SONHOS E ENCANTOS

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terça-feira, junho 20, 2017

Memórias de uma senhorinha

                                                                                                                                                                                                                                                            

Delicadeza / contrastes

E a surpreendente beleza da cidade , o encanto da laje e o poente irresistível os conquistaram imediatamente. Sim, ela não havia exagerado...era uma explosão de cores e de sentimentos, um alternar de emoções e alegres despertares para um mundo novo e completamente diferente de tudo aquilo que já haviam vivido.

Foram para  a casa encontrar a Drinha e contar-lhe as novidades...seriam os próximos moradores  deste rincão escondido nas serras mineiras. Cláudio era médico e havia na cidade uma Santa Casa completamente desfalcada de médicos e André ,um exímio pianista...em São João del Rei , cidade voltada para as artes, um Conservatório onde poderia ministrar aulas de piano.Durante uma semana todas as providências foram tomadas. A Santa Casa não só recebeu o Dr Cláudio de braços abertos, como também ofereceu moradia...um belo bangalô bem no estilo de antigamente. 

Uma casa parecida

A visita ao Conservatório ficaria para a próxima vez.E foi uma correria para começar a mobiliar a nova casa...muitas colchas foram usadas na decoração, muitas plantas na varanda e o restante viria do Rio, onde já possuíam móveis e demais apetrechos que fazem de uma casa um lar.

E nossa amiguinha se esmerando na cozinha (não tinha muita prática, já que na fazenda as serviçais faziam tudo e ela se limitava às comidinhas dos filhos e à arrumação da casa, trabalho que sempre a fascinou). Seu prato preferido era um souflé de batata ou de queijo...mais tarde acrescentou outros ingredientes: palmito, chuchu, abobrinha, cenoura e o que mais houvesse na horta da fazenda. Mas agora não contava com uma horta...suas verduras e legumes vinham do asilo, trazidas por um menininho lourinho de olhinhos espertos e azuis.Seu apelido era Grilo e ela nunca soube seu nome verdadeiro...soube pela administradora do asilo (que também era orfanato), que ele fora deixado ainda bebê aos seus cuidados e a mãe desaparecera neste mundão de Deus e nunca mais dela tiveram notícias. Aos sábados e domingos era sagrada a visita ao Asilo ,motivo de grande alegria dos velhinhos e das crianças.
Na época as crianças possuíam uma ala separada da ala dos idosos.Hoje não sei se ainda há crianças ...

A amiga Tininha era a administradora e cuidava de todos com o mesmo carinho que dispensava ao seu jardim de cravos...belíssimo jardim que a todos encantava.

Mas eu falava das aventuras de nossa amiga na cozinha e tergiversei como de hábito.
Suas habilidades eram diminutas...um arroz de forno , que havia aprendido com a mãe, bifes abafados também da mesma origem e seus souflés, deliciosos e que agradavam sempre.
Eis que um dia, os amigos avisaram que receberiam visitas: duas amigas que moravam na Ilha do Bananal.
Nossa amiguinha resolveu rapidamente o cardápio do jantar: um belíssimo souflé  e uma salada bem colorida.
Enfeitou a casa com os cravos que a querida 
Tininha lhe enviara e preparou sucos de frutas e uma bela mesa com sua toalha de linho mais linda.
E foi com alegria que recebeu as amigas vindas de longe.
Serviu o jantar e ,como sempre acontecia, aguardou os elogios. Que não vieram, infelizmente.A única observação feita foi: 
-A entrada estava ótima! Agora vamos aguardar o prato principal...
Nossa amiga quase desmaiou...acostumara-se a servir apenas o souflé e todos sempre apreciaram.
Sepulcral foi o silêncio que sucedeu o comentário bastante infeliz.Os amigos perderam completamente o ar da graça e só foram salvos pelas palavras da Drinha: 
"-Agora serviremos o prato principal: música, comigo ao violão e vocês cantando"
E assim se encerrou a noite ao som de Bossa Nova, Samba Canção e Boleros.
E muita paz no coração de todos.

E com esta belíssima interpretação , eu me vou.
Mas voltarei, aguardem!!!









                                           Leninha Brandão



13 comentários:

chica disse...

Gostando muito de ler essas aventuras e memórias...Lindo! bjs, tudo de bom,chica

Roselia Bezerra disse...

Olá, querida Leninha!
Saudade de passar por aqui... de vc, amiga...
Vc escreve muito bem, com riqueza de detalhes como gosto...
Gosto de ler contos de antigamente...
Seja feliz e abençoada!
Bjm de paz e bem

CamomilaRosaeAlecrim disse...

Muito bom ler esses contos...
Beijos
CamomilaRosa

Lúcia disse...

Maravilhosas memórias que veem à tona para encantar a todos que delas se apoderam!Quando estou arruando, passo por aqui e me delicio! Beijo, Senhorinha Leninha!

Leninha Brandão disse...

Minha querida Chica,
Muito obrigada sempre! Estive viajando e só hoje pude postar.Mais tarde lhe farei uma visita.Amo seus blogs.
Um beijo

Leninha Brandão disse...

Rosélia querida,
Muito agradecida lhe fico .Você é muito gentil.
Um beijo!

Leninha Brandão disse...

Camomila linda, foi um prazer ver você por aqui.Muitas saudades de suas postagens! Um beijo!

Leninha Brandão disse...

Lúcia muito querida,
Saudades de sua Cadeirinha de Arruar...irei fazer uma visita rapidinho. Um beijo!

SOL da Esteva disse...

As Memórias vivas que reportas deixam um certo grau de "invejas saudáveis" pelos reportes tão enternecedores.
(Sempre) Gostei.


Beijo
SOL

Leninha Brandão disse...

Muito obrigada,meu querido Sol! Você me incentiva sempre...desde sempre!!!
Um beijo, meu querido!

Dalva Rodrigues disse...

Leninha, que saia justa, a Drica se saiu muito bem!!
Cantava muito essa música com uma amiga querida, tempo que curtíamos "fossa" rsrs
Abração e um ótimo domingo!

Zizi Santos disse...

Que delícia de conto !
parece que fui participando daquele jantar, adoro suflê
e músicas !
muito linda sua forma de recordar
bjs

Beatriz Bragança disse...

Querida Leninha
Que interessante! Como era fácil arranjar trabalho nessa época!
Só me doeu quando li que alguém que estava a ser servido, não tivesse a delicadeza de saber estar!
Uma óptima narrativa.
Um beijinho
Beatriz

Minha querida e linda sobrinha Marcela, A vida é uma eterna ciranda a nos conduzir prá lá e pracá... e em uma destas voltas viemos para Tere...

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