"Vem de longe, vem no escuro, brota que nem mato que dispensa
cuidado e cresce com a mais remota chuva. Vem de dentro e fundo e com
urgência. Amor vem de amor. Que não cabe, mas assim mesmo a gente
guarda. A gente empurra, dobra, faz força deixa amassado num canto, no
peito, no escuro, dentro, ou larga pegando sereno. Amor vem de amor. Vem
do pedaço mais feio, do mais sem palavra, do triste, vem de mãos
estendidas. É tecido desfeito pelo tempo, amarelecido pelo tempo, pelo
cheiro da gaveta fechada, pelo riscado do sol na madeira. Amor vem de
amor. Vem de coisa que arrebata, vira chão, terra, cisco, resto, rastro,
coisa para sempre varrida. É delicadeza viva forte violenta. Que faz
doer, partir, deixar caído. Amor vem de amor. E dói bonito."
(Guimarães Rosa)
3 comentários:
Muito lindo,Leninha! Gosto muito dele! Escolha linda! bjs, bom te ver aqui! chica
Ah o amor e suas controvérsias...
Lindo!
Grande abraço!
Sabes, Leninha?
Senti um arrepio com a força das palavras deste texto de G. Rosa. Vem de dentro, com força, leva tudo.
E a mim!
Continua. Gosto tanto das tuas escolhas!
Aquele abraço, minha querida!
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