SONHOS E ENCANTOS

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quinta-feira, setembro 08, 2011

A ÁRVORE DA VIDA --- Terrence Malick


Brad Pitt em "A Árvore da Vida": pai rígido e ceticismo

Em "A Árvore da Vida", ganhador da Palma de Ouro em Cannes e apenas seu quinto filme em quase quatro décadas de carreira, Malick abraçou a dicotomia de vez, por seu viés mais prosaico e, talvez por isso, mais importante. Gestado há décadas e editado ao longo de quatro anos (inclusive pelo brasileiro Daniel Rezende), o longa-metragem discute as virtudes da força divina versus a natureza terrena, contando no meio do caminho a origem do universo. Ambição não falta.
O pilar da narrativa é Jack (Sean Penn, em participação breve), um arquiteto do mundo atual que embarca numa viagem rumo à sua infância no Texas da década de 1950. A alegria e a liberdade das brincadeiras ao lado dos irmãos menores, amparadas pelo amor incondicional da mãe (Jessica Chastain), cristã, são contrastadas pela rigidez do pai (Brad Pitt), cético, que não admite desrespeito e controla a família com mão de ferro. Também perdida no passado está a morte de um irmão no exército, aos 19 anos, comunicada por um telegrama.


Jessica Chastain: mãe é símbolo do amor

A trama serve de pretexto para uma reflexão filosófica e teológica muito maior, que não respeita linearidade – essas poucas linhas anteriores estão embaralhadas ao longo das quase duas horas e meia de projeção e concentradas no miolo, quando a história mais se aproxima do tradicional. Malick se libertou do roteiro em busca de um cinema livre, liberto de amarras e das convenções de Hollywood.


Preenchem o vai e vem reflexões e indagamentos dos personagens, sempre em off. São diálogos com Deus, de dúvidas infantis ("onde você mora?"), passando pela moral ("por que eu deveria ser bom, se você não é?") até a pura revolta ("Ele envia moscas às feridas que deveria curar"). A discussão é emoldurada por insistentes planos em contraluz, como que para atestar que aquela luz brilhando ao fundo comprova a presença divina.
A busca por Deus também está por trás da overdose de imagens belíssimas. A perfeição da natureza, na visão de Malick, assegura a existência de um poder maior. Ele vive numa revoada de pássaros no céu, num beijo de boa noite, num banho de mangueira no jardim, numa borboleta pousando na mão. O deslumbramento dá lugar à desconfiança nos clichês de uma cachoeira, uma vela, uma árvore mexendo com o vento, tal qual a dança da sacola plástica em "Beleza Americana". A sensação de exagero e o cansaço são inevitáveis.
Isso não impede que "Árvore da Vida" seja sério concorrente a filme mais bonito da história. A câmera do diretor de fotografia mexicano Emmanuel Lubezki (que já havia trabalhado com o cineasta em "O Novo Mundo", de 2005) desliza por salas amplas de luz perfeita, na grama, na floresta ou debaixo d'água. O ápice é a mãe flutuando no ar no lusco-fusco, num raro momento de realismo fantástico, e a casa inundada que serve de metáfora para a rotina dentro do útero.


Digna de um programa excelente da National Geographic, a sequência da evolução da vida ficou nas mãos do veterano supervisor de efeitos especiais Douglas Trumbull, que estreou no ramo com "2001 - Uma Odisséia no Espaço" (68) e havia se despedido com nada menos que "Blade Runner" (82). Ele deu um tempo na aposentadoria para ajudar Malick a mostrar o Big Bang, o movimento no espaço sideral, águas-vivas, uma divisão celular vista por dentro, vulcões e o primeiro sinal de compaixão entre dinossauros, para depois seguir os  passos de um bebê.
Tudo parte de uma parábola. "A Árvore da Vida" é claramente uma profissão de fé de Terrence Malick, que adota um tom solene, regado a ópera e citações bíblicas, para questionar as opções que o homem tem diante de si: a graça ou a perdição. O discurso, porém, se alterna entre profundidade e ingenuidade, caminhando com perigo pelo terreno superficial da auto-ajuda.
Os senões são compensados por um retrato fidelíssimo da infância e de uma família verdadeira. Jessica Chastain e Brad Pitt são poderosos e os atores mirins, um documento do conflito entre inocência, prazer e do despertar do certo e errado nas crianças. Aí Malick encontra a verdade absoluta e emociona sem restrições.
A Palma de Ouro, questionada por muita gente, se justifica pela influência que o diretor adquiriu para as novas gerações – virou um farol de cinema autoral – e pela coragem em fazer uma obra sincera, que abrirá as comportas, dizem, para outras ainda menos convencionais. Uma coisa é certa: ninguém fica imune a "Árvore da Vida.

MARCO  TOMAZZONI


A mim ,parece um filme super envolvente...e vocês,amigos,o que acharam?

5 comentários:

chica disse...

Deve ser interessante mesmo.Ainda não pude ver! beijos,tudo de bom,chica

Helena Chiarello disse...

Estive aqui hoje várias vezes pra "espiar" teu feed e não comentei essa postagem... rs

Não vi o filme, mas depois dessa sugestão, fiquei com muita vontade disso!

Beijo grandão, amigamada!

Glória Maria - Fadinha disse...

Quero ver! É muito difícil eu ir ao cinema. O som alto me deixa com muito mal estar. Detesto barulho. No cinema fico procurando o controle remoto para abaixar o som. Bom final de semana. Vem pro Rio? Se vier vá à Bienal. Beijinhos

Élys disse...

Não vi este filme , mas me paarece muito interessante,
Beijos.Bom fim de semana.

a casa do mato disse...

este filme e muito interresante so passei pra ti desejar um bom fim de semana deus a abençoe bj Erica

Minha querida e linda sobrinha Marcela, A vida é uma eterna ciranda a nos conduzir prá lá e pracá... e em uma destas voltas viemos para Tere...

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