As palavras do poeta martelavam em sua cabeça... sabia do cair e do
levantar também... tantas vezes experimentara o caminho resvaloso e não ficara
inquieta nem triste por estas armadilhas da vida. Aprendeu a ficar de cabeça
erguida e sempre alegre caminhava por seus caminhos. Algumas rosas
colhidas, alguns espinhos nada
agradáveis, porém no peito uma confiança imensa no futuro e na Providência
divina.
Enquanto fazia a lista dos materiais necessários à sua turminha
pensava que valia a pena confiar e crer... as rosas estavam aí.
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Mãos à obra, portanto,
que o Tempo assim exige. Não vou
me deter nas compras, nos detalhes
burocráticos para finalizar o processo, nem nas andanças em busca de um preço
mais justo. A viagem não se resume ao chão que descalços pisamos e sentimos...
ela está contida nos sentimentos que devagarinho vão nos povoando e no brilho que invade a nossa alma e transborda pelos nossos olhos.
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E eis que, como em um passe de mágica, a sala ficou pronta! Rufemos os tambores para receber os
principais protagonistas desta história!
Que chegaram, tímidos e envergonhados, àquela que seria a sala dos sonhos de
qualquer criança e que, eles, sempre tão
menosprezados por todos, haviam conquistado graças àquele moço gentil e
atencioso que viera de longe... trazido por um anjo talvez ...
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Bolas coloridas que enfeitavam a entrada e uma farta mesa de
café da manhã os receberam. O som da alegria vinha na voz das crianças da Turma do Balão
Mágico... com o disco rodando na
eletrolinha, os enfeites na
parede, as mesinhas dispostas em círculo
e o belo armário repleto de cores, o encantamento era total... lápis,
cadernos, livros de histórias e, sobre cada mesinha, uma bandeja com as
delícias especialmente feitas para eles.
Haviam ensaiado um jogral para homenagear o agora amigo Neil.
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Devo, porém, fazer um parêntesis para contar-lhes sobre a
véspera da festa. Munida de sabonete, shampoo, pente e toalhas, nossa amiguinha
fez a toalete de cada um (alguns nem sequer penteavam os cabelos antes de vir à
escola). Eram treze alunos e ela se dedicou a cada um.
Imaginem a ansiedade que invadia aquelas cabecinhas ao se prepararem... uma das meninas, a Janete, não tinha mesmo tempo de se arrumar. Cuidava de três irmãozinhos menores desde que havia perdido a mãe. O pai trabalhava muito e a encarregara do trabalho materno... doze anos e o olhar perdido e triste de uma pessoa mais velha. Quando a nossa senhorinha começou a lavar-lhe os cabelos, antes embaraçados e desbotados, começou a surgir uma linda cabeleira loura a emoldurar um rostinho de porcelana. Os olhinhos azuis criaram um novo brilho e um sorriso enfeitou aquele rostinho antes tão tristonho. A blusinha nova, uma sainha, sandálias nos pés limpinhos e, para arrematar, um laço de fita da cor dos seus olhos. Foi uma nova menina que ela levou para a sala... as crianças a olhavam sem acreditar... de repente, um dos meninos falou, interrompendo o silêncio :
Imaginem a ansiedade que invadia aquelas cabecinhas ao se prepararem... uma das meninas, a Janete, não tinha mesmo tempo de se arrumar. Cuidava de três irmãozinhos menores desde que havia perdido a mãe. O pai trabalhava muito e a encarregara do trabalho materno... doze anos e o olhar perdido e triste de uma pessoa mais velha. Quando a nossa senhorinha começou a lavar-lhe os cabelos, antes embaraçados e desbotados, começou a surgir uma linda cabeleira loura a emoldurar um rostinho de porcelana. Os olhinhos azuis criaram um novo brilho e um sorriso enfeitou aquele rostinho antes tão tristonho. A blusinha nova, uma sainha, sandálias nos pés limpinhos e, para arrematar, um laço de fita da cor dos seus olhos. Foi uma nova menina que ela levou para a sala... as crianças a olhavam sem acreditar... de repente, um dos meninos falou, interrompendo o silêncio :
"Gente, a Janete é
BONITA! "
A emoção foi muito grande e nossa senhorinha teve que disfarçar
a lagrimazinha que teimava em querer cair.
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Voltemos à festa, antes que a emoção se repita...
O jogral foi um sucesso!
Os meninos, entusiasmados,
felizes com os aplausos. E uma homenagem tocante ao amigo Neil , encerrou a festa.
Ele se foi, voltou para a Austrália, porém mora até hoje em
meu coração e no de cada uma daquelas crianças.
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E assim vamos encerrando por hoje. Mas eu voltarei, meus amigos.
Com certeza!
Leninha Brandão