SONHOS E ENCANTOS

SONHOS E ENCANTOS

quinta-feira, abril 02, 2020



Memórias de Menina

....vamos encontrar a nossa menina às vésperas de completar os seus quinze anos,sem valsa,sem baile,sem festas...
E ela sonhara muito com aquele dia,com a magia dos quinze anos,com um baile de debutantes,como via nos filmes e em seus livros românticos de M.Delly e Coleção Rosa,com belo vestido de tule ou organdi a voltear em um salão enfeitado de flores,rodeada por suas melhores amigas,de preferência no Muriaé Tênis Clube...era um sonho antigo,coisa de menina moça...ainda não havia bailes assim em sua cidade e mesmo que os houvesse o pai jamais a deixaria participar ... a revista O Cruzeiro trazia fotos e reportagens sobre estes bailes,daí o seu sonho..


História dos bailes de Debutantes

Tradicionalmente esta palavra é usada para representar a adolescente que está completando 15 anos de idade. Debutante é uma palavra derivada do francês (débutante), que traduzida significa  iniciante.Debut:estréia.
Um ritual de passagem
Baile de debutantes é considerado uma espécie de ritual de passagem da infância para vida adulta de uma adolescente, onde os pais apresentavam sua princesa à sociedade começando assim uma nova fase em sua vida. Antigamente, era nesta data, que a jovem adolescente tinha permissão de seus pais para usar roupas mais adultas, freqüentar reuniões sociais e namorar.  Ou seja, literalmente era uma data marcada para a menina se tornar definitivamente uma mulher. Agora dá pra imaginar como a data era tão esperada e almejada pelas jovens da época?



Namorar era comum aos treze anos e nossa menina era bem precoce em tudo e neste ponto também.Após o primeiro namoro,com o irmão da amiga,encantou-se com um rapaz alto,moreno e de cabelos negros como o azeviche...olhos profundos e também negros,ombros largos e voz doce e sedutora...morava em um sítio,numa aldeia próxima a sua cidade.Todos os dias vinha à cidade,em uma charrete puxada por um lindo cavalo branco e ela o via como um príncipe...faltava-lhe o traquejo de príncipe,mas ela não percebia...o que ele não possuía ela enxergava com seus olhos de menina romântica e sonhadora...imaginava um romance como aqueles que lia,um dia ele a levaria em sua garupa e seriam felizes para sempre.Aparências a enganar,a seduzir uma menina que a viver de sonhos,tecia um futuro róseo e delicado,escrevia flores em um jardim deserto,cultivava rosas e não adivinhava os espinhos...
          E o sonho se desfez um dia,o príncipe despiu as roupagens do encanto e as sedas e linhos desapareceram,dando lugar a um rufião,cínico e desprovido daquela ternura,imaginada por ela,movida pelos seus contos de fada e seu desejo infantil de um colo há muito perdido.



 ...................................................................................................... 

''O pior é se a aparência é de tal forma convincente, que nos embala nos atributos de que diz ser feita e ficamos cegos perante as certezas que nos quer impingir...
...Assim, será melhor ouvir o som de um tambor menos estrondoso...
Quanto maior o tambor, mais estridente é o som e mais enganoso se torna!
...E se as aparências não são, porventura senão outra espécie de vento, prefiro este último às aparências. Este é menos hipócrita e defendo-me da ventania conforme a sua intensidade...''
Manuela Barroso

"A verdade existe. A mentira é que tem que ser inventada"-Marie Curie



.....................................................................................................................................................................

                  E dezembro chegou,trazendo as chuvas e os dias quentes,as mangas e as romãs,o alvoroço dos últimos dias de aula,as despedidas das colegas e os cadernos de recordações...e o aniversário de quinze anos,tão esperado...as  amigas se reuniram em sua casa,a mãe fez um bolo e o vestido de organdi branco com pala de tule rodeada de renda guipure fez sua estréia...o sorriso nos olhos,a alegria na voz, como se debutante ela fosse...assim se sentia.

        Fim de ano,fim de ciclo,fim da meninice...


Julinho aos seis meses
                   Natal,alegria,Missa do galo,brincadeiras na calçada,vozes de crianças e de adultos,expectativas...janeiro se aproximava e a data do nascimento de mais uma criança,também.A mãe estava nos últimos dias de uma gravidez problemática...todos estavam apreensivos e durante toda a primeira quinzena aguardavam o que só foi acontecer na segunda quinzena,dia 25 de janeiro,dia de São Paulo,na cidade de São Paulo do Muriaé...às nove da manhã,quando todos se vestiam para a Missa,a mãe começou a se sentir mal , foram todos para o hospital e lá nasceu o irmão,que todos supuseram fosse se chamar Paulo,mas que, por motivo de uma promessa da mãe ,recebeu o nome de Julio Maria,em homenagem ao padre de quem ela era devota.


 Eu vou,mas voltarei....bjssssssss.

11 comentários:

chica disse...

15 anos, linda fase aqui tão bem retratada e o nascimento do mano...Adorei mais esse! bjs, fica bem! chica

Leninha Brandão disse...

🌼🌹💖
Bom diaaaaaa, minha querida amiga Chica!!!
Obrigada por suas palavras de incentivo sempre!De fato, os quinze anos e o nascimento do irmão, foram marcantes na vida de nossa menina dos cachos.
Que seu dia seja feliz e abençoado, minha amiga de tantos anos!!!!

Dalva Rodrigues disse...

os amores nesta idade são tão intensos quanto nossa falta de maturidade, principalmente para distinguir o que é verdadeiro ou não.
Leninha, não tem foto dos 15 anos? Na época era difícil...Amei ver seu irmãozinho, coisa mais meiga. Minha mãe viveu muito isso de ver a mãe grávida e dando a luz, ela era a segunda de 11 filhos, inclusive qdo estava grávida de meu irmão, a minha vó também estava do caçula.
E lá se foi mais um ciclo vivido.
Amei ler, abração!

Leninha Brandão disse...

Oi Dalva!
Devo ter alguma foto, mas não incluí na publicação original e não prestei atenção quando fui republicar.
Quanto aos "amores"daquela época eram mais romantizados que reais...era um amar ao amor, sem uma certeza do sentimento, cópia dos filmes e romances preferidos...
E a nossa menina era muito imatura, apesar da "capa de maturidade" que aparentava possuir.
E a chegada do irmão veio acentuar esta maturidade ao substituir a mãe em várias funções e cuidados com o mesmo.
Gratidão por seu comentário e sua presença sempre muito apreciada em meu cantinho, aliás, nosso cantinho.
Um beijo

chica disse...

Leninha, vim avisar que acaba de entrar céu teu lá! Obrigadão! bjs, chica

Podes ver:

https://ceuepalavras.blogspot.com/2020/04/blog-post_4.html

Roselia Bezerra disse...

Boa noite de Domingo com paz e saúde, querida amiga Leninha!
Ah! Chegamos à fase mais bela da adolescência, o tão sonhado quinze anos.
Pude me recordar dos meus, tão lindo tudo no vestido branco e a valsa com o príncipe encantado que era o amor mais platônico da face da Terra, rs...
Muito bonita suas reminiscências e quero ver logo este livro rodando aqui por casa, viu, amiga?
Vai valer a pena!
Tenha uma semana santa abençoada!
Bjm carinhoso e fraterno de paz e bem

Beatriz Bragança disse...

Querida laninha
Sabe? Eu também lia «O Cruzeiro» e sonhava com uma festa assim, que nunca aconteceu!
Lindas as palavras que incluiu da nossa amiga Manuela Barroso, que tem sempre algo muito a propósito para dizer!
Então muitos parabéns pelo seu irmão Júlio, que nasceu um dia depois de mim, só que talvez num ano diferente.
O seu texto é uma viagem ao passado, conduzida com muita eloquência e suavidade: obrigada.
Um beijinho
Beatriz

manuela barroso disse...

Mas tu já sabes que o meu tempo me traz obrigações e me leva devoções!
Já viste e por isso me penitencio perante o meu atraso de que lembro tão bem !
Como poderia esquecer estas rendas e organdi e organzas e laços nos caracóis ?
Et voilá! A nossa chic! , Leninha no seu baile “Débutant”! E estou a imaginar- te com todo esse charme envolto na tua beleza e vestido a condizer
Uma lembrança tua me trouxe uma nostalgia desse galã trazido no seu cavalo branco , desfazendo a imagem do príncipe encantado. Ainda bem que superaste remetendo para o seu devido lugar .
E eis te quase no fim da tua meninice .
Os ventos virão ( ah... onde foste buscar esse excerto , Leninha ? As Reflexões: creio , numa altura em que dissertava sobre um pensamento... obrigada pelo teu terno gesto !) , e os ventos irão soprar de outra feição uma vez que tudo muda
Mas muda com outras nuances , outro figurino , outras paragens...
( Ah aquela fazenda e a charrete!....)
Até la te esperarei e voltarei
Um grande beijinho minha doce Leninha 🌷🌷🌷🌷🌷

Leninha Brandão disse...

Roselia querida!
Apesar da festa ter ficado nos sonhos, a nossa menina curtiu os seus quinze anos como se fossem a própria festa. E andava pelas ruas como se desfilasse, sentindo-se "a debutante"...o vestido que a mãe fizera lhe dava "poderes", era uma romântica incurável, lembra-se?
Todas éramos, não é verdade?
Obrigada por sua visita e incentivo para o livro. Um dia ele chegará...
Um beijo, minha querida!

Leninha Brandão disse...

Beatriz querida,
Apesar do mar nos separando em algumas coisas nos assemelhávamos não é mesmo? E a revista O Cruzeiro me acompanhou durante muitos anos de minha vida. E copiava os vestidos, tendo minha mãe que fazer piruetas para conseguir executar fielmente os trajes das meninas e mocinhas elegantes da revista.
Obrigada por seu carinho, minha querida amiga!
Um beijo carinhoso pra você!

Leninha Brandão disse...

Manu muito querida,
Como me emocionas com este carinho que te faz deixar os teus múltiplos afazeres para te dedicares às Memórias desta menina de caracóis que te quer um bem imenso. E que, mesmo não ter conseguido a festa que desejava, viveu intensamente aquela idade com o entusiasmo tão próprio daquela idade de "entreaberto o botão, entrefechada a rosa", que mexia com os seus mais profundos desejos. Cuidava do irmão, dedicava-se à casa e ainda encontrava tempo para as suas intermináveis leituras.
Em uma época em que só havia o rádio em sua 🏠, ouvia todas as músicas dos programas de auditório e copiava as letras para cantar com as amigas ou enquanto varria a casa.
Era uma vida repleta de emoções e muitas contradições de sentimentos. Daí ter enfeitado de príncipe um cidadão mais para sapo que para Príncipe.
Mas não vou me alongar mais ou farei outra história.
Um beijo, minha doce amiga!

Minha querida e linda sobrinha Marcela, A vida é uma eterna ciranda a nos conduzir prá lá e pracá... e em uma destas voltas viemos para Tere...

Postagens mais visitadas