SONHOS E ENCANTOS

SONHOS E ENCANTOS

terça-feira, julho 18, 2017

Memórias  de uma senhorinha

E nossa senhorinha, enfim recebeu o telefonema que avisava da chegada de sua família...  o  coração , repleto de alegria, parecia não lhe caber no peito. Contava as horas que faltavam para abrir a porta e abraçar os entes tão queridos.Ansiava por escutar a buzina tocando alegremente.O filho mais novo ela já havia trazido consigo e fora também uma viagem surpreendente deste o início.
Dudu havia pedido que levassem a sua bicicleta e dentro do carro (uma Variant espaçosa , porém pequena para comportar a bagagem e ainda uma bicicleta. O irmão e Drinha (padrinho e madrinha do filho) tentaram prendê-la na parte detrás do carro, mas em vão foram todos os esforços...não havia como segurá-la. Aos prantos Dudu entrou no carro e em pranto passou a viagem... parou ao chegarem em Barbacena para lancharem e retomou o choro tão logo o carro se pôs em movimento. De nada adiantavam os pedidos e nem mesmo a doce voz da mãe o faziam interromper o choro. Foi um alívio quando chegaram em casa e ela pediu a um menino, irmão de um amigo, que a ele explicasse que poderiam alugar bicicletas e passear à vontade nas poucas ruas planas da cidade repleta de ladeiras. E a alegria voltou a brilhar nos olhos daquela criança tão doce e que, dificilmente, se aborrecia com alguma coisa.

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E enfim chegou o dia tão esperado e aconteceu o que nossa senhorinha havia previsto... todos reclamando do frio e das janelas basculantes que deixavam passar o ar gelado em sua junções. O irmão então teve a brilhante ideia de colocar jornais embolados em todas as frestas e todos os dias era aquela obrigação, todos ajudando e a história do frio passou a ser uma farra para todos eles. 
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Vamos deixar a nossa senhorinha curtindo a sua família e a sua alegria.Eu vou, mas eu voltarei, viu?


Leninha Brandão


quarta-feira, julho 12, 2017

Memórias de uma senhorinha


Inverno se aproximando e as férias tão esperadas também. Nuvens corriam como flocos de algodão (doce?) pertinho de sua janela. Os pensamentos também corriam e a proximidade da chegada da mãe, dos irmãos e dos filhos se afigurava um tanto tenebrosa pela reação que temia. Acostumados às temperaturas amenas do inverno em Muriaé e no Rio de Janeiro, como reagiriam àquele frio e àquelas “simpáticas” Nuvenzinhas. Ela achava lindo acordar pela manhã e avistar o céu quase ao alcance de sua mão...era uma Pollyana, lembram-se? E o “jogo do contente” sua distração preferida.


Providências foram tomadas para amenizar um pouco o frio... mantas , cobertores e edredons enfeitavam lindamente as camas e o improvisado sofá da sala. ( Dois estrados cujos colchões estavam revestidos de um macio veludo de algodão e muitas almofadas). Cores fortes e quentes coloriam as camas e traziam um pouco de sol para dentro de casa, iluminando os ambientes.

 .Nas paredes , colchas à guisa de panôs davam um toque alegre e um tanto hippie à decoração.

Mister se fazia providenciar casacos (mantôs ou manteaux como se dizia antigamente) para ela e para a Drinha...recorreram à secretária que lhes indicou o seu alfaiate e uma loja em São João Del Rei onde encontrariam lãs da melhor qualidade. E para lá se dirigiram alegremente em busca de uma lã macia e aconchegante . Em lá chegando se deslumbraram com a variedade e com a qualidade dos tecidos.Uma boa escolha foi feita...lãs de padronagens semelhantes porém cores diferentes...verde para a Drinha e marrom para nossa senhorinha.No dia seguinte levariam para o Sr Alfaiate, muito bem recomendado por todos , inclusive pelos vendedores da loja.Uma surpresa as aguardava: o ar solene do profissional. No momento em que começou a "tirar as medidas", um susto...ele caiu de joelhos aos seus pés para medir o comprimento do casaco de nossa senhorinha que o queria um pouco abaixo dos joelhos. Mas concordaram que deveria mesmo ser um "expert" no assunto uma vez que tão inusitado procedimento nunca haviam presenciado.

No dia aprazado foram experimentar os casacos e que decepção!!! As mangas haviam ficado curtas e as cavas muito apertadas, o que as colocava em uma verdadeira "camisa de força", limitando-lhes os movimentos e sem o menor espaço para ampliar a costura. E o Sr alfaiate ali , vangloriando-se de sua obra prima. Nada lhes restava a não ser pagar o valor combinado e levar para casa o sonho destruído. Um dia, muitos anos depois, haveriam de rir desta situação, porém no dia não havia nada cômico no acontecido.

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Vamos deixar nossas amiguinhas a chorar as suas pitangas e dar um tempo para assimilarem a sua mágoa.

Estou indo.Mas voltarei, com certeza!!!


Leninha Brandão

sábado, julho 08, 2017

Memórias de uma senhorinha

Encontrando novos sonhos


E nossa amiguinha seguia seus caminhos e fazia novas amizades. Era de seu feitio conviver com várias pessoas e ampliar seus horizontes...o que era fácil de ser realizado neste local paradisíaco.
Hoje olho pela janela de minha alma e a vejo, trilhando as ladeiras de sua mente incansável e florindo a sua alma com novos aromas e sensações . Por detrás de sua aparência calma e tranquila um vulcão de sentimentos e curiosidade ...e queria saber de tudo o que se referia à nova cidade e aos seus arredores.
Na pensão de Dona Elzi conheceu um senhor, proprietário de uma fazenda e um verdadeiro ermitão...ia à cidade somente para adquirir o estritamente necessário à subsistência em seu refúgio. Dizia-se que após ter perdido o pai, a mãe e a esposa, havia se recolhido à fazenda e ao seu mundo particular... tinha seus cães e seus bois, sua plantação de flores e cereais, seus discos e era feliz com a sua existência, nunca perturbada por estranhos. Mas , há sempre um mas em todas as histórias, não é mesmo?, e ele fez amizade com nossas amigas, nunca imaginando que ela , a nossa senhorinha, nunca se contentara em saber apenas um pouquinho da vida dos amigos.
E aqui faço uma pausa para lhes pedir que não critiquem  este lado curioso e até mesmo ”invasivo” de sua personalidade...era , lembram-se?, uma faceta de seu temperamento que nunca ninguém havia conseguido represar. Colocar diques em águas caudalosas seria até mais fácil...
Feita a devida ressalva, voltemos aos fatos. O senhor ermitão as convidou para uma visita à fazenda e ela, prontamente aceitou sem mesmo saber se a amiga Drinha gostaria desta aventura. Por que uma aventura?  A fazenda era bem distante da cidade, o acesso  difícil e perigoso por uma estrada cortada por riachos , cujo percurso seria mais adequado para um jeep ou uma camionete com tração nas quatro rodas. Na época possuíam um fusca , valente na realidade, mas nada apropriado para esta empreitada.
E chegou o esperado dia, um sábado ensolarado e radiante. E radiante e ensolarada estava nossa senhorinha ao preparar a cesta de piquenique e as guloseimas para a viagem. Bem cedinho pegaram a estrada e com o som do carro ligado, iniciaram o percurso. A estradinha era estreita e pedras se misturavam ao saibro que cantava sob o impacto dos pneus...passaram bem pelo primeiro riachinho que brilhava ao sol. Paravam de vez em quando para fotografar a beleza da paisagem e assimilar o encanto e o sabor daquele dia tão especial. Após duas horas de viagem, pararam em uma acolhedora sombra de uma árvore e degustaram algumas frutas...ao longe avistavam algumas fazendas e sítios e chaminés soltavam a fumaça característica do preparo do almoço nestas casas.
Alma acolhida pelo caminhar nas horas e na beleza, passearam a alegria e voltaram ao carro e à espera que o destino estivesse próximo. Latidos de cachorros cada vez mais próximos indicavam a aproximação  ...e após uma curva surgiu a fazenda tal qual a imaginavam. Um último regato a transpor e estariam lá. Passaram por ele  desceram do carro e chegaram a uma porteira que mostrava do lado de dentro três enormes e furiosos cães. Ameaçadores e mostrando seus dentes , latiam loucamente o que as fez dar meia volta e voltar para o carro, com os cachorros em seu encalço.  O dono da casa apareceu então e dominou os cães ,levando-os para um canil e fechando a porta de ferro do mesmo. Após isto veio ao encontro das amedrontadas visitas que estavam encolhidas dentro do veículo, já pensando em fazer o percurso de volta. Após o pedido de desculpas conduziu- as para a casa e as acolheu com uma belíssima mesa de almoço e uma seleção magnífica de LPs. ( Long Play) .
Uma tarde agradável finalizou o passeio e à noitinha voltaram para a cidade, cansadas e felizes, prometendo ao anfitrião que voltariam mais vezes, contanto que prendesse antes de sua chegada os temidos cães.

E mais uma aventura de nossa senhorinha chega ao final.

Eu vou, mas retornarei!!! Com certeza




Leninha Brandão





Minha querida e linda sobrinha Marcela, A vida é uma eterna ciranda a nos conduzir prá lá e pracá... e em uma destas voltas viemos para Tere...

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