Memórias de uma senhorinha
A casa da Baronesa
Ouvindo o canto das maritacas, nesta tarde embruscada de uma
primavera fora de todos os padrões, me vem à memória os passeios em Dores de
Campos , os amigos que lá deixei, a senhorinha na flor da idade e seus
passeios com os amigos. Revendo um álbum de fotos encontrei-a , risonha e feliz
usufruindo a sua primavera e a doçura daqueles momentos.
E foi numa manhã também embruscada de primavera que nossa senhorinha preparou uma " matula" e saiu com os amigos para conhecer a casa da baronesa, uma ruína do que fora, outrora , uma suntuosa casa da nobreza mineira.Poucos sabiam a origem e quais teriam sido os habitantes desta casa que, imponente,
se destacava na paisagem.Ali perto a velha e abandonada estação de trem , serviu-lhes de abrigo para saborearem a merenda, preparada com carinho.
Nas fotos, a alegria de todos e a beleza do lugar.
.............................................................
Após a merenda foram explorar a casa ,cuja beleza se adivinhava naquelas ruínas...e , bastava fechar os olhos e imaginar aqueles salões repletos de pessoas elegantes dançando ao som de uma orquestra de sonhos.Quantas histórias devem ter se desenrolado naqueles aposentos,quantos risos e quantas lágrimas...crianças barulhentas correndo e brincando, com as suas alegres vozes a preencher os espaços e os ouvidos dos pais...
...e pisavam devagarinho, com medo de invadir as lembranças que, envoltas em ternura e magia,habitavam aquele recanto do passado.Quantas partidas e chegadas, quantas juras de amor, quantos nascimentos e quantas mortes aquelas paredes silenciosamente presenciaram...
............................................
A vida muda num instante, como tão lindamente descreveu a escritora americana Joan Didion, em seu livro autobiográfico O Ano do Pensamento Mágico:
“A vida se transforma rapidamente. A vida muda num instante. Você se senta para jantar e aquela vida que você conhecia acaba de repente.”
............................................
Um novo cenário havia sido construído e outras vozes preenchiam aqueles salões nos quais a vida fervilhara outrora.A melancolia parecia invadir os pensamentos dos amigos, enquanto terminavam a visita.Uma chuva primaveril deu o ar de sua graça transformando as cores e tornando brilhantes as belas vidraças que haviam, bravamente,resistido ao tempo.
Era hora de partir e deixar no passado a magia daqueles momentos.
Outros passeios virão...
Eu vou, porém voltarei...aguardem!
Era hora de partir e deixar no passado a magia daqueles momentos.
Outros passeios virão...
Eu vou, porém voltarei...aguardem!
Leninha Brandão