SONHOS E ENCANTOS

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terça-feira, julho 28, 2020

Novos Rumos

MEMÓRIAS DE UMA SENHORINHA / 





Alegria à vista!!! Uma nova escola inaugurada na cidade, trazendo novos e promissores rumos à vida de nossa senhorinha...Novas colegas, nova diretora, nova realidade!


Era o GRUPO ESCOLAR  DR OLAVO TOSTES  e sua diretora, Dna Conceição, sabia mesclar autoridade com carinho, não mais havendo aquele clima pesado da outra escola gerador de revolta e insubordinação entre os alunos.






 Nas extremidades, à esquerda, a "senhorinha" Dona Leninha e à direita, a Diretora Dna Conceição

E ela teria uma sala de primeira série, seu sonho desde que começara a lecionar.

Era uma escola pré fabricada, muito em voga na época.Estas escolas, não eram bonitas, esquentavam muito e para um clima quente , não se revelaram uma escolha ideal...mas, devido ao baixo preço e à fácil manutenção, foram adotadas em várias cidades do país.

Estas seriam as qualidades mais importantes, mas há outras que também devem ser levadas em conta:

    • Isolamento térmico, impermeabilidade e resistência ao apodrecimento;
    • Resistência ao fogo e volume estável;
    • Aptidão para ser assentado e montado de maneira fácil;
    • Pouca necessidade de manutenção e conservação;
    • Resistência elevada.
Para as jovens e idealistas professoras representavam a modernidade e a certeza da chegada do progresso.

Escola nova, novas ideias e o melhor de tudo:uma primeira série com 30 alunos, sendo que dois eram seus filhos!
E com que alegria, ela levava sua charrete, não se importando com as "pirraças" do seu Paraíso e muito menos com as implicâncias do marido..
.
Sua turminha era linda, para ela a mais bonita da escola, os livros novinhos, fornecidos pelo Estado.

 Caminho Suave, era o nome da Cartilha

Caminho Suave

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Caminho Suave é uma obra didática, uma cartilha de alfabetização, concebida pela educadora brasileira Branca Alves de Lima (1911-2001), que se tornou um fenômeno editorial. De acordo com o Centro de Referência em Educação Mário Covas, calcula-se que, desde 1948 quando teve sua primeira edição, até meados da década de 1990, foram vendidos 40 milhões de exemplares dessa cartilha.
Em 1995, Caminho Suave foi retirada do catálogo do Ministério da Educação (portanto, não é mais avaliada), em favor da alfabetização baseada no construtivismo. Apesar de não ser mais o método "oficial" de alfabetização dos brasileiros, a cartilha de Branca Alves de Lima ainda vende cerca de 10 mil exemplares por ano.

Método de Alfabetização pela Imagem

Em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, em 1997, Branca Alves de Lima relatou que quando começou a lecionar, em cidadezinhas no interior paulista, a prática pedagógica para alfabetização se chamava "método analítico". Com o fim do Estado Novo, em 1945, as autoridades do MEC chegaram à conclusão que o "método analítico" não funcionava e estava superado, e deram liberdade didática aos professores.
Foi observando a dificuldade de seus alunos, a maioria oriundos da zona rural, que Branca Alves de Lima criou o método que ela própria denominou "alfabetização pela imagem". A letra "a" está inserida no corpo de uma abelha, a letra "b", na barriga de um bebê, o "f" fica instalado no corpo de uma faca, a letra "o", dentro de um ovo e assim por diante.
Especialistas em pedagogia afirmam que "Caminho Suave" e "Sodré" (de Benedita Stahl Sodré, autora da Cartilha Sodré) são os únicos métodos realmente brasileiros de alfabetização em português. O método da cartilha Caminho Suave começa pelas vogais, forma encontros vocálicos e depois parte para a silabação. O sucesso editorial seria devido ao fato de unir o processo analítico ao sintético, facilitando o aprendizado.
        E ela pretendia que fosse mesmo suave o caminho da aprendizagem e da alfabetização daquelas crianças...não pensem com isto que ela era a professora "boazinha" das historinhas...era meiga e doce, mas sabia ser enérgica e exigente quando se tratava de disciplina, ora se sabia. Cantava, brincava, contava histórias, mas na hora do " vamos  ver", todo mundo "pianinho" porque estavam ali para aprender e isto muitas vezes incluía hábitos aos quais não estavam habituados em suas casas. Com licença, por favor e muito obrigada, não eram ensinados por muitos pais e ela fazia questão de ter alunos gentis uns com os outros e com os funcionários da escola.

Aliava ao tratamento enérgico, um carinho muito grande que se revelava nos momentos de "Histórias contadas" e Histórias Lidas", nos momentos de canções e de brincadeiras recreativas e educativas...ah, e nos desenhos nos cadernos de Dever de Casa...todos os dias levava para casa e fazia um desenho em cada um, no cabeçalho de cada caderninho! E era uma alegria para eles a surpresa diária: flores, paisagens, animais coloriam a vida e os cadernos daquelas crianças. E as excursões? Saiam em busca de beleza e a natureza era pródiga naquela cidade...a escola ficava quase no final da rua e depois deste final...o campo, a estrada e as montanhas...as fazendas, sendo que a sua era o melhor local para levá-los, havia o curral com as vacas e os bezerrinhos, a serraria, a tulha de arroz e milho e  a máquina de café (uma espécie de armazém onde se beneficiava o café) com suas enormes pilhas do mesmo.E era uma aventura para aquelas crianças escalar as pilhas de sacos e depois saltar sobre a montanha de palha de café.


E  em uma festa de Santo Antônio, a surpresa: uma camionete trazendo as filhas do Sêo Amaro Goulart para no terreiro da fazenda... uma revoada de cabecinhas louras desce e vem cumprimentá-la...uma nova fase iria ter início em sua vida, amigos novos, alegres e comunicativos, pessoas que partilhavam as mesmas ideias que ela, que sentiam as mesmas emoções ao ouvir uma melodia, que liam os mesmos livros, amavam os mesmos poetas e os mesmos cantores. 

 E o que ouviam as senhorinhas da época? Tom Jobim, Caetano Veloso, Maria Creusa, Dolores Duran, Maysa,Rita Pavoni, Elvis Presley, Peppino Di Caprio e mais outros nomes que as faziam vibrar.
E nos finais de semana passaram a se reunir em sua casa para cantar e ao som do violão de uma das amigas,iam noite adentro...
Ouça, Roberta, Nel blu dipinto  di blu, Desafinado e aquela que era a mais querida por elas, a melodia cantada pela  amada e competente Elisete Cardoso:

Modinha ( Olho A Rosa Na Janela )

Elizeth Cardoso

Olho a rosa na janela,
Sonho um sonho pequenino...
Se eu pudesse ser menino
Eu roubava essa rosa
E ofertava, todo prosa,
À primeira namorada.
E nesse pouco ou quase nada
Eu dizia o meu amor,
O meu amor...
Olho o sol findando lento,
Sonho um sonho de adulto...
Minha voz na voz do vento
Indo em busca do teu vulto.
E o meu verso em pedaços
Só querendo o teu perdão;
Eu me perco nos teus passos
e me encontro na canção...
Ai, amor, eu vou morrer
Buscando o teu amor...
Ai, amor, eu vou morrer
Buscando o teu amor...

E com esta melodia eu me despeço por hoje...na próxima semana voltarei.
                  Bjssssssssssss 

10 comentários:

Elvira Carvalho disse...

Adoro estas suas memórias.
Em Portugal antigamente era a Cartilha Maternal de João de Deus.
Abraço e saúde

Leninha Brandão disse...

Bom dia, minha querida amiga Elvira!
E eu me alegro ao saber que gosta!
Muito bom mesmo.A minha gratidão por sua presença em meu cantinho!

chica disse...

Tão lindo acompanhar tuas memórias e doces lembranças. Muito bom! Sigo levando a música nos ouvidos...bjs, chica

Roselia Bezerra disse...

Bom dia de paz, querida amiga Leninha!
Li desde ontem. Fico na doce expectativa do novo capítulo...
Sua alegria inicial no magistério inaugural faz todo sentido para quem está na vocação certa.
As escolinhas eram extensão da nossa casa.. professoras eram uma segunda mãe.
Seu livro será não só uma reminiscências sua, tem uma bagagem importante da época em que viveu muito antenada.
Dá gosto reviver algo e aprender tanta coisa pelo seu escrito tão preciso.
Continue o que iniciou em 2012, está valendo a pena ler e saborear.
Adorei a musica.
Tenha dias abençoados!
Bjm carinhoso e fraterno de paz e bem

Dalva Rodrigues disse...

Leninha, amei a foto da turma da nova escola, as calças eram maravilhosas, como vestiam bem!
A Caminho Suave era tão boa pelo menos no sentido de formar a palavra. Quando filho foi para o pré tinha 5 anos, pulou um ano porque não aguentava mais repetir as coisas, estava entediado. Fiquei com medo dele não acompanhar a turma, então antes de começar o ano letivo comprei uma Caminho Suave, ensinei duas ou três "famílias" e foi suficiente para ele compreender como funcionava, foi quase que automático.
Que belos gostos musicais, como não amar?
Abração, querida!

Leninha Brandão disse...

Oi amiga Chica!!!
Esta música embalou muitos momentos da vida de nossa Senhorinha, todos muito bons e que deixaram saudades. E a rosa na janela era o sonho de muitos...
Obrigada por seu carinho! Bjsssss 💗🌹🥀🌹🎶

Leninha Brandão disse...

Rosélia querida,
Pode esperar que vou continuar a republicar as minhas Memórias. Pelo menos enquanto existir está pandemia.
Quanto à publicação, minha querida, não sei como fazer...uma publicação por conta própria deve ficar muito pesada para o bolso de uma simples professora aposentada do Estado de Minas Gerais...
E você tem razão, muitos pais deixavam a incumbência da educação dos filhos à professora, como se fosse uma obrigação inerente à profissão.
E como éramos heróicas e devotadas, acabávamos por assumir esta parte. Hoje não dá para se agir desta maneira... crianças rebeldes, na maioria das vezes, não aceitariam está situação.
.
Um beijo carinhoso pra você, minha amiga!

Leninha Brandão disse...

Querida Dalva,
As calças eram mesmo muito lindas. Foi o auge da calça boca de sono e as pessoas ( homens e mulheres) usavam muito e alguns ainda associavam às túnicas hippies, bem coloridas e à muita Paz e Amor☮️...
Caminho Suave era a cartilha preferida da Senhorinha. Com um filho com problemas intelectuais, foi desta forma que conseguiu que ele aprendesse à ler, de forma lúdica e interessante.
E éramos todos amantes da música, dos livros e das intermináveis conversas que varavam a noite. E no dia seguinte estavam firmes em seus locais de trabalho...
Um beijo, minha querida!!!

Leninha Brandão disse...

* boca de sino

Beatriz Bragança disse...

Querida Leninha
Grande pedagoga! E como ficou bonita, na fotografia!
Gostei de ler! Descobri que gostamos dos mesmos cantores, ouvimos as mesmas músicas, que coincidência!
Um belo passeio pelo século passado, que agradeço.
Um beijinho
Beatriz

Minha querida e linda sobrinha Marcela, A vida é uma eterna ciranda a nos conduzir prá lá e pracá... e em uma destas voltas viemos para Tere...

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