SONHOS E ENCANTOS

SONHOS E ENCANTOS

quinta-feira, março 01, 2012

Minhas memórias de menina(minha irmã Tê)

A menina de cachos e seus pais






Para falarmos da irmã,teremos que fazer uma pequena visita ao passado,à casa dos avós e à meninice de nossa menina.



Ainda em Manhumirim(o trem não fazia parte de suas vidas),a nossa menina de cachos,com cinco anos,foi agraciada com um presente de Deus e de seus pais:uma irmãzinha,linda e meiga,a quem foi dado o nome de Teresinha Maria,em homenagem à santinha de devoção da mãe.,que fazia parte da irmandade de Sta Teresinha do Menino Jesus.E a mãe,piedosa,contava-lhes a história da santinha e elas se emocionavam com a beleza desta e os sacrifícios a que se submetia.                                            


O nascimento da irmã foi uma alegria para nossa menina dos cachos.Só lamentava o tamanho da irmã...como brincar com ela,queria tanto uma companhia...

......mas gostava de exibí-la às visitas,como se fora uma boneca,um novo e precioso brinquedo...
       Era um encanto de criança,sorria para todos e dificilmente chorava...rostinho redondo,narizinho arrebitado e cachinhos castanhos.Com todos estes atributos a todos conquistava e nossa menina de negros cachos,alegre,porém geniosa,sentiu-se um pouco preterida,principalmente no carinho do pai,a quem muito amava e de quem sentia um enorme ciume.
Por sua natureza e seus efeitos, o ciúme se aproxima da inveja. Porém, entre ciúme e inveja permanecem algumas diferenças. Na inveja, sentimos que outros possuem um bem que desejamos para nós, enquanto no ciúme  entendemos um bem que julgamos nosso e que não desejamos ver partilhado com outrem. (Pierre Charon)

Porém o tempo passou,célere e absoluto e vamos encontrá-las,já maiores ,em Muriaé,estudando no mesmo colégio e se sentindo mais próximas,apesar da diferença de idade que as separava...a irmã era tímida e gostava de ficar em casa,brincando com suas bonecas e suas mobilinhas de casinha.Uma coisa possuiam em comum:ambas gostavam
de ler e de estudar(a irmã, mais que ela ,estudava muito),de escrever,de música e de cinema.Aos domingos,após o almoço,a matinê era sagrada.Alguns filmes de que gostaram muito:
-Cantando na chuva
-As neves do Kilimanjaro
-Luzes da Ribalta
-Ivanhoé,o vingador do rei
-A princesa e o plebeu 
-A um passo da eternidade
-Lili
E vários outros,naquele cinema de interior,as faziam vibrar e sonhar com um mundo distante e iluminado,com seus astros e estrelas inatingíveis.
E sonhavam muito as meninas daquela época...mergulhavam nos livros de M.Delly e viam a vida com óculos cor de rosa...príncipes encantados e galãs de Hollywood,Bonequinhas de Luxo e Noviças Rebeldes,alimentavam seus sonhos e sua imaginação...com suas saias rodadas rodopiavam em grandes e majestosos salões... suas sandalinhas de saltinho dois e meio as conduziam a um mundo ideal,utópico talvez,mas para elas,as fadas e princesas de outrora,legítimo e realizável.
Quando foi que o sonho acabou?


 

Biblioteca das Moças foi uma coleção de romances publicada pela Companhia Editora Nacional, no Brasil, entre 1920 e 1960, especializada em literatura para jovens mulheres. A coleção era composta por cerca de 180 volumes, compreendendo romances de vários autores, a grande maioria assinada por M. Delly. Publicados entre 1920 e 1960 pela Companhia Editora Nacional, de São Paulo, com a reedição de alguns exemplares nos anos 80. Os romances geralmente eram ambientados na França e possuíam enredos com estrutura bem definida[1]: o herói nobre e rico e a heroína plebéia e pobre, perfazendo uma trama complexa que finalizava com o casamento feliz, tal qual nos contos de fada. O casamento era apresentado como a redenção da mulher, e todos os romances terminavam com o encontro do herói com a "mocinha".




          E as duas irmãs,um belo dia,receberam a notícia:um novo bebê estava a caminho,e a mãe,que já não era tão nova,estava a inspirar cuidados.Uniram-se mais ainda,uma com quinze,a outra com dez anos,em uma tarefa:cuidar da casa,não deixando que a mãe se sobrecarregasse .E foi a avó,a encarregada de ensinar às duas as lidas da casa,varrer,encerar,lavar a louça e as PANELAS!!!Ai,que esta era a pior parte,mas onde encontravam uma forma de brincar(já haviam lido Pollyana e praticavam o "jogo do contente")...tinham que buscar cinza de arroz em um grande armazém e as pilhas de cinza(altíssimas e perigosas,pois havia braza embaixo)eram ótimas para se escorregar,mornas e macias.Deus as protegia e nunca se queimaram.
Todas as noites tomavam guaraná e dividiam a garrafa irmamente,colocando-a contra a luz para não errarem.Elas se amavam,muito,mas havia também momentos de briga,que a mãe resolvia,ternamente, na base do beliscão e do castigo.
      E nas férias iam para a praia,ou para Fervedouro,uma cidadezinha pequena onde havia um hotel com uma piscina de água mineral,corrente,na qual a irmã aprendeu rapidamente a nadar...e ela,com seu pavor à água,nem entrava. 
FERVEDOURO_MINAS GERAIS-Laudemar Martins Fonseca


 E a nossa menina,na companhia de sua irmã,passava as férias lendo e fazendo enormes caminhadas,neste lugar de clima privilegiado e de águas minerais saudáveis e curativas.E foi neste local,numa bela tarde,em que se deliciavam com o canto dos pássaros e viam o dia correr preguiçoso,que um pernilongo a picou na perna e deixou-a imobilizada por vários dias...era alérgica e ninguém disto suspeitava...sua perna inchou e se cobriu de feridas que escorriam e se propagavam.Havia um médico hospedado no hotel e,consultado,decretou:-Vamos ter que amputar esta perna.Mas  o pai não aceitou esta sentença e levou-a para Carangola,onde moravam os avós e um primo médico...ainda bem que o pai não aceitou a primeira opinião.A perna foi devidamente tratada e curada pelo primo.


Novamente interromperei o fluxo da narrativa.Voltarei daqui a uma semana...aguardem.

37 comentários:

mfc disse...

A revisitação às tuas memórias são um prazer de seguir!
Muitos beijinhos.

Elvira Carvalho disse...

Como já vai sendo habitual entramos na história e nos vemos parte dela de tal modo nos encanta.
Um abraço e bom Domingo.

Leh ou Helena disse...

Que lindo!
Volto para o final, mas já imaginando um final feliz, porque a fé e o amor a Deus é maior que tudo.

Bom domingo e excelente semana, amiga!

Beijos

manuela barroso disse...

Linda a tua forma, tão coloquial de contares a história da menina do cabelo aos caracóis!
Mas essa do pernilongo...(É assim?...) me deixou com um "oh"...!
E percebi sim , leninha querida,essa partilha que tiveste que fazer com a tua mana! Ah, querida ...o pior é vais crescer....crescer...e as panelas e a cozinha crescem, crescem...enquanto as bonecas e os jogos diminuem...diminuem...
São os ENCANTOS e os SONHOS que fazem de ti uma amiga linda e extraodinária!
Pareço longe, mas NÃO estou.
Como tu, volto.
Me espera
Te abraço muiiito!

SOL da Esteva disse...

Oooohhh, Leninha!...

...Não! Não quero que termine, mas acho pouco para tanta ternura e encanto.
Belos Relatos da Menina das tranças.

Beijos

SOL
http://acordarsonhando.blogspot.com/

Lúcia Bezerra de Paiva disse...

Cada pedaço, da sua encantadora narrativa, Leninha querida, é mais gostoso que o outro...e vou acompanhando com o interesse que me é peculiar...Digo peculiar, porque encontro algo em comum à minha vida, a cada capítulo..Neste, foi a surpresa em saber de uma nova gravidez na mãe querida. Mas lá em casa o "desfecho" foi bem outro...

Volto, para absorver (ou "sorver") o próximo episódio!

Um xêro!

ONG ALERTA disse...

Linda história, beijo Lisette.

LUCONI MARCIA MARIA disse...

Nossa meu anjo as suas lembranças me fazem muito bem, viajo nelas, até entro nas cenas, que absurdo amputar a perna, nossa é ainda bem que papai não acreditou, você escreve muito bem, deveria fazer um livro, acredite, beijos Luconi

Anônimo disse...

Leninha,
Maravilhosa sua história! De uma maneira simples consegues fazer uma maravilhosa narrativa que vai nos encantando conforme lemos.
Beijokas doces

Renata Guidinha disse...

Leninha do coração!
Estou aqui deitadinha (cansada que nem massa de pão após muito apanhar)lendo todas a suas postagens que não tinha conseguido ler ainda... Quase perco esse trem. Embora só esteja comentando nessa, já coloquei a leitura em dia (os comentários faço aos poucos - digitar deitada é dose). Cada dia fico mais encantada com suas narrativas e vou me enfiando por cantos e recantos mineiros a acompanhar a menina Leninha. Imagino como deve estar sendo emocionante escrever todas essas postagens,já que mesmo pra mim, tudo fica tão próximo e real.Estou esperando os próximos capítulos, desenhando em minha mente as personagens e a ambientação...
Obrigada por partilhar momentos tão ternos de sua vida, permitindo que viajemos por histórias que construíram a Leninha de hoje.
Bjks de alguém que se sente privilegiada em conhecê-la.
Renata

Anônimo disse...

Linda sua história dedezinha!!!!!



BJS!!!!! Marilda

Anônimo disse...

Linda sua história dedezinha!!!!!



BJS!!!!! Marilda

Anônimo disse...

Linda sua história dedezinha!!!!!



BJS!!!!! Marilda

Anônimo disse...

Linda sua história dedezinha!!!!!



BJS!!!!! Marilda

ValeriaC disse...

É agradabilíssimo te ler minha querida...é leve, vou imaginando as cenas, é como que com vocês eu estivesse...ainda bem que seu pai procurou outra opinião e ajuda .
Beijinhos...aguardo a continuação, ótima semana flor Leninha
Valéria

Mariazita disse...

Querida Leninha
Continuo a deliciar-me com as "aventuras" da menina dos cachinhos...
Que sorte ela teve em ganhar uma irmãzinha. Posso imaginar a alegria que foi para ela receber um presente tão lindo, ainda que ao princípio não pudesse brincar com ela como desejaria...
Mas o tempo voa! E rapidamente são jovenzinhas a ir ao cinema.
Lembro-me bem desses filmes, que também vi. Sabe que cá os títulos dos filmes (e dos livros) são muitas vezes diferentes de aí, mas dá para perceber de que se trata.
E também li os livros de M.Delly, e um pouco mais tarde os livros da "colecção azul" que a minha Mãe comprava à medida que eram publicados.
No fundo, as meninas são muito semelhantes nos seus gostos, seja qual for o país em que vivem.
É tao bom recordar... e nisso vc é uma óptima guia... Obrigada!

Beijinhos

chica disse...

Eu jurava ter comentado já.

Inclusive falei da coleção das MOÇAS,srsr Lembro bem ...Minha irmã pegou todas da casa de minha mãe e estavam cheias de cupim,rsrstraças e outros bichos mais...Acabou!

Adorei te ler!Mas acho que antes o comentário não entrou!!Coisas de blogger ou de chica maluca?

Menina no Sotão disse...

E eu confesso que estou aqui desejando mais. Querendo olhar além da paisagem e ir imaginando os detalhes que faltam... rs
Eu sei, sou apressada mesmo.
bacio

Vero Kraemer disse...

Leninha querida, que saudades!!!
Adorei as memórias, e esperarei ansiosa por novos capítulos. Fiquei lendo e vendo a história, demais!
Obrigada!!!
Te desejo uma semana abençoada
Bjosssssss
Vero

Moro em um Kinder Ovo disse...

Suas lembranças têm para mim um sabor muito especial (e você sabe disto)porque você fala de lugares que conheci, pessoas com quem também convivi e saudades que também são minhas. É estranho pensar que tivemos as mesmas experiências e somente fomos nos encontrar tantos anos depois, na internet.

Helena Chiarello disse...

E aos poucos, a gente vai conhecendo essa história gostosa e adorando fazer parte dela!

Sempre me divirto com as coisas que conta, e encontro bastante semelhança com as minhas lembranças também!

Continuamos na peleia aqui... Tá corridinho, mas bom demais da conta! rss

Um beijooo, amigamada!

Anne Lieri disse...

Leninha,que coisa essa parte de amputar a perna!Ainda bem que procuraram outro medico!Muito linda e interessante narrativa,eu adoro essas memorias!Bjs,

Patricia Galis disse...

Muito bacana este post, gosto muito de ver fotos.

CLEMENTE GERMANO MULLER disse...

Querida amiga Leninha. Hoje aprendi a diferença entre ciúmes e inveja, muito bom. Nossa, por pouco uma simples mordida de mosquito amputa uma perna... ainda bem que o teu pai procurou outra opinião. Um grande beijo, FIQUE COM DEUS.

Liz - Como as Cerejas da Minha Janela... disse...

Amiga muito muito muito querida!!! que saudades imensas de voce!!! te agradeço todo carinho e preocupação comigo. Recebi todas as suas mensagens e ficava sempre muito feliz. Tem algumas que ainda não li. Mas estão guardadas em uma pasta esperando a leitura, com certeza! obrigada por todo o carinho! voltei a semana passada e me perdoe ainda não ter vindo te ver, apesar de desejar muito. Coisinhas da vida, mas agora está tudo bem.

Amei ler um pouco mais de suas lindas memória. O único problema é o gostinho que fica de "quero mais". Quanto amor, carinho, união dedicação nestas memórias. Uma delícia ler-te.

Um beijo enorme no seu lindo e amável coração!!!! te gosto demais, amiga linda e muito querida por mim!!!

manuela barroso disse...

Minha querida,
E Volto para saborear a tua história e ver esta menina de rosto lindo e cabelos de seda,
Ver as fotografias, admirar a paisagem, acompanhar-te no colégio... sinto-me ao teu lado!
Estou ansiosa por ver o que é que essa coleção de livros fez...
Abraço grandeeeeeee

Lúcia Bezerra de Paiva disse...

Vim retribuir o seu carinho, Leninha, levando-me flores pelo nosso dia (tão merecido, aqui pra nós) amanhã, dia de março.

Sinta-se bem abraçadinha e receba as Rosas que lhe dou!!!
Felicíssimo Dia da Mulher!

Com beijinhos,
da Lúcia!

Evanir disse...

A mulher foi feita da costela do homem,
não dos pés para ser pisada, nem da cabeça para ser superior,
mas sim do lado para ser igual,
debaixo do braço para ser protegida e do lado do coração para ser amada." (Maomé)
E realmente isso que Deus fez e graças ao primeiro casal hoje todo ser
humano da face da terra são descendentes de Adão e Eva .
Um Feliz Dia Internacional Das Mulheres.
Beijos no coração.
Evanir.

Severa Cabral(escritora) disse...

Boa noite minha querida amiga!
Desejo para o Dia Internacional da Mulher,um dia especial... deixo aqui meu carinho e mil flores para enfeitar tua caminhada desejando, minha doce amiga, muitas felicidades e que a tua alma seja uma eterna primavera.
Bjsssssssssssssssssss

Aleatoriamente disse...

Olá vó , fiquei aqui imaginando cada linha.Lindo texto.
Mas vim parabenizar-te pelo dia de hoje.
Parabéns querida e preciosa.

Beijokas

Calu Barros disse...

Leninha,
que narrativa envolvente ainda mais quando a sabemos real.Quantas semelhanças vamos pontuando pelas linhas.Revi numa delas a situação que estamos atravessando aqui em casa com as duas irmãs(uma com 8 anos e a outra que completa um mês hoje)a vivenciarem os mesmos sentimentos que vc descreveu tão bem.
Aguardo a continuação, viu?

Por estar nos envolvimentos que a bebê reclama tenho tido pouco tempo para as visitas, mas logo retomarei o ritmo.
Bjkas,
Calu

Ange disse...

Amiga Leninha, boa noite, uma linda noite!
Venho aqui neste especial dia para lhe saudar, agradecer por sua amável e fiel presença e sempre generosas palavras lá no meu cantinho das lembranças.
Um lindo dia/noite Internacional da Mulher para voce!

Lembranças,
Ange.

Maria disse...

Leninha, aceitei o seu convite.
Li parte das suas "Memórias de Menina" contadas de uma maneira tão simples, tão terna, que nos chega ao coração.
Os seus blogs são intimistas, mas eu, apesar de recém-chegada sinto que já a conhecia há muito...
Um beijinho
Maria

Angela disse...

Oi, Leninha!
Meu coração se encantou com tanta ternura e vida presentes em suas doces lembranças. Seu espaço é abençoado e acolhedor! Eu o descobri através de uma amiga em comum, a Ivana do "Reserva de Emoções" e fiquei fascinada por tudo.
Que Deus a abençoe sempre!
Com carinho,
Angela

nospassosdejesusamor.blogspot.com
docessonhosdepapel.blogspot.com

CLEMENTE GERMANO MULLER disse...

Boa noite querida amiga Leninha. Vim apenas para agradecer tua amável visita em meu diário e pelo gentil comentário, muito obrigado. Um grande beijo. FIQUE COM DEUS.

Maria Auxiliadora de Oliveira Amapola disse...

Que bom que seu pai não aceitou o primeiro diagnóstico...

Ivani disse...

Leninha querida, demorei para chegar aqui, portanto ja li a sua ultima postagem falando da teresinha e estou muito emocionada.
Amo meus irmaos de maneira maternal, sou mae e irma ao mesmo tempo, ja que minha mae faleceu muito cedo.
Portanto, imaginas como estou me sentindo ao ler suas lindas memorias.
Sao lindos seus textos e suas lembrancas, sempre envoltas em luzes, sons, perfumes.
adoro ler voce, adoro vir aqui, mas estou muito emocionada, acredite.
Vou aguardar a continuacao, quero ler e saber sobre voces.
Para mim é um presente ser sua amiga.
Um grande beijo, bom dia.

Minha querida e linda sobrinha Marcela, A vida é uma eterna ciranda a nos conduzir prá lá e pracá... e em uma destas voltas viemos para Tere...

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