Memórias de Menina
....vamos encontrar a nossa menina às vésperas de completar os seus quinze anos,sem valsa,sem baile,sem festas...
E ela sonhara muito com aquele dia,com a magia dos quinze anos,com um baile de debutantes,como via nos filmes e em seus livros românticos de M.Delly e Coleção Rosa,com belo vestido de tule ou organdi a voltear em um salão enfeitado de flores,rodeada por suas melhores amigas,de preferência no Muriaé Tênis Clube...era um sonho antigo,coisa de menina moça...ainda não havia bailes assim em sua cidade e mesmo que os houvesse o pai jamais a deixaria part

História dos bailes de Debutantes
Tradicionalmente esta palavra é usada para representar a adolescente que está completando 15 anos de idade. Debutante é uma palavra derivada do francês (débutante), que traduzida significa iniciante.Debut:estréia.Um ritual de passagem
O Baile de debutantes é considerado uma espécie de ritual de passagem da infância para vida adulta de uma adolescente, onde os pais apresentavam sua princesa à sociedade começando assim uma nova fase em sua vida. Antigamente, era nesta data, que a jovem adolescente tinha permissão de seus pais para usar roupas mais adultas, freqüentar reuniões sociais e namorar. Ou seja, literalmente era uma data marcada para a menina se tornar definitivamente uma mulher. Agora dá pra imaginar como a data era tão esperada e almejada pelas jovens da época?Namorar era comum aos treze anos e nossa menina era bem precoce em tudo e neste ponto também.Após o primeiro namoro,com o irmão da amiga,encantou-se com um rapaz alto,moreno e de cabelos negros como o azeviche...olhos profundos e também negros,ombros largos e voz doce e sedutora...morava em um sítio,numa aldeia próxima a sua cidade.Todos os dias vinha à cidade,em uma charrete puxada por um lindo cavalo branco e ela o via como um príncipe...faltava-lhe o traquejo de príncipe,mas ela não percebia...o que ele não possuía ela enxergava com seus olhos de menina romântica e sonhadora...imaginava um romance como aqueles que lia,um dia ele a levaria em sua garupa e seriam felizes para sempre.Aparências a enganar,a seduzir uma menina que a viver de sonhos,tecia um futuro róseo e delicado,escrevia flores em um jardim deserto,cultivava rosas e não adivinhava os espinhos...
E o sonho se desfez um dia,o príncipe despiu as roupagens do encanto e as sedas e linhos desapareceram,dando lugar a um rufião,cínico e desprovido daquela ternura,imaginada por ela,movida pelos seus contos de fada e seu desejo infantil de um colo há muito perdido.
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''O pior é se a aparência é de tal forma convincente, que nos embala nos atributos de que diz ser feita e ficamos cegos perante as certezas que nos quer impingir...
...Assim, será melhor ouvir o som de um tambor menos estrondoso...
Quanto maior o tambor, mais estridente é o som e mais enganoso se torna!
...E se as aparências não são, porventura senão outra espécie de vento, prefiro este último às aparências. Este é menos hipócrita e defendo-me da ventania conforme a sua intensidade...''
Manuela Barroso
"A verdade existe. A mentira é que tem que ser inventada"-Marie Curie
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E dezembro chegou,trazendo as chuvas e os dias quentes,as mangas e as romãs,o alvoroço dos últimos dias de aula,as despedidas das colegas e os cadernos de recordações...e o aniversário de quinze anos,tão esperado...as amigas se reuniram em sua casa,a mãe fez um bolo e o vestido de organdi branco com pala de tule rodeada de renda guipure fez sua estréia...o sorriso nos olhos,a alegria na voz, como se debutante ela fosse...assim se sentia.
Fim de ano,fim de ciclo,fim da meninice...
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Julinho aos seis meses |
Eu vou,mas voltarei....bjssssssss.