SONHOS E ENCANTOS

SONHOS E ENCANTOS

quinta-feira, abril 23, 2020


Minhas memórias de menina 


Uma borboleta, presa às paginas de um livro, o livro da sua vida... era como se sentia a nossa menina, nesta fase meio menina, meio mulher, quando se abandonam os brinquedos e as brincadeiras, mas o medo do desconhecido começa a surgir...

As amigas já começam a fazer os enxovais, as conversas já tomam outros rumos...
onde ficou a infância, os folguedos, o não pensar em coisas sérias, a feliz inconsequência? E a melodia que mais escutava a lembrava
 de uma nova realidade:

Menina Moça
                             Tito Madi
Você botão de rosa
Amanhã já flor mulher
Joia preciosa cada um deseja e quer
De manhã banhada ao sol
Vem o mar beijar
Lua enciumada noite alta vai olhar
Você menina moça
Mais menina que mulher
Confissões não ouça
Abra os olhos se puder
Tudo tem seu tempo certo
Tempo para amar
Coração aberto faz chorar
A lua, o sol, a praia, o mar
Missão de Deus
A vida eterna para amar

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A vida corria lá fora e os anos dourados fervilhavam:

Os anos 50 foram marcados por grandes avanços científicos, tecnológicos e mudanças culturais e comportamentais. Foi a década em que começaram as transmissões de televisão, provocando uma grande mudança nos meios de comunicação. No campo da política internacional, os conflitos entre os blocos capitalista e socialista (Guerra Fria) ganhavam cada vez mais força. A década de 1950 é conhecida como o período dos "anos dourados".
Principais acontecimentos dos Anos 50
Esportes
Realização da Copa do Mundo de Futebol no Brasil, em 1950. O Uruguai sagrou-se campeão após vencer a seleção brasileira, em pleno Maracanã, pelo placar de 2 a 1.
A FIA (Federação Internacional de Automobilismo) organiza o primeiro Campeonato Mundial de Formula 1, em 1950.
Em fevereiro de 1951, começam os primeiros Jogos Pan-Americanos. O evento esportivo ocorre na Argentina.
Realização das Olimpíadas de Helsinque na Finlândia (1952).
A Alemanha torna-se campeã da Copa do Mundo de Futebol na Suíça (1954).
Juan Manuel Fangio torna-se bicampeão mundial de Formula 1.
Em 29 de junho de 1958, o Brasil torna-se, pela primeira vez na história, campeão da Copa do Mundo de Futebol. O evento ocorreu na Suécia.
Ciência e Tecnologia
Em 1957, o Sputinik II coloca em orbita da Terra o primeiro ser vivo, a cadela Laika.

Comunicações
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A TV Tupi, inaugurada em setembro de 1950, é o primeiro canal de televisão da América Latina.
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Lançamento do primeiro satélite, o Sputinik I (1957).
Guerras e Conflitos
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Começa a Guerra da Coréia em 25 de junho de 1950. A guerra termina em 27 de julho de 1953.
Em plena Guerra Fria é assinado, em 1955, o Pacto de Varsóvia (tratado de defesa militar que envolvia os países socialistas do leste europeu, comandados pela União Soviética).
Em 1959, ocorre a Revolução Cubana. O líder da revolução, Fidel Castro, torna-se presidente de Cuba.
Começa, em 1959, a Guerra do Vietnã.
Cultura e Arte
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No dia 20 de outubro de 1951, é inaugurada a I Bienal Internacional de Arte de São Paulo.
Política
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Em 6 de fevereiro de 1952, Elizabeth II torna-se rainha da Inglaterra.
Em 24 de agosto de 1954, ocorre o suicídio do presidente do Brasil Getúlio Vargas.
Em 16 de setembro de 1955, um golpe militar na Argentina tira do poder o presidente Juan Perón.
Em outubro de 1955, Juscelino Kubitschek (JK) é eleito presidente do Brasil.

Economia
Criação da empresa estatal Petrobrás, em 1953.
Assinado o Tratado de Roma, em 1957, estabelecendo a Comunidade Econômica Européia (CEE).

Música
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Com muito rock e um estilo dançante, Elvis Presley começa a fazer sucesso em 1956.
A estilo musical brasileiro Bossa Nova começa a fazer sucesso. Os maiores representantes deste movimento foram: Tom Jobim, Vinícius de Morais e João Gilberto.
No final da década de 1950, é formada a banda de rock Beatles.
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E nossa menina-moça cursava o Normal , aprendia a ser uma professora, profissão de grande importância na época. Não era o seu maior sonho, mas na cidade só havia dois cursos, o Normal e o de Contabilidade. Como o pai era professor na Escola de Comércio do Colégio São Paulo, estava fora de cogitações o referido curso... era muito rebelde e o pai não desejava perder a autoridade perante os alunos. Sem outra alternativa, matriculou-se no curso Normal e continuou em seu Colégio Santa Marcelina.
Havia compensações: as mesmas amigas, as freiras habituais, o Curso de Pintura com a amada Ir.Julieta e as brincadeiras após as aulas.

Nas aulas de trabalhos manuais, aprendia-se a bordar e as amigas começavam a preparar os enxovais... Peças e peças surgiam e todos admiravam... lembra-se do "sem jeito mandou lembrança", mote usado por todos de sua casa quando tentava fazer algo mais delicado ou se atrevia a tentar alguma receita... e não consegue passar de um avental, com ponto richelieu na barra...
Já nas aulas de pintura se destacava e pintou ruínas, céus de todos os tipos, amanheceres e crepúsculos, rosas, orquídeas e violetas... sua paixão pela natureza a conduzia e seus quadros se multiplicavam.
A professora predileta era a de português e com ela mergulhava nos livros,na enorme biblioteca do colégio.

Como dizia Angel Vianna, "gente é como nuvem, sempre se transformando", a nossa menina passa por nova transformação: começa a namorar "sério"... aos dezesseis anos, quando deveria estar às voltas com as amigas, delas se afasta e passa a sair só com o namorado que vai buscá-la em casa e levá-la, não passando ainda do portão. Deixa de sair nas férias com os pais, ficando em casa com a avó, guardiã de sua inocência. Começa a frequentar a casa do futuro sogro e a discutir com as cunhadas questões de enxoval, de prendas domésticas e criação de filhos... uma criança no meio de pessoas adultas e procedendo como tal, ou, pelo menos, tentando.E baús são abertos, preciosidades em linho, cambraia, seda e bordados de todo tipo desfilam perante seus olhos acostumados a uma vida simples e pacata.

E nossa menina vivia um sonho... teria um final feliz? 

Aguardem e na próxima semana saberão................. Bjssssssss

15 comentários:

chica disse...

Puxa, Leninha!Adorei tuas lembranças de menina e lembro bem que Tito Madi era um dos preferidos da minha mãe e eu ao lado dela ouvia! Adorei mais essa vez te ler! Leitura que dá prazer! bjs, chica

Roselia Bezerra disse...

Boa tardinha com saúde, querida amiga Leninha!
Gosto da música você menina moça.
Conheci o Colégio Santa Marcelina em Coronel Fabriciano.
Sim, só curso Normal e Contabilidade, rs...
Também a aula que gostava mais era Português.
Quanto aos trabalhos manuais, adorava também e tinha um caderno com todas miniaturas de casa ponto que aprendia...
Vamos concedendo aos poucos a senhora dos áureos anos.
Doce expectativa dos próximos capítulos...
Tenha dias abençoados junto aos seus!
Bjm carinhoso e fraterno de paz e bem

Leninha Brandão disse...

Oi amiga Chica!
Tito Madi foi, durante muito tempo, o preferido da menina moça que se identificava completamente com a música.Muito bom saber que gostou desta nova fase... virão outras a seguir. Esta pandemia é excelente para voltar no tempo.
Um beijo! Gratidão!

Leninha Brandão disse...

Oi querida Rosélia!
O Colégio Santa Marcelina foi , durante muito tempo, a segunda casa de nossa menina... adorava ficar por lá, pintando com a Ir. Julieta, visitando as colegas internas ou mesmo na biblioteca, devorando os livros prediletos. Se pudesse seria "interna", porém os pais não concordavam.
Já os pontos de bordado não eram o seu forte...
Os próximos capítulos virão depressinha.
Obrigada pela visita!

Beatriz Bragança disse...

Querida Leninha
O seu relato autobiográfico é muito rico, pois contextualiza-o dando-nos conta de tudo quanto ocorria no Planeta.
Recordei todos os acontecimentos e gostei muito da sua narrativa.
Parabéns pela sua arte na pintura, área na qual o «jeito me mandou lembranças». Os meus desenhos são todos naifs(não encontro o trema no meu computador, ou melhor, não sei colocá-lo).
Bom fim de semana.
Um beijinho
Beatriz

Leninha Brandão disse...

Muito querida amiga Beatriz!
Tão bom lhe ver aqui! Nesta quarentena obrigatória o que nos alegra é a presença constante e sempre bem vinda dos amigos, é realmente o sal da vida.
Obrigada por suas carinhosas palavras e por sua visita. Você é muito especial para mim!
Um beijo e um imenso carinho!!!

manuela barroso disse...

E é sempre assim...quando me embalas na tua cantilena de "menina e moça" *, chegas ao fim! Confesso que esta parte da menina dos caracõis me escapou, daí que estivesse mergulhada nas tuas descrições sempre tão genuínas.
Talvez a parte em que falas das tuas rendas , bordados e do enxoval com a meticulosidade e gentileza de uma jovem apaixonada me faça recordar , parte das tuas memórias com todas as canseiras de um passo decisivo na vida de qualquer jovem.
Há peripécias que me ficaram gravadas e por isso, voltar aqui é re-viver contigo toda uma história que continua viva e refrescante por seres um testemunho da alegria que "não faz ninho nos teus caracóis" e se prolonga no tempo, em todo o tempo que o Céu nos dá, com uma amizade cristalina.
Bendita sejas, doce Leninha por seres ainda a menina que continua adolescente e me contagias com a tua alegria!
Um beijinho afectuoso


*( Conheces a "Menina e Moça" de Bernardim Ribeiro? :::" Começa...Menina e Moça me levaram de casa e meus pais...) Foi marcante para mim...Nostálgico

Leninha Brandão disse...

www.nead.unama.br
2
Menina e Moça
de Bernardim Ribeiro
Livro primeiro

CAPÍTULO I

Menina e moça me levaram de casa de minha mãe para muito longe. Que
causa fosse então daquela minha levada, era ainda pequena, não a soube. Agora
não é ponho outra, senão que parece que já então havia de ser o que depois foi. Vivi
ali tanto tempo quanto foi necessário para não poder viver em outra parte. Muito
contente fui naquela terra, mas, coitada de mim, que em breve espaço se mudou
tudo aquilo que em longo tempo se buscou e para longo tempo se buscava. Grande
desanventura foi a que me fez ser triste ou, por aventura, a que me fez ser leda.
Depois que eu vi tantas cousas trocadas por outras, e o prazer feito mágoa maior, a
tanta tristeza cheguei que mais me pesava do bem que tive, que do mal que tinha.
Escolhi para meu contentamento (se em tristezas e cuidados [há] algum) vir-me viver
a este monte onde o lugar e a mingua da conversação da gente fosse como já para
meu cuidado cumpria, porque grande erro fora, depois de tantos nojos quantos eu
com estes meus olhos vi, aventurar-me ainda a esperar do mundo o descanso que
ele não deu a ninguém. Estando eu assi sou tão longe de toda a gente e de mim
ainda mais longe, donde não vejo senão serras que se não mudam de um cabo,
nunca, e doutra águas do mar que nunca estão quedas, onde cuidava eu já que
esquecia a desaventura porque ela e depois eu, a todo poder que ambas podemos,
não deixamos em mim nada em que pudesse achar lugar nova mágoa; antes tudo
havia muito tempo, como há, que povoado de tristezas, e com razão. Mas parece
que das desaventuras há mudança para outras desaventuras, que do bem não a
havia para outro bem. E foi assi que por caso estranho fui levada em parte onde me
forem diante meus olhos apresentadas em coisas alheias todas as minhas
angustias, e o meu sentido de ouvir não ficou sem sua parte de dor. Ali vi então na
piedade que ouve de outrem, tamanha a devera de ter de mim, se não fora
demasiadamente mais amiga de minha dor do que parece que foi de mim quem me
é a causa dela. Mas tamanha é a razão por que são triste, que nunca me veio mal
nenhum que eu já não andasse em busca dele. Daqui me veio a mim parecer que
esta mudança em que me eu agora vejo, já a eu então começava a buscar, quando
me esta terra onde me ela aconteceu, aprouve mais que outra venha para vir nela
acabar os poucos dias de vida, que eu cuidei me sobejavam. Mas em isto como em
as outras cousas também me enganei: que agora já ha dous anos que estou aqui e
não sei ainda tão somente determinar para quando me aguarda a derradeira hora.
Não pode já vir longe.

Manu querida,
Sempre gostei muito de ler... tínhamos, entre os nossos livros, uma Antologia da Língua Portuguesa e eu devorava os trechos de livros ali publicados. E achava esta história linda apesar de melancólica, porém nunca cheguei a ler todo o livro Menina e Moça. Tu me fizeste viajar àquele tempo, da menina curiosa que lia os livros didáticos como se fossem romances... agora, como tenho um Kindle, presenteado por meu neto Alexandre, poderei fazer o que sempre quis... conhecer toda a história.
Quanto ao teu comentário, sempre fazes uma leitura diversa da que fizeste na publicação original. E me animas a voltar a escrever.Mesmo com o impacto desta pandemia sobre o nosso tempo, levarei o computador para o sótão e recomeçarei a história da Senhorinha. Creio que terei que entremear com a Menina, em respeito aos leitores que não conheciam as Memórias de Menina.
Gratidão por tuas palavras, minha querida! Sei o quanto é difícil encontrar um tempo no meio do teu trabalho diário.
Um beijo carinhoso e um afago.

Toninho disse...

Esta menina que viveu uma década de efervescência, tem tudo para nos colocar no tempo e reviver todas estas turbulências e alegrias. Um relato sensacional Leninha nestas notas crono logicas.
Muito bom relembrar com você e aprender novidades e curiosidades.
Carinhoso abraço amiga.
Beijo

Leninha Brandão disse...

Amigo Toninho!
Gosto de encontrar você aqui, me trazendo de volta o tempo feliz em que só tínhamos que nos preocupar com a beleza e a alegria da alma...
Quanto ao seu comentário, foi mesmo uma época repleta de Felicidade, assim com letra maiúscula, de uma inocência e pureza de sentimentos que nunca mais se viu.
Obrigada por suas palavras e por sua visita! Trouxe a alegria para esta menina que ainda habita em mim.

Dalva Rodrigues disse...

Leninha, querida, que minutos preciosos passei nesta leitura...Desde o poema leve e doce, os acontecimentos da década de 50 até a continuação da narrativa de suas aventuras juvenis...amei!!
Vejamos os próximos episódios, aos 16 naqueles tempos, devia ser um turbilhão todos essas perspectivas.
Abração, amiga!

Luana disse...

Adorei seu blog, me trouxe ótimas lembranças.

Ayla disse...

Obrigado por compartilhar um conteúdo tão valioso com coisas tão boas, principalmente nesse momento que estamos passando.

Fernanda disse...

Adorei seu blog, estrei sempre aqui.

Leninha Brandão disse...

Dalva querida,
Na realidade, amiga, não era um poema e sim uma música muito em voga naquela época e muito ouvida por todas as meninas.
A nossa menina tinha um caderninho e as amigas também, onde anotavam as letras das músicas e esta "Menina Moça" de Tito Madi era uma delas.
E aguarde as novas aventuras, você vai gostar.
Obrigada, minha querida!!!

Minha querida e linda sobrinha Marcela, A vida é uma eterna ciranda a nos conduzir prá lá e pracá... e em uma destas voltas viemos para Tere...

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