SONHOS E ENCANTOS

SONHOS E ENCANTOS

segunda-feira, julho 30, 2012

MEMÓRIAS DE UMA SENHORINHA



Uma cidade rodeada de montanhas,com bucólicas estradinhas de chão a nos remeter para outros tempos,outros dias...

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E eram outros os tempos nos quais a nossa senhorinha se iniciava na vida campestre.

Todas as manhãs a visita ao curral para ver a ordenha e beber o leite fresquinho...mais tarde ir até a casa dos colonos,de camionete com o sogro e o marido,em busca do produto da colheita:milho,feijão ou café.E almoçavam lá mesmo,aquela comidinha gostosa,feita no fogão à lenha e era um desfilar de iguarias às quais ela não estava habituada,mas que passou a apreciar:canjiquinha com costelinha de porco,frissura de porco com angu(o angu era completamente diferente daquele ao qual  estava acostumada,era feito com fubá moído lá mesmo,em moinho de pedra e o sabor era muito melhor)cabrito ensopado,ora pro nobis,frango ao molho pardo e tantas outras comidinhas tipicamente da roça.Até o arroz era diferente,socado no pilão e com um sabor e uma cor totalmente diferentes.
E as sobremesas...um capítulo à parte,doce de mamão verdinho,doce de laranja,de abóbora com coco,de figo e arroz doce...ficavam em latas de óleo enormes,com tampa de madeira.Uma orgia gastronômica! 

E as pessoas,tão cordiais,tão hospitaleiras,com uma meiguice,uma ternura,um querer bem espontâneo e simples,um se entregar à amizade com singeleza e graça,que a comoviam e mexiam com suas emoções.

E na volta para casa,a amizade da sogra e do sogro que a tratavam como se filha deles fosse aquela menina de sentimentos transparentes e alegria contagiante.
O sogro e a sogra


E a sisudez de ambos se derretia diante daquele sorriso que habitava aquele rosto permanentemente. E ela gostava deles,retribuia aquele afeto com toda a ternura de um coração ainda de criança.Seus repentes divertiam os dois...sua paixão pela música que a fazia andar de baixo para cima com uma eletrolinha à pilha que era o seu xodó,ouvindo suas trilhas sonoras de filmes,sua mania de subir os pastos cantando,suas caminhadas pelas "românticas"estradinhas,o seu modo de tratar os colonos e as empregadas da casa.Neste ponto a sogra não concordava muito,a intimidade com a cozinheira que a chamava pelo nome,com a simplicidade e ingenuidade próprias das pessoas simples a incomodava e ela ensinava que não poderia haver esta liberdade,teriam que chamá-la por Dona Leninha.
Outro ponto com o qual não concordava era que ajudasse na arrumação da casa, no colocar a mesa e,principalmente em encerar a sala de estar e o quarto.Era por ela considerado algo inaceitável,uma dona de casa conversar com os empregados...isto era norma da época e das famílias dos coronéis.Conversar, somente sobre trabalho.
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Os sogros passeavam muito,gostavam de ir à Araxá e na casa havia várias fotos destas viagens.Uma delas mostrava a cunhada, o sogro,a sogra e o filho,seu futuro marido,antes do casamento.

Em outra, o cunhado,o sogro e o marido todos muito sérios e
compenetrados...
E no meio desta seriedade toda,a alegria de uma pessoa jovem de idade e de espírito,foi como uma chuva de verão,um sol de primavera,a iluminar aqueles semblantes e aquelas almas.O sogro era um homem bom,trazia no coração uma luz e na mente uma lembrança de uma história familiar bonita,que ele gostava de relembrar.E tinham longas conversas sobre a sua infância em uma fazenda perto de Viçosa,os seus estudos no Colégio Andrés,onde uma educação primorosa o preparou para a vida,enquanto que a perda do pai,ainda jovem o fortaleceu e deu ânimo para educar as irmãs em um Colégio de freiras em Ponte Nova.E nossa amiguinha se deliciava com estas confidências que aquele homem, em menino transformado,lhe fazia na varanda da casa,enquanto a lua lhes fazia companhia.Conheceu a esposa em uma das suas viagens com os seus tropeiros pelas bandas de Muriaé.E dela se apaixonou,e com seu cavalo passava defronte à sua casa,cumprimentando-a com um elegante gesto de chapéu,todos os dias.Um dia pediu para entrar e a família o recebeu com um certo desagrado...eram todos advogados e um fazendeiro não estava em seus planos para a primôgenita.O pai da sua amada era um famoso tabelião e não se entusiasmou com o futuro genro,mas a filha já estava apaixonada e nada pode fazer...aceitou o pedido de casamento e em alguns meses,ela preparou o enxoval.O casamento foi um acontecimento memorável,com a noiva em uma carruagem enfeitada por rosas seguindo por baixo de arcos de flores do campo,até a entrada da Igreja.  Vou deixá-los,a imaginar um belo cortejo,com damas e pajens e toda a pompa e circunstância... voltarei na próxima semana,se Deus quiser.    

segunda-feira, julho 23, 2012

Memórias de uma senhorinha



O ENCANTO NOSSO DE CADA DIA!

Ainda bem que o tempo passa! Já imaginou o desespero que tomaria conta de nós se tivéssemos que suportar uma segunda feira eterna?
A beleza de cada dia só existe porque não é duradoura. Tudo o que é belo não pode ser aprisionado, porque aprisionar a beleza é uma forma de desintegrar a sua essência. Dizem que havia uma menina que se maravilhava todas as manhãs com a presença de um pássaro encantado. Ele pousava em sua janela e a presenteava com um canto que não durava mais que cinco minutos. A beleza era tão intensa que o canto a alimentava pelo resto do dia. Certa vez, ela resolveu armar uma armadilha para o pássaro encantado. Quando ele chegou, ela o capturou e o deixou preso na gaiola para que pudesse ouvir por mais tempo o seu canto.
O grande problema é que a gaiola o entristeceu, e triste, deixou de cantar.
Foi então que a menina descobriu que, o canto do pássaro só existia, porque ele era livre. O encanto estava justamente no fato de não o possuir. Livre, ele conseguia derramar na janela do quarto, a parcela de encanto que seria necessário, para que a menina pudesse suportar a vida. O encanto alivia a existência...Aprisionado, ela o possuia, mas não recebia dele o que ela considerava ser a sua maior riqueza: o canto!
Fico pensando que nem sempre sabemos recolher só encanto... Por vezes, insistimos em capturar o encantador, e então o matamos de tristeza.
Amar talvez seja isso: Ficar ao lado, mas sem possuir. Viver também.

Pe.Fábio de Melo

Por enquanto,nossa senhorinha está cantando,livre e solta...faz suas descobertas e se encanta com o encanto de cada dia...um sonho ela vive e se apropria dos momentos e de cada minuto,saboreando alegrias como frutas maduras e suculentas,urdindo belezas como se um tear mágico possuisse,espreguiçando flores e dormindo luares... 

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      E ela ia de espanto em espanto...e se maravilhava...o quarto dos sogros,também finamente decorado,com uma bela mobília de cedro e desta se destacando o enorme guarda roupa com três belíssimos espelhos em bisoté,francês legítimo...



Parecido com este da foto,apenas mais claro,era um imponente armário e dominava o ambiente.



O banheiro era uma verdadeira sala de banhos,com uma banheira antiga,de louça,torneiras redondas e decoradas,um primor.

 E ela se recordava da casa da avó,e de suas dores de cabeça quando os filhos viajavam...só melhorava após um banho prolongado de banheira.E sentia saudades daquela infância tão feliz e despreocupada..
Continuando a percorrer a casa,com os olhos de nossa senhorinha,vamos encontrar mais quatro quartos:um ao lado .da sala de estar,com uma cama patente de solteiro e outro ao lado deste(antiga sala íntima da sogra,onde ficavam o seu piano e um jogo de cadeiras de palhinha com um fino trabalho de marchetaria*)ocupado por uma cama de casal,também patente...não sei se todos conhecem as camas patentes,mas na época eram muito usadas.

  
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*Esta mobília da sogra foi levada para Muriaé,para a casa da cidade...os "coronéis" gostavam de ter uma casa na cidade e outra na roça...a sogra habitou a casa da fazenda por pouco tempo.De saúde delicada,diabética,temia ficar tão longe da cidade e da família paterna.(as estradas não eram asfaltadas e quando chovia ficavam intransitáveis)
Voltando à sala íntima...com a mudança da sogra para a cidade o que era sala passou a ser quarto de hóspedes e por este motivo uma cama patente de casal foi alí colocada.
Mais dois quartos possuía a casa,com portas para a sala de jantar:o primeiro,com duas camas de solteiro e o segundo com um divã e uma geladeira,à gás de querosene.Não poderia ser elétrica,pois a luz da fazenda era desligada todos os dias por ser de corrente alternada.E o sogro todas as noites gritava para o fiel colono que morava ao lado da serraria:
"-Otávio,limpa a grade!!!"e logo depois:"-Otávio,liga a luz!!!
E com a luz ligava-se o rádio e a casa se enchia de música...e os colonos mais chegados vinham para a casa da fazenda afim de jogar o "Truco"e gritavam, fazendo uma enorme algazarra e nossa menina se divertia com isto...não havia televisão e a diversão era esta.


A cidade de Miradouro era também o seu motivo de diversão,com suas "vendas "antigas,balcões de madeira e uma infinidade de artigos em um mesmo estabelecimento comercial...tecidos,panelas,brinquedos,cadernos e uma pessoa só, para atender aos fregueses.
E as padarias,com suas caçarolas italianas(a de Dona Adelina,do sêo Brás,era a mais famosa,uma maravilha de se comer de joelhos).Os pães,deliciosos,de milho,sovado,italiano e vários outros,todos "de verdade",farinha pura sem os aditivos que hoje se colocam.

        A Praça Sta Rita,como de Sta Rita era também a linda Igreja, no alto ,abençoando a cidade...cidade que mais parecia um presépio,linda e pequenina,com seus moradores simpáticos e que a acolheram com o seu carinho e sua hospitalidade.

E muitas,muitas flores nos jardins da encantadora Praça,da qual ela se iria recordar quando a melodia com este nome foi lançada:
"A mesma praça,o mesmo banco,as mesmas flores e o mesmo jardim..."
À tardinha,as pessoas alí se reuniam e era como que uma revoada...as crianças brincando e os adultos proseando como se o tempo houvesse parado...os beija flores e as borboletas em torno das flores,o sino da Igreja tocando as Ave Marias,uma vida de sonho ou um sonho de vida?

Vamos deixar a nossa senhorinha na praça,usufruindo de uma beleza que parecia ser eterna e uma pausa faremos...

Semana que vem estaremos aqui.
                     Bjsssssssss
Fonte:Hierophant

segunda-feira, julho 16, 2012

MEMÓRIAS DE UMA SENHORINHA







E o sonho,ah, o sonho continuava...e ela não queria despertar,borboleta fora do casulo, o que mais queria era voar...


E,após as festividades em homenagem ao Presidente  de Portugal,não havia mais sentido em continuarem em um hotel no centro da cidade,muito lindo,muito confortável,mas distante do mar que ela tanto amava.Por sugestão do cunhado,que passou a ciceroneá-los,mudaram-se para o Luxor Hotel,em Copacabana,de frente para o mar e próximo a cinemas e teatros.


Postado por SAUDADES DO RIO em 06/10/2008 07:02

HOTEL LUXOR - 1957
.
Em 1957, há 51 anos, realizou-se no Rio o 11º Campeonato Mundial de Basquetebol Feminino.

Na fotografia vemos duas integrantes do time da Hungria que, segundo reportagens da época, chamaram a atenção por freqüentarem a praia de Copacabana com maiôs de duas peças.

Provavelmente a delegação húngara estaria hospedada no Luxor Hotel, que se vê ao fundo, situado na Avenida Atlântica entre as ruas Figueiredo Magalhães e Santa Clara.

Atualmente a fachada principal do Luxor Hotel está bem diferente desta que vemos na foto, não tendo mais as varandas.

Podemos observar que o paredão de prédios ainda não estava completo, com espaços livres entre as construções que permitem a visão dos prédios da Rua Domingos Ferreira.


Com o cunhado conheceram os melhores restaurantes,os melhores cinemas e teatros e visitaram os pontos turísticos mais interessantes da cidade.

A confeitaria Colombo,deslumbrante,com seus espelhos e sua decoração art nouveau era um ponto alto nas atrações da época.
Entre 1912 e 1918 os salões do interior da confeitaria foram reformados, com um toque Art Nouveau, com enormes espelhos de cristal trazidos da Antuérpia, emoldurados por elegantes frisos talhados em madeira de jacarandá. Os móveis de madeira do interior foram esculpidos na mesma época pelo artesão Antônio Borsoi.
 Os cafés e confeitarias eram tradicionais pontos de encontro da sociedade e de intelectuais (VELLOSO, 2000). A tradicional Confeitaria Colombo abriu filial na Avenida Nossa Senhora de Copacabana em 1945.
A repressão do Estado Novo fechou bares e clubes musicais na Lapa e arredores, logo os freqüentadores dessa vida noturna, isto é, os músicos, poetas, jornalistas e boêmios gradualmente migraram para Copacabana, que já abrigava diversos locais importantes de sociabilidade, especialmente com o glamour e agitação dos cassinos e o intimismo das boates e nightclubs. A maioria dessas casas noturnas pertencia:
A homens de negócios, a homens que querem mais do que nada lucro, lucro e lucros. Então alguns atropelam, fazendo do uísque uma mistura rala e multiplicada, para que seus bolsos encham. Em Paris, parece, há mais de diferente neste espírito noturno. O homem da noite paga alto para ver coisas que realmente valem seus preços e nunca por um cartaz sem cartaz, ou um “show” mambembe, de mau gôsto e de mau jeito.



E os cinemas...
Na primeira década do século foi inaugurado o primeiro cinema do bairro na Praça Serzedelo Correa. Em 1910, foi aberto o Cinema Copacabana, o Cinema Atlântico, em 1920 e o Cinema Roxy inaugurado em 1937. Na década de 1940, o Atlântico foi rebatizado como Ritz, além da inauguração das novas salas: Metro, Rian, Alvorada, Caruso, Ricamar e Riviera. A partir de 1957, a Galeria Alaska abrigou dois cinemas, o Alaska e o Royal, além do restaurante alemão no subsolo, o Katacombe, que posteriormente virou nightclub.

O primeiro filme a que assistiu:Morangos Silvestres.
Dirigido por Ingmar Bergman,este filme sueco a impressionou e marcou por muitos anos.
Outros viriam,era apaixonada por cinema...


  

No caminho da Universidade de Lund, onde receberá um prêmio pelos 50 anos  de carreira, o professor de medicina Isak Borg (interpretado pelo cineasta Victor Sjöstrom) relembra os principais momentos  de sua vida, temendo a morte que se aproxima. 

Vários outros a encantaram,Sissy,a Imperatriz;Sissy e seu Destino;Em cada coração uma saudade,e muitos,muitos mais...
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E a viagem estava chegando ao fim...outra começaria,uma viagem à vida real,temida por ela por ser uma experiência totalmente nova...a menina de caracóis,transformada em dona de casa e fazendeira.

Vamos conhecer a casa onde tudo começaria...no interior das Minas Gerais,distante apenas quinze minutos (de charrete)da simpática cidadezinha de Miradouro.Só tenho esta foto,da casa ainda em construção...à varanda foi acrescentada uma bela escada e um balaústre de madeira torneada.Ao redor da casa um terreiro de café e coqueiros à toda volta.E foi assim que nossa senhorinha conheceu a casa,já pronta,com um jardim à sua frente,o terreiro de café e os coqueiros.
A saleta de entrada exibia uma pintura executada por um famoso pintor da região.As janelas da frente(3)e as duas do lado esquerdo eram do quarto do casal,enorme,com uma ante sala...uma pia de louça delicadíssima,com desenhos finamente criados,era o destaque deste cômodo.Aliás,todos os aposentos da casa contavam com um lavatório deste mesmo calibre.
Após a saleta,adentrava-se a uma sala de jantar,esmeradamente pintada com uma barra imitando madeira e um rodateto com pinturas de delicadas flores.
No meio do aposento,destacava-se a mesa,imensa,com 12 lugares...uma cristaleira toda espelhada,logo atrás e um outro móvel,uma espécie de aparador com tampo de mármore cinza e um espelho...um corredor,saía desta sala e ia ter na cozinha,com um enorme fogão à lenha reinando,absoluto,no centro e uma outra mesa,um pouco menor que a da sala,no canto direito...prateleiras rodeavam a cozinha,com as panelas de ferro,os enormes caldeirões,o moinho de café,a máquina de moer carne e o torrador de café,uma traquitana antiga à qual ela ainda não havia sido apresentada...ah, e o velho machambombo(ferro de passar roupa à carvão).
Imaginem o choque de nossa amiguinha ao se aperceber como dona de uma casa tão grande,com empregadas que a olhavam espantadas...com certeza admirando-se com sua pouca idade,seu porte franzino e seu ar de cidade.


Um detalhe ficou esquecido...na sala de jantar,convivendo com a bela mobília,a um canto,uma pilha de sacos de café!!!


Eu estou indo,mas na semana que vem,estarei de volta...aguardem.
                 Bjssssssss






domingo, julho 08, 2012

MEMÓRIAS DE UMA SENHORINHA








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Bandolins





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E a nossa menina,romântica e cheia de ilusões tem a sua primeira decepção:terá que viajar para Belo Horizonte,afim de conhecer a avó do marido e seus tios que não puderam ir ao casamento.





  

Uma nova viagem  em sua vida,em um luxuoso trem,completamente diferente daqueles nos quais viajara um dia.

Depois do
Cruzeiro do Sul, do Noturno Mineiro, N-1 e N-2, do Rápido R-1 e R-2 foi
a vez dos magníficos e gloriosos trens Vera Cruz e Santa Cruz,
novamente entre o Rio de Janeiro e Belo Horizonte no caso do Vera Cruz e
entre Rio de Janeiro e São Paulo, no caso do Santa Cruz.




Foi com
assombro e grande deslumbramento que a sociedade brasileira, acostumada
com os carros de madeira e os de aço carbono da ACF, ainda que luxuosos e
sofisticados, contemplou os belíssimos carros Budd em aço inóx,
chamando os trens por eles formados de "Trem de aço", "Trem de luxo"
dentre outros .

E como a bailarina da melodia,ela se preparava para um sonho,ao som dos bandolins...e ela já começava a achar a valsa um pouco triste,apesar do aparato que a cercava.A família os esperava na grande estação.Tios sisudos e esposas orgulhosas.Sentia-se em um filme para o qual não havia sido ensaiada.

 

Era uma menina ingênua e acanhada,não estava habituada ao convívio de pessoas de alta estirpe.Os dias passados em Belo Horizonte nunca mais sairam de sua memória.

A avózinha,simpática e bondosa a acolheu com carinho e,talvez tenha se enxergado naquela menina simples e terna.Foi um bálsamo encontrá-la.

Após alguns intermináveis dias de jantares pomposos,nos quais seus lindos vestidos afiguravam-se meros trapos diante das suntuosas roupagens daquelas senhoras,chegou o dia da partida.Seu coração agradecia a Deus pelo término daquela visita supliciante.

Novamente o trem a conduziu de volta ao Rio de Janeiro,onde desta feita se hospedou no Hotel Guanabara,na Av Rio Branco.



 Localizado
na esquina da Av. Presidente Vargas e Rio Branco
bem próximo da Igreja da Candelária, Museu da
Marinha,  Museu de Belas
Artes, Museu da República,
Casa França Brasil, Teatro
Municipal
, Biblioteca
Nacional
, Câmara do Vereadores, Mosteiro
de São Bento
.


E nossa menina,visitando todos estes locais,se maravilhava com a beleza do Rio de Janeiro,capital federal na época.E uma visita célebre aportaria à cidade e do hotel ela poderia assistir às solenidades.

"Ao som dos hinos nacionais de Portugal e do Brasil, do bimbalhar
dos sinos das igrejas, do estrugir dos foguetes que sobem aos ares, das
sereias dos navios na Baía de Guanabara, desembarca no Cais do Arsenal
de Marinha o Presidente de Portugal.

Depois de 1808, quando chegou ao Rio de Janeiro o Príncipe-Regente
D. João VI, é o General Craveiro Lopes o segundo Chefe-de-Estado de
Portugal que vem visitar o Brasil". 







segunda-feira, julho 02, 2012

Minhas memórias de menina





E foi para este hotel,no centro do Rio de Janeiro que o carro fretado pelo sogro,conduziu uma menina de olhos espantados e coração sobressaltado.E os dias ali passados foram de encantamento e alegrias.Era uma criança,experimentando os vestidos e sapatos,escolhidos à dedo para a lua de mel...
.e os passeios aos lugares mais refinados,jantares em restaurantes requintados,cabeleireiros no hotel,manicures e ao redor a paisagem maravilhosa que sempre a deslumbrara.
Hotel Serrador,um endereço privilegiado,hotel das misses e dos políticos,sonho de todas as amigas.(E de nossa menina também)

O Hotel Serrador, inaugurado na década de 40 com seus 22 andares, no centro do Rio de Janeiro, foi um ícone na vida social e cultural da cidade, principalmente entre os anos 50 e 70. Mais tarde, passou a ser a sede da fundação Petros. No final da década de 80 caiu no esquecimento, e ficou desativado e abandonado por quase 15 anos.

Desde 2003, o velho Serrador está renascendo, passando por obras de recuperação e modernização. Deverá contar com 500 quartos e área de lazer na cobertura, com piscina, academia e restaurante panorâmico. A previsão do término desta obra é para o 2º semestre de 2004.
Situado em plena Cinelândia,dele se avistava a Praça Paris,onde se viam as mais belas obras de arte em escultura e um jardim impecável.Era uma época em que os jardins e praças,bem cuidados e exuberantes,eram respeitados e ainda não existiam vândalos nem pixadores...


A Praça Paris, uma das maiores da cidade, surgiu em 1929, foi erguida sobre um aterro, em princípio ia da Avenida Rio Branco e Beira Mar até a Rua da Glória, posteriormente foi encurtada para dar lugar à Praça Marechal Deodoro da Fonseca. A Praça foi concebida como uma jóia da "belle époque", construída quando era Prefeito do Distrito Federal Antônio Prado Júnior, entre 1926 e 1930. É numa das maiores concentrações de esculturas a céu aberto do país, contendo diversos bustos, estátuas em mármore das estações dos anos e um espelho d'água. Na época da construção do Metrô a Praça foi completamente destruída, mas foi reformada a partir de 1992, quando seu charme foi restaurado.
Praça Paris
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 Próximo ao Hotel destacava-se o prédio imponente da Mesbla,referência de bom gosto e refinamento.

 Instalado na torre do edifício em 1955, acompanhando a celebração do Congresso Eucarístico Internacional, o relógio eletrônico é o terceiro maior do mundo em tamanho. Seu mostrador, com nove metros e meio de diâmetro, é sustentado por uma torre de cem metros de altura. Marcava e anunciava a hora de 15 em 15 minutos e  tocava a Ave Maria pontualmente às 18 horas. Por décadas, as pessoas que ali passavam acertavam os relógios olhando para a torre da Mesbla.

    No alto do prédio havia o Restaurante Mesbla, panorâmico, e o Teatro Mesbla, local de muitos sucessos. Também no teatro, nos anos 60, a culinarista e jornalista Maria Tereza Senise - que depois ficou conhecida como Maria Tereza Weiss  - deu aulas de culinária muito concorridas, patrocinada pelo jornal O Globo, sendo um sucesso especial as aulas para crianças.
Alí faziam as refeições, no belo restaurante panorâmico,desfrutando a vista maravilhosa e os sabores delicados e finos.

 Fez questão de conhecer o Edificio Avenida que seria demolido naquele ano para a construção do Edifício Avenida Central.Uma jóia da arquitetura demolida para dar lugar ao "progresso"e a um espigão...

No blog É o Rio que mora no mar,encontrei esta referência ao Hotel Avenida,que reproduzo como curiosidade:

O Hotel Avenida - onde em seu lugar está hoje o Edifício Avenida Central -  foi um dos mais populares edifícios da Avenida Rio Branco. Ele ocupava uma quadra delimitada pela Avenida Rio Branco, Largo da Carioca, Rua São José (desaparecida neste trecho) e a antiga Rua de Santo Antônio, atual Bittencourt da Silva.

Localizado nos números 152 a 162 da Avenida Central era propriedade da Companhia Ferro-Carril do Jardim Botânico e foi construído em terreno adquirido à Fazenda Nacional por Francisco de Azevedo Monteiro Caminhoá. Tinha 3.200 metros de área total,  60 metros de frente, 22,85 metros de altura geral sobre o solo e 34,30 metros de altura máxima. 

O Hotel Avenida foi inaugurado em 1910. Tinha 220 quartos, iluminados a luz elétrica, e também oferecia aos hóspedes o conforto do elevador. Na época de sua inauguração, a diária mínima era de 9 mil réis.


O Hotel Avenida foi demolido em 1957 para dar lugar ao Edifício Avenida Central, projeto do escritório de arquitetura Henrique Mindlin, inaugurado em 22 de maio de 1961 .  

  • Uma curiosidade: 
    A destruição do hotel inspirou um longo poema de Carlos Drummond de Andrade, 
    intitulado "A um hotel em demolição", do livro A Vida Passado a Limpo, de onde reproduzo alguns versos.

"Vai Hotel Avenida,
vai convocar teus hóspedes
no plano de outra vida.
Eras vasto vermelho,
em cada quarto havias
um ardiloso espelho.
Nele se refletia
cada figura em trânsito
e o mais que se não lia
(...)
Vem, ó velho Malta
saca-me uma foto
pulvicinza efialta
desse pouso ignoto.
Junta-lhe uns quiosques
mil e novecentos
nem iaras nem bosques
mas pobres piolhentos

(...)
Velho Malta, please,
bate-me outra chapa:
hotel de marquise
maior que o rio Apa.
Lá do assento etéreo
Malta, sub-reptício
inda não te fere o
super edifício
Que deste chão surge?
Dá-me seu retrato
futuro, pois urge


E me despeço,prometendo que na semana que vem voltarei.

          Bjssssssssssss







Minha querida e linda sobrinha Marcela, A vida é uma eterna ciranda a nos conduzir prá lá e pracá... e em uma destas voltas viemos para Tere...

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