Memórias de uma senhorinha
Ousadia
Apesar de todos os medos, escolho a ousadia.
Apesar dos ferros, construo a dura liberdade.
Prefiro a loucura à realidade,
E um par de asas tortas
Aos limites da comprovação e da segurança.
Sou assim.
Pelo menos assim quero fazer:
A que explode o ponto e arqueia a linha,
A que traça o contorno que ela mesma há de romper.
A máscara do Arlequim não serve
apenas para o proteger quando espreita a vida,
mas concede-lhe o espaço de a reinventar.
Desculpem, mas preciso lhes dizer:
EU quero o delírio.
Lya Luft
Apesar dos ferros, construo a dura liberdade.
Prefiro a loucura à realidade,
E um par de asas tortas
Aos limites da comprovação e da segurança.
Sou assim.
Pelo menos assim quero fazer:
A que explode o ponto e arqueia a linha,
A que traça o contorno que ela mesma há de romper.
A máscara do Arlequim não serve
apenas para o proteger quando espreita a vida,
mas concede-lhe o espaço de a reinventar.
Desculpem, mas preciso lhes dizer:
EU quero o delírio.
Lya Luft
E a
nossa senhorinha também queria o delírio e a beleza, a claridade da
inocência, os azuis extremos e os poentes rubros. O concavo e o
convexo, o brilho luminescente das estrelas e as auroras carregadas de orvalho.
E olhava o rio profundamente azul , o céu sem nuvens e a vegetação em todos os
tons de verde de sua paleta de tintas e as garças que sobrevoavam as águas,
agradecendo a Deus pelo dom da vida e pela oportunidade de presenciar tanta
beleza.
Uberaba,
uma bela cidade do Triângulo Mineiro, banhada pelo Rio Grande, que
fez nossa Senhorinha vibrar com a sua beleza...águas cristalinas e ,para
ela, acostumada com os rios estreitos e escuros das cidades onde vivera, um
deslumbramento, um poema de Manoel de Barros, um mar com o nome de rio.
Mas, deveria continuar a viagem e
sua última parada seria Iturama. E a nossa senhorinha era como o passarinho do
poema de seu poeta predileto: amava o voo e gostava de ser
"passageira"...ou seria uma andorinha?
Passarinho mais andarilho que conheço é andorinha mesmo. Elas mudam de lugar nas estações do ano. Depois vêm voltando.
Manoel de Barros
Deixou
de observar o rio e dirigiu-se à Estação Rodoviária...do silêncio para o
burburinho...pessoas de um lado para outro, fisionomias cansadas de longas
viagens, chegadas e partidas...
...e
seria novamente uma longa viagem.
Após
um pequeno lanche entrou no ônibus e tomou o seu lugar.O ônibus, com seu balanço, a fez
dormir...e mais uma cidade, outra Rodoviária.
A nossa Senhorinha ficou maravilhada com a cidade :Frutal, simpática cidadezinha ,parada do ônibus
para um cafezinho.
E encantou-se com a beleza da Matriz de Nossa Senhora do Carmo, com o magnífico por do sol como pano de fundo.
E encantou-se com a beleza da Matriz de Nossa Senhora do Carmo, com o magnífico por do sol como pano de fundo.
Outras cidades surgiriam ainda , não as mencionarei para não me alongar.E, também porque a nossa amiguinha, contemplava o rio e imaginava a Baronesa Alice a fazer o mesmo, do fundo de seu quintal. Uma rede ,tendo como apoio duas frondosas árvores ,era o seu refúgio nas tardes quentes...um toque de requinte , lampiões a gás em postes de madeira torneada cercavam a alameda que conduzia ao rio...uma visão privilegiada estava diante de seus olhos.
A paisagem é magnífica. O recorte azulado e sombrio da serra contrasta com o verde dos campos e as cores outonais das vinhas e searas.Avistava a velha ponte romântica e, do lado direito, um moinho de pedra, tal qual uma sentinela das águas calmas e tranquilas.
Uma novidade a aguardava ao chegar em casa...uma carta do seu amado, doce missiva a anunciar a sua chegada dentro de quinze dias. A alegria tomou conta de seu coração e a sua primeira atitude foi ir até a Igreja para agradecer a Deus a benção alcançada.