SONHOS E ENCANTOS

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quarta-feira, maio 13, 2020

MEMÓRIAS DE UMA SENHORINHA



Bandolins



    E a nossa menina,romântica e cheia de ilusões tem a sua primeira decepção: terá que viajar para Belo Horizonte, afim de conhecer a avó do marido e seus tios que não puderam ir ao casamento.


 

Uma nova viagem  em sua vida,em um luxuoso trem, completamente diferente daqueles nos quais viajara um dia.

Depois do
Cruzeiro do Sul, do Noturno Mineiro, N-1 e N-2, do Rápido R-1 e R-2 foi
a vez dos magníficos e gloriosos trens Vera Cruz e Santa Cruz,
novamente entre o Rio de Janeiro e Belo Horizonte no caso do Vera Cruz e
entre Rio de Janeiro e São Paulo, no caso do Santa Cruz.


Foi com
assombro e grande deslumbramento que a sociedade brasileira, acostumada
com os carros de madeira e os de aço carbono da ACF, ainda que luxuosos e
sofisticados, contemplou os belíssimos carros Budd em aço inóx,
chamando os trens por eles formados de "Trem de aço", "Trem de luxo"
dentre outros .

    E como a bailarina da melodia, ela se preparava para um sonho,ao som dos bandolins... e ela já começava a achar a valsa um pouco triste,apesar do aparato que a cercava.A família os esperava na grande estação.Tios sisudos e esposas orgulhosas.Sentia-se em um filme para o qual não havia sido ensaiada.



Era uma menina ingênua e acanhada,não estava habituada ao convívio de pessoas de alta estirpe.Os dias passados em Belo Horizonte nunca mais sairiam de sua memória.

A avozinha, simpática e bondosa a acolheu com carinho e, talvez tenha se enxergado naquela menina simples e terna. Foi um bálsamo encontrá-la.

Após alguns intermináveis dias de jantares pomposos, nos quais seus lindos vestidos afiguravam-se meros trapos diante das suntuosas roupagens daquelas senhoras, chegou o dia da partida. Seu coração agradecia a Deus pelo término daquela visita supliciante.

Novamente o trem a conduziu de volta ao Rio de Janeiro, onde , desta feita , se hospedou no Hotel Guanabara, na Av. Rio Branco. 



 Localizado
na esquina das Avenidas Presidente Vargas e Rio Branco,
bem próximo da Igreja da Candelária, Museu da
Marinha,  Museu de Belas
Artes, Museu da República,
Casa França Brasil, Teatro
Municipal
Biblioteca
Nacional
, Câmara do Vereadores, Mosteiro
de São Bento
.

E nossa menina, visitando todos estes locais,se maravilhava com a beleza do Rio de Janeiro, capital federal na época.E uma visita célebre aportaria à cidade e do hotel ela poderia assistir às solenidades.

"Ao som dos hinos nacionais de Portugal e do Brasil, do bimbalhar
dos sinos das igrejas, do estrugir dos foguetes que sobem aos ares, das
sereias dos navios na Baía de Guanabara, desembarca no Cais do Arsenal
de Marinha o Presidente de Portugal.

Depois de 1808, quando chegou ao Rio de Janeiro o Príncipe-Regente
D. João VI, é o General Craveiro Lopes o segundo Chefe-de-Estado de
Portugal que vem visitar o Brasil".

E os sentimentos se multiplicavam na cabeça de nossa menina... entusiasmo por estar participando de um momento histórico da vida do seu país e emoção incontida ao se ver e se sentir fazendo parte destas solenidades, mesmo que à distância.
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Recepcionado pelo Presidente Juscelino Kubitschek, 
ambos desfilaram pela Avenida Atlântica em carro 
aberto, coisa impensável nos dias atuais, quando os 
governantes têm que se esconder do povo.

Os gritos de "Viva Portugal" e "Viva o Brasil"! ecoavam 
na avenida. O entusiasmo tomava conta do povo!
Fonte: Blog Saudades do Rio
luizd.rio@uol
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E durante uma semana a nossa menina que um dia foi de 

cachos, depois de tranças e, mais tarde de cabelo Chanel,
se alegrou com as festas e não queria perder nem um
detalhe.
E,assim , me despeço, prometendo voltar o mais

brevemente possível.

12 comentários:

Jô Turquezza disse...

Estou gostando demais de ler tudo isso!
Voltarei sempre.
blogjoturquezzamundial
Beijos.

chica disse...

Que maravilha,Leninha! Romantismo, visita de Craveiro Lopes, lembro tanto e adoro os bandolins e a música...LINDO te ler! bjs, chica

Leninha Brandão disse...

Minha querida amiga Jô,
Nestes dias de sufocante quarentena é um bálsamo rever uma amiga de tantos anos e saber que está gostando de ler as minhas Memórias. Um dia, se Deus quiser estarão em um livro.
Irei retribuir, hoje mesmo, a sua delicada visita.
Um beijo carinhoso, amiga!!!

Leninha Brandão disse...

Chica muito querida,
É sempre um prazer imenso receber as suas carinhosas palavras! Você é um incentivo que não me deixa desistir de publicar. Tenho feito a revisão e mudado a roupagem do que já havia escrito... e a música Bandolins é uma de minhas prediletas. Bom saber que também gosta!
Um beijo e um abraço!!!

Roselia Bezerra disse...

Boa noite de fé e esperança, querida amiga Leninha!
Que riqueza de recordação!
Confesso que me deslumbrei com este post, todo emocionante, com a graciosidade do 💙 da senhorinha que soube ultrapassar um convívio não habitual e se saiu muito bem, por sinal
Adorei tudinho e ansiosa pelo que acontecerá na fase do cabelo chanel🥰.
Tenha uma noite abençoada!
Bjm carinhoso e fraterno

Leninha Brandão disse...

Boa noite amiga Rosélia!
Não foi nada fácil para a nossa amiguinha enfrentar a família "real"... era muito tímida e eles não tornaram nada fácil para ela. Só a vovó a socorreu e procurou conversar de maneira normal e gentil com uma assustada menina que não estava habituada à tanta "pompa".
Era recém formada e não possuía o traquejo necessário para enfrentar palestras intelectuais...
Mais à frente ela adquirirá este controle, porém na época era muito ingênua, bobinha mesmo.
Uma abençoada noite para você também, minha querida!
um beijo!!!

Dalva Rodrigues disse...

E a recém casada se viu valsando em outros ares, imagino que foi um "divisor de águas" para a nova vida e tudo que ela traria a partir desses acontecimentos na cabeça de uma jovem senhora.
Esses trens me remetem aos trens dos filmes de antigamente...são tão poéticos!!
Adorei a leitura, abração, querida, Leninha!

Beatriz Bragança disse...

Querida Leninha
Tão simples, tão natural e tão bem recebida pela alta estirpe da família «in law»! Imagino que tenha sido difícil a convivência, mas a viagem foi boa e..., como gostei da sua companhia! Viajar de comboio é cómodo, ainda para mais quando se trata de carruagens de luxo.
Revivi o tempo em que tivemos como Presidente Craveiro Lopes: estava nas paredes das nossas salas de aula do ensino básico - O Presidente e o Primeiro Ministro, sempre.
Que boa leitura!
Um beijinho
Beatriz

Leninha Brandão disse...

Beatriz querida,
Obrigada por suas palavras tão carinhosas e de incentivo sempre.
A visita de Craveiro Lopes permaneceu em minha memória durante um bom tempo. Foi muito marcante.
E viajar de trem sempre foi uma experiência muito agradável em minha vida. Infelizmente não o faço mais. São poucos os trens por aqui.
Gratidão por seu comentário, minha querida!

Leninha Brandão disse...

Dalva querida,
E o foi, realmente, amiga! Ver uma família tão diferente da sua, ouvir as conversas tão intelectualmente distantes de seu mundo, foi um motivo para mergulhar em um estudo da personalidade humana e suas variáveis. Foi também um modo de perceber como não trataria nunca um outro ser humano.
Ah, minha querida, os trens eram tudo de bom! Confortáveis, luxuosos e com cabines separadas, verdadeiras suítes. A impressão era que estava dentro de um daqueles filmes românticos que tanto amava.
Obrigada por suas carinhosas palavras!
Um beijo!

manuela barroso disse...

Tardia , mas sempre contigo agora como antes quando seguia as tuas crónicas e me deliciaste com a tua história de vida e tua forma tão realista de escrever.
Mas como foi capaz , a menina sonhadora , de agora se conter perante uma situação tão nova quanto severamente sisuda?
O sonho comanda a vida e enquanto isto, a realidade chegará quando se acordar .
Mas foi deveras emocionante toda essa transição com passeios e vivências ímpares , Leninha !
Deviam ser fantásticas essas viagens nesses trens , com todo o conforto e logo em lua de mel !
Sem dúvida , uma princesa , minha querida Leninha !
Grande Beijinho ❤️

Leninha Brandão disse...

Manu muito querida,
A nossa menina era assim mesmo, tão intensa quanto tímida ao enfrentar situações muito diferentes do seu modo de vida habitual. A família era de uma intelectualidade à qual ela não estava acostumada e que só havia visto nos filmes sobre a aristocracia. E também nos livros que devorava , tanto na biblioteca quanto na pequena estante de sua casa. Então ficava difícil pra ela acompanhar as conversas sobre política, sobre arte moderna ( havia belas obras de pintores renomados nas paredes da sala).
Apesar de se achar muito madura, neste local se sentiu uma criança no meio de adultos. Hoje eu analiso estes fatos e penso que o erro foi da família, que deveria ter conduzido a conversa para temas mais adequados para uma recém casada tão tímida e tão jovem.
Ah, Manu, os trens foram uma experiência muito emocionante. E também a visita do Presidente Craveiro Lopes, a beleza dos desfiles representaram quase que uma visita a Portugal, terra de seus bisavós.
Obrigada por suas carinhosas palavras, minha querida!
Um beijo e um afago!

Minha querida e linda sobrinha Marcela, A vida é uma eterna ciranda a nos conduzir prá lá e pracá... e em uma destas voltas viemos para Tere...

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