SONHOS E ENCANTOS

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segunda-feira, outubro 21, 2019

Memórias de uma senhorinha

E a nossa senhorinha está de volta..ao pé de seu fogão à lenha,enquanto a água ferve para passar um café, se debruça sobre a primeira carta,percebendo pela caligrafia elegante, embora trêmula, o traço refinado de uma dama antiga(seria a própria baronesa?)
Pára um instante, coloca a água fervente sobre o pó e logo o aroma se espalha pela cozinha, atraindo os amigos que na sala esperavam por este momento.O amigo Beto ( o predileto),se aproxima enquanto os demais aguardam que ele seja servido. Tomam depois assento à mesa e saboreiam o cafezinho. Após conversarem um pouco todos se despedem e vão para as suas casas deixando a nossa amiga à vontade para desvendar o mistério da carta. ............................................
Mãos cuidadosas rompem o lacre já escurecido pelo tempo.Uma pétala de rosa, já sem cor, cai sobre o seu colo...e as primeiras palavras saltam aos seus olhos:


Meu amado,
Quando leres estas linhas já estarei do outro lado do oceano...sinto-me sem forças para lutar contra tudo e contra todos. Meu pai descobriu que nos encontrávamos e não aceitou de forma alguma o nosso amor. Nem mesmo teu nome pode ser pronunciado nesta casa. Uma maldição pesa sobre nós e tenho medo do que possa te acontecer. Não tente me encontrar...é perigoso demais.
Nosso filho nascerá a salvo de meu pai e de seus capangas. Eu o protegerei com minha própria vida, se necessário for.
Tua, sempre tua,
Alice
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Nossa senhorinha termina a leitura e seu pensamento a conduz à casa da baronesa, visualizando uma linda moça, debruçada sobre uma elegante escrivaninha com os longos cabelos espalhados sobre a carta, ponto final de um tresloucado romance que havia tomado conta de seu coração e de sua mente durante o passeio à Corte.Menina provinciana, criada no campo,se deslumbrara com as festas e com a atenção de um garboso tenente da guarda da Imperatriz. Mal sabia que as suas famílias eram inimigas e que os pais se odiavam.Para proteger o amado decidira, após longos dias de incerteza e dúvida,partir para uma aldeia bem distante na terra de seus antepassados, Portugal, onde decerto estaria a salvo. 
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Enquanto a nossa senhorinha viajava no tempo e no espaço, mergulhada em sua fértil imaginação, o dia já se despedia...a última luz se extinguia lentamente e só os lampejos do pôr do sol tremeluziam no fim da rua, avistada por ela de sua janela envidraçada...era a sua hora preferida, a hora do Angelus, os sinos repicavam na Igrejinha e não mais deveria se entregar aos devaneios. 
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E também eu me despeço deixando para outro dia as Memórias de uma Senhorinha.

Leninha Brandão


14 comentários:

chica disse...

Oi,Leninha!
Que coisa boa te ver de volta trazendo mais memorias dessa senhorinha! Adorei! Beijos e tudo de bom,vê se não some novamente,rs...chica

Roselia Bezerra disse...

Boa noite de paz, querida amiga Leninha!
Poxa! Que surpresa boa! Que saudade, amiga!
Tão bom ler seus escritos tão românticos e com um conteúdo tão diferenciado!
Fique conosco, minha amiga!
Tenha dias abencoados!
Bjm carinhoso e fraterno de paz e bem

Leninha Brandão disse...

Querida amiga Chica,
Como sempre a primeira a comentar...uma grande alegria para mim , saber que posso contar com você e sua presença tão amiga. Obrigada, minha querida!!!

Leninha Brandão disse...

Rosélia querida,
Também para mim é um enorme prazer voltar e encontrar você,sempre amiga!!!!Obrigada!!!

Élys disse...

Oi, Leninha, também estava afastado por um empo e estou retornando. Muito bom ler o que escreves.
Um abraço.
Élys.

Leninha Brandão disse...

Oi amigo Élys!
Que bom saber que retornamos juntos! Amanhã eu irei visitar o seu blog!Um beijo!!!!

manuela barroso disse...

Como fazer um comentário, se chegando a tua casa revivi todo o encanto e saudades desta Senhorinha?
Foi como se o tempo tivesse parado e me desse asas para percorrer o teu mundo
num maravilhoso remanso de placidez no recanto do fogão e sabedoria na tua arte de bem escrever!
Reconheci a casa abandonada naquele dia, e o baú logo me chamou para a tua imaginação.
Mas sempre reconheceste o seu valor e a história daquelas cartas, que tão bem ilustraste, eram o prelúdio de algo que seria belo e ao mesmo tempo enigmático.
E encontraste o segredo de tão inquietante situação, não sem antes preparar o terreno, qual Poirot, de comtenplares os amigos com o cafezinho...
Obrigada, minha doce Leninha por voltares a maravilhar com o teu estilo tão único, tão vivo.
Conseguiste prender de tal forma que fico curiosa pelo rumo com que a nossa Senhorinha, vai dar continuidade a este caso de Amor e Perdição.
Muiitos Parabéns e não esqueças o que prometeste
Volta sempre!
Bji carinhoso!

Toninho disse...

Que momento lindo estar a navegar pela internet e reencontrar a Senhorinha de longos anos atrás com suas cartas e histórias.
Que bom Leninha vir ler mais uma de suas pérolas com esta emotiva carta e aguçar a curiosidade do que virá.
Amei sua volta amiga.
Beijo e que a semana esteja bela.
Um abração.

Maria Luiza disse...

Que alegria, Leninha ler-te aqui novamente ! Desejo-lhe muita saúde e vontade férrea de que voltes ao seu blogue! Como sempre lindo texto! Abraço longo e forte!

Renata Guidinha disse...

Ah!...Que saudade dessa senhorinha a fazer mais ternos os meus dias com seus relatos! Leninha,querida! Você nem imagina a alegria que sinto ao vê-la retomando o seu contar...Bjks

Dalva Rodrigues disse...

Leninha, que bacana a atualização das memórias...
finalmente, a senhorinha sendo presenteada com uma história de amor que já me deixa novamente curiosa na continuação desta.
Abração!

Leninha Brandão disse...

Renata querida, foi também com imensa alegria que li as suas palavras tão carinhosas. Obrigada, minha querida amiga.

Leninha Brandão disse...

Dalva sempre querida e lembrada por mim. Estou em estado de graça por retornar e encontrar as fiéis amigas de tanto tempo. E com tantas palavras de incentivo. Obrigada, muito obrigada mesmo!!!!!

Leninha Brandão disse...

Manu muito querida,
Sempre me emocionas com teus comentários , verdade seja dita e me fazes ruborizar com tuas considerações tão doces e gentis. Tentarei corresponder as tuas expectativas... não sei se vou conseguir.De qualquer maneira tentarei. As ideias se atropelam em minha mente, em um burburinho desafiador e insistente e devo organizá-las, escolhendo um caminho que traga ainda o romantismo, porém entremeado pelo sofrimento da linda baronesa...ao mesmo tempo, não posso abandonar as lembranças e emoções da nossa senhorinha, resgatando a memória de um tempo muito rico de acontecimentos e repleto de aromas, temperos e descobertas...em todos os sentidos e não apenas no culinário. Como vês são muitas as encruzilhadas e mister se faz tomar o rumo certo.
Com muito carinho, o meu afago.

22 outubro, 2019 19:11

Minha querida e linda sobrinha Marcela, A vida é uma eterna ciranda a nos conduzir prá lá e pracá... e em uma destas voltas viemos para Tere...

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