SONHOS E ENCANTOS

SONHOS E ENCANTOS

sábado, junho 20, 2020

Memórias de uma senhorinha








 
Roda mundo,roda gigante 
Roda moinho,roda pião
O tempo rodou num instante
                             Nas voltas do meu coração

E o tempo, este senhor de nossas vidas, rodou de repente, como na música do Chico Buarque...

E vamos encontrar nossa senhorinha a preparar as malas com o enxovalzinho e o coração acelerado pela emoção na expectativa de sua estréia em um papel por ela ensaiado durante anos e sonhado em seus mínimos detalhes: a maternidade e com ela as perspectivas de alegrias infinitas.
Eis que chega o grande dia...  pela manhã sente uma ligeira cólica, que vai aumentando num crescendo exagerado, até que diminuem os espaços entre uma e outra e ela, que não previa uma dor tão forte (era medrosa e seu limiar para a dor sempre fora mínimo), se viu a gritar como uma criança, não se importando com as recomendações do pai e da mãe que lhe pediam calma.


Foi, aos gritos, para o hospital e lá, depois de um tempo que para ela se afigurou como uma eternidade, seu querido médico de cabelos cor de neve a enviou para a sala de parto, onde a amada enfermeira, sua vizinha e conhecida desde a infância, Dna Eva, a preparou para o parto... experiente parteira, a acalmou e com seu carinho a conduziu e orientou. E, enfim se ouviu o choro do bebê tão esperado... e com este choro, a alegria em seu coração e nos de seus pais, irmãos e de sua avó Quitita, bisavó miudinha e esperta de seu primeiro bisneto. Durante uma semana, o resguardo no hospital e depois a volta para casa, onde todos aguardavam ansiosos a sua chegada.

Já em casa, uma nova rotina em sua vida... de três em três horas amamentar, trocar fraldas, fazer dormir o bebezinho que ouvia as músicas que ela cantava como se entendesse e se cuidar para que o leite "ficasse forte"...alimentação de parturiente naquela época era reforçada... canjas de galinha (que alguns chamavam "sopa de mulher parida"), cerveja preta (que ela adorava), canjica de milho branco e muito, muito leite, muito queijo e bastante repouso. Era um verdadeiro regime para engorda, mas nossa senhorinha continuava magrinha, para desespero das duas (mãe e avó), que a queriam gorda e "forte".

Receita da Sopa de Mulher Parida

 

Sopa de Mulher Parida

Uma galinha bem gorda
300g de farinha de milho
salsa e cebolinha


Como fazer a sopa
Cortar a galinha em pedaços e cozinhá-la (hoje pode ser na panela de pressão), com todos os temperos, menos a salsa e a cebolinha. Após o cozimento, colocar os pedaços em uma tigela. Manter o caldo em fogo baixo e acrescentar a farinha de milho, mexendo sempre para não empelotar. Quando ferver, despejar o caldo sobre a galinha e jogar por cima a salsa e a cebolinha. Servir com arroz.

A avó preparava a sopa e cuidava das fraldinhas... tinham que ser lavadas e fervidas. A mãe se ocupava do quarto e de vigiá-la para que nada fizesse... o resguardo era algo muito sério, não podia ser "quebrado". A sogra vinha todos os dias dar o banho e curar o umbigo e era todo um cerimonial. Retirar e colocar o cinteiro bem firme, o pobre "nenem" parecia engessado, depois a fralda e o cueiro, também apertado, um horror!
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Durante muitos anos, se usou o cueiro em bebês. Em uma determinada época ele foi renegado e preconizou-se o hábito de deixar as crianças livres e soltas. Hoje, procurando  fotos de cueiros(antigas), deparo com uma moderna pesquisa sobre as vantagens do mesmo.

Segundo pesquisadores holandeses o uso do cueiro torna os bebês mais calmos, até a oitava semana de vida, pois eles se sentem mais protegidos quando bem enroladinhos em um pano. Foi a vitória das avós que protestaram quando o mesmo foi banido. Segundo os mesmos cientistas os cueiros são imprescindíveis para prematuros e crianças abaixo do peso, que são mais agitadas que as outras.

Um bebê de hoje devidamente enrolado.


Mas houve um terceiro grupo: os que introduziram a mesma rotina calma do segundo grupo e acrescentaram o hábito de embrulhar os bebês em cueiro antes de colocá-los no berço. Esses tiveram uma redução significativa nas horas diárias de choro.


O primeiro filho, por tradição da época, da família e dos costumes mineiros, recebeu o nome do pai, Antônio Lucas e foi logo chamado de Toninho. Era uma criança calma, que  dormia tranquila durante quase toda a noite. Muito lindo, logo se tornou o xodó da família materna e da paterna também, por seu gênio calmo e bem humorado. E a tia era sua maior fã, cuidava dele com carinho e desvelo... o que lhe valeu o convite para ser sua madrinha.

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Na próxima postagem,colocarei as fotos do bebê.Aguardem.


Até a próxima semana,meus queridos.

                                Bjssssssssssssss,
                                                           

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Minha querida e linda sobrinha Marcela, A vida é uma eterna ciranda a nos conduzir prá lá e pracá... e em uma destas voltas viemos para Tere...

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