Memórias de uma senhorinha/ O primeiro filho
"Dê a quem você ama: asas para voar, raízes para voltar e motivos para ficar.” Dalai Lama
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“Bendito aquele que consegue dar aos seus filhos asas e raízes”, diz um provérbio.
Precisamos das raízes: existe um lugar no mundo onde nascemos, aprendemos uma língua, descobrimos como nossos antepassados superavam seus problemas. Em um dado momento, passamos a ser responsáveis por este lugar.
Precisamos das asas. Elas nos mostram os horizontes sem fim da imaginação, nos levam até nossos sonhos, nos conduzem a lugares distantes.São as asas que nos permitem conhecer as raízes de nossos semelhantes, e aprender com eles.
Bendito quem tem asas e raízes; e pobre de quem tem apenas um dos dois.
Paulo Coelho
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E nossa senhorinha, apesar da pouca idade, já professava esta teoria e cuidava do filho com o objetivo de fazer dele um cidadão do mundo, com raízes em seu rincão natal e asas para alcançar amplos e distantes horizontes.
Tornou-se criança novamente e com ele brincava e subia os pastos, cantando alegremente, deitava-se com ele e mostrava-lhe as estrelas, contava-lhe histórias e falava-lhe do mundo, dos sonhos e dos seus mais profundos desejos em relação a ele e ao seu futuro...era uma criança dócil e meiga,carinhosa e bem humorada.Sua risada enchia a casa de alegria ... amava os animais e todos os colonos o estimavam e com ele brincavam.
Aos domingos viajavam para Muriaé e os avós se encantavam com a criança dócil e alegre.A tia o mimava e o carregava para todos os lugares onde ia.A bisa contava-lhe as mesmas histórias que alegraram a infância de nossa senhorinha, sendo que, a que ele mais gostava era a de Pedro Malasartes.E se divertia com as estrepulias do herói sem caráter, tendo a avó que esclarecer o lado errado do espertalhão.
E é lógico que os houve, mas nada que fosse tão insuportável, tão difícil para uma pessoa como a nossa senhorinha, tão cheia de vida e na flor da idade.Algumas vezes ela passou por "perrengues",como se dizia por lá, como quando ele teve a primeira infecção de garganta e muita febre.Uma convulsão quase a tirou do eixo,mas possuía um livro mágico...o livro do Dr Rinaldo Delamare, "Meu Bebê" era a sua Bíblia...nele aprendeu a mergulhar a criança em uma água gelada,tão logo a febre começasse a subir e assim ela fazia.Vinha-lhe sempre à mente a imagem da mãe e da avó, quando a irmã teve a primeira convulsão... foram as duas para a varanda, com a criança nos braços, chorando desesperadas...ela sabia que não era grave e que não deveria se desesperar. Sempre soube conservar a calma e o sangue frio em todas as circunstâncias, afinal morava longe de qualquer recurso médico e tinha que aprender a tudo solucionar.
A experiência adquirida com o irmão que ajudou a criar, também foi um fator importante para este amadurecimento.
Não sabia cozinhar, mas aprendeu com o mesmo livro e fazia as sopinhas e, mais tarde as comidinhas sólidas de acordo com cada fase da vida do filho.
Para não ficar parecendo que tudo foram flores, devo contar um episódio ocorrido na primeira viagem que fizeram com os sogros para São Lourenço.
O sogro tinha um carro Chevrolet,novo e bem equipado,sem defeitos e com ele faziam viagens longas, nunca tendo acontecido nenhum percalço.O motorista,experiente e capaz, o conduzia com segurança e profissionalismo.Mas, há sempre um mas, nas melhores histórias, principalmente nas que abordam a vida real...mas, naquele dia o carro parou no meio de uma estrada deserta e se recusou a continuar a viagem...nada o fazia pegar, faltava água no radiador e não havia nada nem ninguém nas proximidades.
O problema maior era que nossa senhorinha não tinha prática de viajar com crianças e não havia trazido água para o pequeno Toninho, que por sua vez, chorava desesperadamente, melhor dizendo, BERRAVA, e nada se podia fazer...nossa amiguinha o colocava no peito(o leite materno supre a necessidade de água), mas nada o fazia parar de chorar.A sogra e o sogro a recriminavam e ela, mais que todos se culpava, por não ter se lembrado da mamadeira com água.Quando, enfim, chegaram a São Lourenço, estavam todo estressados e cansados, mas enfim o bebê conseguiu beber a água de que tanto necessitava.
Foi um maravilhoso passeio e nele ela descobriu que estava grávida...o segundo filho estava à caminho.Uma felicidade para todos,uma benção para a família.
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Amigos queridos,não consegui postar as fotos prometidas...o formato não foi reconhecido...
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14 comentários:
Adorei e me vi nessa senhorinha... Também apesar de todos trabalho que os 4 filhos deram, uma escadinha, nunca alguém me viu reclamar. Era felicidade pura com toda aquela baguncinha boa, rodeada pelos pintinhos,rs Adorei mais esse capítulo ler! bjs, chica
Boa noite de paz, querida amiga Leninha!
Que gracinha o novo bebê a caminho!...
Nem imagina o quanto eu rio de contentamento daqui com sua história tão bem contada e com um bom humor no ponto. Tenho certeza de que a pessoa positiva vai tirando tudo de letra, como você fez.
Volte logo, senhorinha!
Tenha uma nova semana abençoada!
Bjm carinhoso e fraterno de paz e bem
Oi amiga Chica! Bom saber que se identificou com a minha história... acredito que éramos felizes por causa da inocência e da alegria da juventude. Deve ter sido uma delícia criar os quatro filhos...era meu sonho, uma escadinha com dez... não houve possibilidade de concretizar. Mas sou feliz com os três.
Um beijo pra vc.
Oi Rosélia,
Chego a ouvir o seu riso...isto me faz feliz e me estimula a escrever mais. Com esta quarentena estou republicando as postagens de 2016...mais para frente seguirei para as atualizações que interrompi por absoluta falta de inspiração.
Portanto, voltarei logo...
Um beijo e um abraço.
Querida Leninha
Vivi uma fase da minha vida em que passava, às vezes, uma noite em claro, colocando na testa da minha bébé toalhitas de água bem fria para fazer baixar-lhe a febre. Foram momentos que agora recordo. Vivi-os com uma certa ansiedade e preocupação, mas felizmente tudp correu bem.
A chegada de um segundo filho é mais uma bênção e, para uma senhorinha calma e serena deve ter sido bem fácil, tanto mais que já tinha experiência.
Fico a aguardar por nova narrativa.
Até la, um beijinho
Beatriz
Leninha, querida, imagino o quanto era difícil o aprendizado em um lugar mais afastado, ainda bem que tinha seu livro de ajuda, aliás, acho que me lembro desse pediatra Dr Delamari, ele tinha uma coluna na Pais e Filhos, não tinha? Também me orientou muito, embora a prática e o afeto é o melhor aliado, a gente aprende errando e acertando.
Que infância rica teve o Toninho aprendendo o mundo pelo olhar e exemplo da mãe e parentes tão próximos e cuidadosos.
Deu para imaginar o encanto dele mesmo sem a foto!
Abração, querida!
Sempre um prazer enorme vir me encantar com a sua narração de sonhos realizados como mulher, como mãe. Beijos!
Leninha , minha tão querida amigairmã
Eis que chega realmente a vida em toda a sua plenitude. Um bebé que nasce para completar a tua vivência como mãe . Sabemos que não é fácil a uma jovem mãe , lidar com toda uma confluência de emoções e obrigações . Mas desde que tenhamos confiança nos nossos talentos , o amor faz sempre o resto .
Por isso não me admira que mais uma vez a tua agilidade é posta à prova e nada te faz esmorecer . És a guerreira que sempre conheci porque já o foste antes .
Vi que esse menino carinhoso é o Toninho e confirmo que ainda hoje prevalece nele a gentileza e extrema sensibilidade , de certeza transmitida pela excepcional mãe que és e que também a mim transmite alegria e paz .
Um grande beijinho, meu anjo !
Beatriz querida,
Como pode perceber as histórias de mães se repetem e são parecidas, não importa o lugar nem a origem. Bom demais saber que você se viu nas experiências de nossa Senhorinha.
Obrigada por tudo e por seu carinho de sempre.
Um beijo carinhoso
Realmente, minha querida amiga Dalva, era muito difícil, tudo era longe e eu só contava com o carro do sogro quando ele lá estava...tive que aprender a me virar. Hoje, olho para trás e não sei se teria novamente aquela coragem da Senhorinha. O livro do Dr. Rinaldo Delamare era a minha Bíblia, o meu norte e a minha âncora. Até mesmo na hora em que me deparei com a necessidade de fazer as sopinhas para o Toninho. E ele era complicado nesta parte... não gostava de nada e eu tinha que estar sempre mudando.
Bem, amiga, é isto. Aprendi muito naquela época.
Obrigada pela sua visita. Muito carinho em um abraço.
O encanto é todo meu, amiga Lúcia.E o agradecimento por sua presença e o seu carinho. Um beijo pra você, amiga.
Manu muito querida,
É sempre com alegria que vejo a tua presença e as tuas palavras que acarinham o meu coração.
A coragem de nossa Senhorinha vinha de seu pouco amadurecimento, penso eu agora ao reviver aquele tempo... não tinha noção do perigo e lidava com tudo como se fosse a própria Pollyana, sem medo e sem medir as consequências. Vivia em um mundo à parte onde tudo era colorido com as cores de seus lápis de cor da infância. Era uma sonhadora e gostava de permanecer dentro dos seus sonhos...
E o Toninho é esta pessoa meiga e gentil até hoje e me faz feliz todos os dias em que, invariavelmente, me chama no WhatsApp e conversamos como se estivéssemos na mesma casa de antigamente. É um menino crescido.
E tu, minha querida amigairmã, também me transmites esta paz e este conforto mesmo com este oceano a nós separar.
Um afago nos teus cabelos, doce e meiga Manu.
A ternura da idade é mágica num sentido e preocupante no outro. Mas é ponto de partida para uma "construção" duma Senhorinha.
Parabéns, Leninha. É bom recordar.
Beijo
SOL
Meu querido amigo Sol,
As nossas lembranças são um reviver e nos conduzem de volta a um passado feliz sob determinado ponto de vista e nem tanto sob outro prisma...mas, enfim, viver é mesmo isto...altos e baixos para todos nós.
Bom te ver por aqui, amigo!
Um abraço cordial!
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