é isso?
Um retorno ao tempo?
Cristaleira na sala, com cristais autênticos e bem cuidados os móveis que lustrávamos com o peroba...
Ah! Éramos felizes e nem imaginávamos o quanto, amiga.
Aqui tive que me emocionar e muito: Provisões de Felicidade...
Só não nos mudamos até eu sair para minha própria casa.
Escreve tão bem minha amiga... Nem precisava dizer.
Tenha dias abençoados e muito felizes!
Bjm carinhoso e fraterno de paz e bem

Leninha Brandão disse...

Minha querida amiga Rosélia,
não imagina a luta que foi republicar esta parte das minhas memórias. Estou precisando de umas aulas sobre formatação... tentei editar, não consegui e, finalmente me rendi.Seja o que Deus quiser!
Peço desculpas pela dificuldade de leitura e agradeço a você a paciência de ler este emaranhado de letras de tamanhos e feitios diversos.
Muito grata, minha querida!!!

chica disse...

Muito legal te acompanhar. Embarca no trem e desce na estação certa,rs bjs, te esperamos! chica

Roselia Bezerra disse...

💐🙏😘

Dalva Rodrigues disse...

Tantas transformações para uma menininha ainda e ela sempre se mostrando corajosa e enfrentando as novidades, alegrias e tristezas da vida.
Leninha, eu solto faíscas por aqui com formatação, parece que está tudo igual , quando visualizo vejo trechos com outras fontes e maior ou menor...Estou no time! :D

Minha querida e linda sobrinha Marcela, A vida é uma eterna ciranda a nos conduzir prá lá e pracá... e em uma destas voltas viemos para Tere...

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