Memórias de uma senhorinha
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"Sempre tive pés falhos. Pés que falharam na vontade de prosseguir. Na ânsia de deixar pra trás. Que falharam na curiosidade de descobrir o que havia pela frente.
Sempre tive pés medrosos. Como será o solo ainda desconhecido? Movediço? Árido? Cheio de espinhos? Medos famintos que engoliram a necessidade de andar para frente.
Sempre tive pés tortos. Sempre pisei nas suas extremidades. Nunca de pé cheio. Talvez pelas incertezas da caminhada. Ou talvez porque viver é caminhar torto mesmo: cambaleando nas pernas, procurando por algo em que se apoiar.
Sempre tive pés que minavam meus movimentos. Que me deixavam parado, à espera do que nunca veio. Do que nunca viria.
Mas sempre abriguei, adormecida em algum lugar entre o joelho e o calcanhar, uma gota de coragem suficiente para dar ao meu pé a força para o próximo passo. Com pé direito. Em solo fértil. Ao encontro da flor que me recebeu com um sorriso. Que me fez desabrochar.“
Sempre tive pés tortos. Sempre pisei nas suas extremidades. Nunca de pé cheio. Talvez pelas incertezas da caminhada. Ou talvez porque viver é caminhar torto mesmo: cambaleando nas pernas, procurando por algo em que se apoiar.
Sempre tive pés que minavam meus movimentos. Que me deixavam parado, à espera do que nunca veio. Do que nunca viria.
Mas sempre abriguei, adormecida em algum lugar entre o joelho e o calcanhar, uma gota de coragem suficiente para dar ao meu pé a força para o próximo passo. Com pé direito. Em solo fértil. Ao encontro da flor que me recebeu com um sorriso. Que me fez desabrochar.“
(João Célio Caneschi)
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E as palavras do poeta martelavam em sua cabeça enquanto o carro engolia a distância que os separava da resposta tão esperada.
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E nossa amiguinha meditava, alheia ao movimento e à chuvinha
fina que molhava a pista e dificultava a visão. Sempre alimentara a esperança de
um dia morar em um lugar “para sempre”... Resende Costa se afigurara este local
e já se via velhinha, visitando o asilo, convivendo com a amiga Tininha e
sentindo o tempo escorregando preguiçosamente por entre os seus dedos... seus
pés percorreriam as mesmas ruas e ladeiras, seu olhar se demoraria nas longínquas
montanhas e suas mãos criariam rugas enquanto deslizassem sobre a trama
daquelas colchas coloridas.
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Enfim chegaram à Barbacena, cidade que exercia sobre ela um encanto inexplicável... suas casas coloniais, a tradição das antigas famílias, o belo Jardim do Globo, a imponente residencia dos Andradas ( O solar de tantas histórias), a Estação da Central do Brasil, a Matriz de Nossa Sra da Piedade...enfim, aquele ar de "antigamente" que ela tanto apreciava e parecia fazer parte de "outras vidas"...
Era necessário procurar o endereço do proprietário da residência e deixar os devaneios...
Informaram-se e para lá se dirigiram. Era uma papelaria muito simpática no Beco Treze de Maio.Foram atendidos por uma senhora de agradável fisionomia que logo solicitou a presença do Sr. Mourão, também solícito e agradável. Inicialmente não demonstrou o mínimo interesse em alugar a casa, construída para o filho e que lhe trazia tristes lembranças... bastou-lhe porém escutar os motivos de nossa senhorinha e seus convincentes argumentos, para que mudasse de ideia. Combinaram os detalhes , assinaram o contrato e pronto!!! , estava feito, já eram as inquilinas do simpático senhor. Agora era voltar à Dores de Campos e conhecer a nova residência.E agradecer ao Eterno... e ao jovem rapaz que havia dado as informações.
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E vamos deixar para a próxima conversa a visita à casa tão desejada.
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Eu vou, mas voltarei... aguardem!
Leninha Brandão
11 comentários:
Suas memorias são verdadeiros sonhos e encantos. Fico encantada quando leio seu causos. Lindas histórias vividas!!!! Bjss
Obrigada, minha querida! Suas palavras são um incentivo para que eu continue escrevendo!
Um beijo carinhoso!!!
Voltei no tempo, Estive em Barbacena e amei aquela linda cidade, lindas memórias da senhorinha. Muito bom seu conto!
Feliz e abençoado domingo!
Bjs!
Muito grata pela visita e pelas amáveis palavras! Volte sempre!!!
Um beijo.
Um prazer te acompanhar nessas memórias tão bem contadas! Lindo! bjs, chica e ótima semana!
Deixou-me curiosa, Leninha. Claro que vou acompanhar sua história.
Beijo e boa semana.
Leninha,
..."abriguei, adormecida em algum lugar entre o joelho e o calcanhar, uma gota de coragem suficiente para dar ao meu pé a força para o próximo passo."
Encantada, senhorinha, pois seu texto todo expressa essa coragem - a de ir caminhando até hoje para encontrar seu paraíso acolhedor e pleno de reminicencias.
E me pergunto: Existe? Realmente você para lá irá?
Também como a Lúcia, estou curiosa.
Apesar de saber que onde você estiver -- criará esse deslumbramento pois essa senhorinha ainda tem muito a nos contar, novos lugares.
Todos vistos pelo belo foco do seu olhar.
Beijos, minha querida!
* ah... aqui me deliciando pois eu sempre tive pés de pisar em poças d´água. Até hoje. Estou me analisando( acho que sei) rs
E essa coragem na dita panturrilha!
Leninha,
Não conheço Barbacena, mas foi palco de um Carnaval que levou um ex-namorado a pular um muro e sem volta! rsss
Bjs
Tesouros de Memórias duma sensibilidade marcante.
Gostei de "olhar" Barbacena.
Beijo
SOL
Oi Leninha! Que crônica mais linda essa usada na abertura do post...amei!!
A vida é um emaranhado de linhas e de repente alguém desata um nó de cá ou de lá...o futuro dirá se foi bom ou não. E vamos seguindo para saber os novos rumos!
Beijos!
Querida Leninha
Como apreciei essa citação de João Célio!
E depois, a sua narrativa! Senti que saltava dentro do carro, de acordo com o piso.Julgo que ainda não havia cinto de segurança...
Obrigada por essa viagem.
Lindas fotos!
Um beijinho
Beatriz
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