Memórias de uma senhorinha
A casa da Baronesa e seus
mistérios
Enquanto os amigos preparavam o derradeiro lanche antes de
partirem, nossa senhorinha se encostou à balaustrada da antiga sacada e,
romântica que era, fechou os olhos e se pôs a imaginar... em seus pensamentos
vislumbrava a casa imaculadamente branca, com janelas azuis e muitas flores.
Trepadeiras cingiam o portão de grades finamente trabalhadas...
bouganvilles, madressilvas e rosas destacavam-se, misturando os aromas e colorindo as paredes brancas. Nos beirais
rendados,
colibris, pintassilgos e rouxinóis
soltavam os seus doces trinados, enquanto celeremente, preparavam os ninhos que
receberiam os primeiros filhotes. Uma escada de degraus de mármore esverdeado
recebia e acolhia os visitantes... uma bela porta trabalhada se abria para uma
saleta encantadora onde se destacava um belo lustre de cristal. Cortinas de
organza asseguravam o aconchego e uma
bruxuleante luz reberverava sobre os copos coloridos pousados,
elegantemente, sobre uma mesinha de
mogno.
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Havia observado na chegada, uma caixa de latão que a ação do tempo não destruíra...voltou então à realidade e se pôs a procurar a tal caixa. Não precisou procurar muito...em um dos cômodos a encontrou e , disposta a satisfazer a sua já conhecida curiosidade, tirou da bolsa um chaveiro em formato de abridor,companheiro fiel dos seus passeios.Munida desta ferramenta forçou um pouco a velha tampa da caixa e com facilidade conseguiu abri-la.Fotos e cartas a surpreenderam e, entre elas, a de uma jovem senhora de cabelos negros, caprichosamente trançados e presos com um belo laço de fita, lembrando-lhe a sua tia tão querida e saudosa.E, para seu total espanto, a foto fora tirada ao lado da mesinha de mogno onde,
surpreendentemente,sobre uma bandeja espelhada
se alinhavam os copos coloridos que imaginara.
Sonho? Ilusão? Jamais saberia a resposta...
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" O que os objetos são, em si mesmos,fora da maneira como nossa sensibilidade os recebe,permanece totalmente desconhecido para nós. Não conhecemos coisa alguma a não ser o nosso modo de perceber tais objetos- um modo que nos é peculiar- não necessariamente compartilhado por todos os seres..."
Kant
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Saiu de suas elucubrações e voltou à realidade, com as vozes dos amigos a chamá-la.Com ela seguiriam as lembranças daquele dia tão especial e, a diáfana cortina que separa a ilusão da realidade, continuaria em seus pensamentos.
Leninha Brandão
Amigos queridos,eu vou, mas voltarei...aguardem!!!
surpreendentemente,sobre uma bandeja espelhada
se alinhavam os copos coloridos que imaginara.
Sonho? Ilusão? Jamais saberia a resposta...
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" O que os objetos são, em si mesmos,fora da maneira como nossa sensibilidade os recebe,permanece totalmente desconhecido para nós. Não conhecemos coisa alguma a não ser o nosso modo de perceber tais objetos- um modo que nos é peculiar- não necessariamente compartilhado por todos os seres..."
Kant
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Saiu de suas elucubrações e voltou à realidade, com as vozes dos amigos a chamá-la.Com ela seguiriam as lembranças daquele dia tão especial e, a diáfana cortina que separa a ilusão da realidade, continuaria em seus pensamentos.
Leninha Brandão
Amigos queridos,eu vou, mas voltarei...aguardem!!!
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8 comentários:
Amo seus escritos! E hoje você se superou! Um conto instigante que nos leva a viver a história junto com a personagem. Continue a contar...estaremos aguardando!
Ah, que mágico, minha amiga!! Beijos
Marilda querida, obrigada pelo seu carinho! Fiquei sensibilizada com a doçura de suas palavras!
Minha querida amiga Dalva,
Alegro-me que tenha apreciado... escrever contos não é minha especialidade e sim de meu neto. Foi uma tentativa apenas. Um beijo carinhoso para você!
Quero mais das tuas memórias... já estou esperando...
Beijos,
Valéria
Pois terás, minha querida! Muito obrigada pela visita e pelo seu carinho.
Um beijo e um abraço apertado!
... e regressei, minha querida Leninha depois de uns tempos que me retiveram.
E, tal como eu sabia, aqui está, para conforto dos que te visitam, a tua imaginação regada de cores e afectos como só tu sabes.
Depois, é ver a minúcia como descreves os pormenores,desde os exteriores coloridos, até às flores tão delicadas e pássaros românticos, numa tal paleta de palavras, como só os avisados escritores são capazes.
Entras- e pasme-se- vais "inventar" a caixinha que não é uma caixinha qualquer, e pormenorizas- de latão! E vais encontrar um segredo, com o retrato da senhora de seu tempo, cujo penteado não escapa ao teu olhar...E os copos? os que me lembram os da casa da minha avó e onde nem a fotografia falta...
Que dizer? Arrasas, sempre! e tens um estilo tão genial! Maravilhoso!
Agora...vais deixar a casa da Baronesa com a recordação do retrato? E quem era a Baronesa? Vivia sozinha? E as festas? E os romances escondidos nas cortinas?
És capaz de dizer como os vês?
Não tenhas pressa...a nossa Senhorinha também quer continuar - e deve- com a sua história.
Beijinho carinhoso, minha querida
...e regressastes com as mãos cheias de flores e o coração de carinhos, a sensibilidade aflorada e a mente repleta de gentis palavras para mimosear esta tua amiga que, comovida demais, lisonjeada ao extremo não encontra a palavra acertada para dizer do sentimento de gratidão ao ler tuas doces palavras.
Valeu a pena aguardar o teu comentário, como vale muito a pena este sentimento que une corações separados pelo oceano, porém batendo em uníssono...sempre.
Obrigada , minha terna e doce Manu.
Vamos sim desvendar os segredos da misteriosa baronesa...haverá , decerto, belas histórias para vislumbrarmos.
Um beijo e o meu carinho
Leninha
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