SONHOS E ENCANTOS

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quinta-feira, abril 30, 2020

Minhas memórias de menina/ moça










E foi para este hotel, no centro do Rio de Janeiro que o carro fretado pelo sogro, conduziu uma menina de olhos espantados e coração sobressaltado. E os dias ali passados foram de encantamento e alegrias. Era uma criança, experimentando os vestidos e sapatos, escolhidos à dedo para a lua de mel...

e os passeios aos lugares mais refinados, jantares em restaurantes requintados, cabeleireiros no hotel, manicures e ao redor a paisagem maravilhosa que sempre a deslumbrara.
Hotel Serrador, um endereço privilegiado, hotel das misses e dos políticos, sonho de todas as amigas. (E de nossa menina também)

O Hotel Serrador, inaugurado na década de 40 com seus 22 andares, no centro do Rio de Janeiro, foi um ícone na vida social e cultural da cidade, principalmente entre os anos 50 e 70. Mais tarde, passou a ser a sede da fundação Petros. No final da década de 80 caiu no esquecimento, e ficou desativado e abandonado por quase 15 anos.

Desde 2003, o velho Serrador está renascendo, passando por obras de recuperação e modernização. Deverá contar com 500 quartos e área de lazer na cobertura, com piscina, academia e restaurante panorâmico. A previsão do término desta obra é para o 2º semestre de 2004.
Situado em plena Cinelândia, dele se avistava a Praça Paris, onde se viam as mais belas obras de arte em escultura e um jardim impecável. Era uma época em que os jardins e praças, bem cuidados e exuberantes, eram respeitados e ainda não existiam vândalos nem pichadores...

A Praça Paris, uma das maiores da cidade, surgiu em 1929, foi erguida sobre um aterro, em princípio ia da Avenida Rio Branco e Beira Mar até a Rua da Glória, posteriormente foi encurtada para dar lugar à Praça Marechal Deodoro da Fonseca. A Praça foi concebida como uma jóia da "belle époque", construída quando era Prefeito do Distrito Federal Antônio Prado Júnior, entre 1926 e 1930. É numa das maiores concentrações de esculturas a céu aberto do país, contendo diversos bustos, estátuas em mármore das estações dos anos e um espelho d'água. Na época da construção do Metrô a Praça foi completamente destruída, mas foi reformada a partir de 1992, quando seu charme foi restaurado.
Praça Paris



 Próximo ao Hotel destacava-se o prédio imponente da Mesbla,referência de bom gosto e refinamento.

 Instalado na torre do edifício em 1955, acompanhando a celebração do Congresso Eucarístico Internacional, o relógio eletrônico é o terceiro maior do mundo em tamanho. Seu mostrador, com nove metros e meio de diâmetro, é sustentado por uma torre de cem metros de altura. Marcava e anunciava a hora de 15 em 15 minutos e  tocava a Ave Maria pontualmente às 18 horas. Por décadas, as pessoas que ali passavam acertavam os relógios olhando para a torre da Mesbla.

    No alto do prédio havia o Restaurante Mesbla, panorâmico, e o Teatro Mesbla, local de muitos sucessos. Também no teatro, nos anos 60, a culinarista e jornalista Maria Tereza Senise - que depois ficou conhecida como Maria Tereza Weiss  - deu aulas de culinária muito concorridas, patrocinada pelo jornal O Globo, sendo um sucesso especial as aulas para crianças.
Ali faziam as refeições, no belo restaurante panorâmico,desfrutando a vista maravilhosa e os sabores delicados e finos.

 Fez questão de conhecer o Edificio Avenida que seria demolido naquele ano para a construção do Edifício Avenida Central. Uma joia da arquitetura demolida, para dar lugar ao "progresso"e a um espigão...

No blog "É o Rio que mora no mar", encontrei esta referência ao Hotel Avenida, que reproduzo como curiosidade:

O Hotel Avenida - onde em seu lugar está hoje o Edifício Avenida Central -  foi um dos mais populares edifícios da Avenida Rio Branco. Ele ocupava uma quadra delimitada pela Avenida Rio Branco, Largo da Carioca, Rua São José (desaparecida neste trecho) e a antiga Rua de Santo Antônio, atual Bittencourt da Silva.

Localizado nos números 152 a 162 da Avenida Central era propriedade da Companhia Ferro-Carril do Jardim Botânico e foi construído em terreno adquirido à Fazenda Nacional por Francisco de Azevedo Monteiro Caminhoá. Tinha 3.200 metros de área total,  60 metros de frente, 22,85 metros de altura geral sobre o solo e 34,30 metros de altura máxima. 

O Hotel Avenida foi inaugurado em 1910. Tinha 220 quartos, iluminados a luz elétrica, e também oferecia aos hóspedes o conforto do elevador. Na época de sua inauguração, a diária mínima era de 9 mil réis.


O Hotel Avenida foi demolido em 1957 para dar lugar ao Edifício Avenida Central, projeto do escritório de arquitetura Henrique Mindlin, inaugurado em 22 de maio de 1961 .  


  • Uma curiosidade:
    A destruição do hotel inspirou um longo poema de Carlos Drummond de Andrade, intitulado "A um hotel em demolição", do livro A Vida Passada a Limpo, de onde reproduzo alguns versos.

"Vai Hotel Avenida,
vai convocar teus hóspedes
no plano de outra vida.
Eras vasto vermelho,
em cada quarto havias
um ardiloso espelho.
Nele se refletia
cada figura em trânsito
e o mais que se não lia
(...)
Vem, ó velho Malta
saca-me uma foto
pulvicinza efialta
desse pouso ignoto.
Junta-lhe uns quiosques
mil e novecentos
nem iaras nem bosques
mas pobres piolhentos

(...)
Velho Malta, please,
bate-me outra chapa:
hotel de marquise
maior que o rio Apa.
Lá do assento etéreo
Malta, sub-reptício
inda não te fere o
super edifício
Que deste chão surge?
Dá-me seu retrato
futuro, pois urge
................................................................................

E me despeço, prometendo que na semana que vem voltarei.

          Bjssssssssssss




Minha querida e linda sobrinha Marcela, A vida é uma eterna ciranda a nos conduzir prá lá e pracá... e em uma destas voltas viemos para Tere...

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