Memórias de uma senhorinha
Encontrando
novos sonhos
E nossa amiguinha seguia seus caminhos e fazia
novas amizades. Era de seu feitio conviver com várias pessoas e ampliar seus horizontes...o
que era fácil de ser realizado neste local paradisíaco.
Hoje olho pela janela de minha alma e a vejo,
trilhando as ladeiras de sua mente incansável e florindo a sua alma com novos
aromas e sensações . Por detrás de sua aparência calma e tranquila um vulcão de
sentimentos e curiosidade ...e queria saber de tudo o que se referia à nova
cidade e aos seus arredores.
Na pensão de Dona Elzi conheceu um senhor,
proprietário de uma fazenda e um verdadeiro ermitão...ia à cidade somente para
adquirir o estritamente necessário à subsistência em seu refúgio. Dizia-se que
após ter perdido o pai, a mãe e a esposa, havia se recolhido à fazenda e ao seu
mundo particular... tinha seus cães e seus bois, sua plantação de flores e
cereais, seus discos e era feliz com a sua existência, nunca perturbada por
estranhos. Mas , há sempre um mas em todas as histórias, não é mesmo?, e ele
fez amizade com nossas amigas, nunca imaginando que ela , a nossa senhorinha,
nunca se contentara em saber apenas um pouquinho da vida dos amigos.
E aqui faço uma pausa para lhes pedir que não
critiquem este lado curioso e até mesmo
”invasivo” de sua personalidade...era , lembram-se?, uma faceta de seu
temperamento que nunca ninguém havia conseguido represar. Colocar diques em
águas caudalosas seria até mais fácil...
Feita a devida ressalva, voltemos aos fatos. O
senhor ermitão as convidou para uma visita à fazenda e ela, prontamente aceitou
sem mesmo saber se a amiga Drinha gostaria desta aventura. Por que uma
aventura? A fazenda era bem distante da
cidade, o acesso difícil e perigoso por
uma estrada cortada por riachos , cujo percurso seria mais adequado para um
jeep ou uma camionete com tração nas quatro rodas. Na época possuíam um fusca ,
valente na realidade, mas nada apropriado para esta empreitada.
E chegou o esperado dia, um sábado ensolarado e radiante.
E radiante e ensolarada estava nossa senhorinha ao preparar a cesta de
piquenique e as guloseimas para a viagem. Bem cedinho pegaram a estrada e com o
som do carro ligado, iniciaram o percurso. A estradinha era estreita e pedras
se misturavam ao saibro que cantava sob o impacto dos pneus...passaram bem pelo
primeiro riachinho que brilhava ao sol. Paravam de vez em quando para
fotografar a beleza da paisagem e assimilar o encanto e o sabor daquele dia tão
especial. Após duas horas de viagem, pararam em uma acolhedora sombra de uma
árvore e degustaram algumas frutas...ao longe avistavam algumas fazendas e
sítios e chaminés soltavam a fumaça característica do preparo do almoço nestas
casas.
Alma acolhida pelo caminhar nas horas e na beleza,
passearam a alegria e voltaram ao carro e à espera que o destino estivesse
próximo. Latidos de cachorros cada vez mais próximos indicavam a
aproximação ...e após uma curva surgiu a
fazenda tal qual a imaginavam. Um último regato a transpor e estariam lá.
Passaram por ele desceram do carro e
chegaram a uma porteira que mostrava do lado de dentro três enormes e furiosos
cães. Ameaçadores e mostrando seus dentes , latiam loucamente o que as fez dar
meia volta e voltar para o carro, com os cachorros em seu encalço. O dono da casa apareceu então e dominou os
cães ,levando-os para um canil e fechando a porta de ferro do mesmo. Após isto
veio ao encontro das amedrontadas visitas que estavam encolhidas dentro do
veículo, já pensando em fazer o percurso de volta. Após o pedido de desculpas
conduziu- as para a casa e as acolheu com uma belíssima mesa de almoço e uma
seleção magnífica de LPs. ( Long Play) .
Uma tarde agradável finalizou o passeio e à
noitinha voltaram para a cidade, cansadas e felizes, prometendo ao anfitrião
que voltariam mais vezes, contanto que prendesse antes de sua chegada os
temidos cães.
E mais uma aventura de nossa senhorinha chega ao
final.
Leninha Brandão
3 comentários:
Gostando da leitura e de te acompanhar. Bjs praianos, chica
Obrigada, minha querida " Chica da praia". Aproveite bastante!!!
Leninha, bons tempos onde podíamos ter uma aventura assim, sem medo...sem medo de conhecer as pessoas e seus mundos.
Beijos!
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