SONHOS E ENCANTOS

SONHOS E ENCANTOS

terça-feira, dezembro 04, 2012

MEMÓRIAS DE UMA SENHORINHA / AS CANÇÕES QUE FAZIAM SONHAR



Modinha/ Sérgio Bittencourt



Olho a rosa na janela, sonho um sonho pequenino,
Se eu pudesse ser menino, eu roubava esta rosa,
E ofertava todo prosa, à primeira namorada.
E nesse pouco ou quase nada, eu dizia o meu amor.
O meu amor ...

Olho o sol findando lento, sonho um sonho de adulto,
Minha voz, na voz do vento, indo em busca, do teu vulto.
E o meu verso em pedaços, só querendo o teu perdão,
Eu me perco nos teus passos e me encontro na canção.

Ai, amor eu vou morrer, buscando o teu amor.
Ai, ai, amor, eu vou morrer, buscando o teu amor.
Ai, amor, eu vou morrer, buscando o teu amor.
Ai, ai, amor, eu vou morrer, buscando o teu amor.

E a querida Drinha chegava, com seu violão debaixo do braço, um sorriso meio encabulado e cantava, e cantava, e cantava...enquanto todos a acompanhavam e se encantavam com o seu cantar.
E ao seu lado, Angela do Sêo Amaro (amiga amada), Hélvia (Bolão), Hulda e, algumas vezes a irmãzinha menor Hyléa.





E de Altemar passavam para Maysa, Nara,Bethânia e Caetano...passeavam por Nora Ney,Elisete Cardoso,Gal Costa e Silvinha...

Hélvia cantava Linda Flor, Hulda entoava El Reloj, de Lucho Gatica:

 Reloj
no marques las horas,
porque voy a enloquecer.

Ella se irá para siempre,

cuando amanezca otra vez

nomás nos queda esta noche

para vivir nuestro amor
y tu tic tac me recuerda
mi irremediable dolor.



E todos eles, embalados pelas canções e pelo romantismo da época, sonhavam os seus mais belos sonhos, viajavam nas asas da ilusão e o mundo era colorido com as cores do arco íris e florido como uma eterna primavera.

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Ela, a nossa senhorinha, se transformava em Maysa e seu lamento em "A Noite do meu Bem":

A Noite do Meu Bem / Dolores Duran

Maysa /Intérprete

Hoje eu quero a rosa mais linda que houver
E a primeira estrela que vier
Para enfeitar a noite do meu bem

Hoje eu quero paz de criança dormindo
E abandono de flores se abrindo
Para enfeitar a noite do meu bem

Quero a alegria de um barco voltando
Quero a ternura de mãos se encontrando
Para enfeitar a noite do meu bem

Ah, eu quero o amor, o amor mais ,profundo
Eu quero toda a beleza do mundo
Para enfeitar a noite do meu bem

Quero a alegria de um barco voltando
Quero a ternura de mãos se encontrando
Para enfeitar a noite do meu bem

Ah,como esse bem demorou a chegar
Eu já nem sei se terei no olhar
Toda a pureza que quero lhe dar


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E toda a alegria de um barco voltando se entrelaçava ao seu canto na magia das mãos se encontrando e das rosas mais lindas do mundo.Vivia em um mundo de sonhos e sua vida se envolvia nas organzas e nos tules do entardecer, pisando em nuvens e em estrelas, adormecendo luares e crepúsculos dourados...
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 E seu olhar era transparente como a sua vida, tremeluzia colibris e reluzentes libélulas, em uma dourada gaiola voltada para o infinito. Tremiam-lhes as pálpebras e os cílios cintilavam fulgores de rútilos cristais...engolia lágrimas e acalentava doces madrugadas com melodias de harpas e cítaras...

.....................................................................................................

E os outros amigos ( seus brilhantes do anel, no dizer de sua sogra), aos poucos iam chegando: Paulo do Vale( noivo de Ângela), com seu inseparável violão, José Schettini, o mago dos temperos e das deliciosas comidinhas, Emirene, com sua voz poderosa e seu namorado Walter (Telo), Elito Fava, irmão do Telo e namorado da Hulda.
O cunhado Brandãozinho e a esposa Marlene, eram presenças constantes e ela também possuia uma linda voz.

Havia até o Hino da turma, falando um pouco de cada um dos amigos...e o verso feito para nossa senhorinha falava de seu desejo de escrever um livro que no dizer dos "compositores", não passaria de um manual...

Preparavam belos pratos orquestrados por José Schettini, o cozinheiro mór da turma.

E era com emoção que entoavam:

Oi abre a porta e a janela,
Venha ver quem é que eu sou,
Eu sou aquele desprezado 
E você me desprezou.

Chora morena, morena chora
chora morena
que amanhã eu vou m´imbora 

Chora viola, sanfona,
chora triste o violão
tudo que é madeira chora
que dirá meu coração.

Ao longe se escutavam as cantigas e a noite era mágica, perfumada pelas cantorias e iluminadas pelo luar que se espalhava pelo terreiro e clareava os corações daqueles amigos fiéis.


       


E era com tristeza que se despediam...

Quem parte leva saudades de alguém
Que fica chorando de dor
Porisso eu não quero lembrar
Quando partiu meu grande amor...

Ai, ai, aiai,aiaiai...
Está chegando a hora,
o dia já vai raiando meu bem
eu tenho que ir embora...

 


E me despeço de vocês, com carinho, prometendo estar de volta...na próxima semana, se Deus quiser.

                                                 Bjsssssssss



 
 


 

22 comentários:

Moro em um Kinder Ovo disse...

Que bom ouvir esta música e veja a coincidência - era a música preferida do marido nas serenatas. Tem umas histórias engraçadas a este respeito e um dia eu conto

chica disse...

Lindo acompanhar tudo isso. Não vivi as serestas e serenatas. Nunca fui muito de cantar.

Mas acompanhei aqui contigo pois as músicas eu conhecia e essa do final, sempre me emociona, até hoje... Sou mesmo uma bobona!

Adorei te ler e fico sempre contente a cada publicação, capítulo por capítulo! beijos,chica

BLOGZOOM disse...

Leninha,

As letras são perfeitas. Então, fui ao Youtube ouvir as indicações. Não conhecia. E GOSTEI!!!!

Beijos

maria claudete disse...

Beleza Leninha resgataste as lembranças da minha juventude de serestas,rs, sabe? meu nome era pássaro canoro,saia com amigos para as serestas em Olinda, capitaneadas pelo saudoso Canhoto da Paraíba . Beijos

lenalima disse...

Delícia tudo isso, adoro te ler, isso me faz um bem, lembro de muita coisa e ne dá mtas sdssss
conheço todas essas músicas e final dos bailes cantavamos..o dia já vem raiando meu bem....
linda postagem.
Querida Leninha
vou fazer uma viagem dia 10 e só volto em Janeiro, não vou poder manter as visitas, porque marido nem quer levar o not, diz que é para descansarmos de tudo, e que não aguenta me ver digitando ...kkkkk
não me esqueça hem!
volto logo!
e poderei ler todas as suas postagens! um fim de ano maravilhoso pra ti!
bjsss

Lúcia Bezerra de Paiva disse...

Um grade "pedaço" de mim está esta cativante narração...as letras, os cantores, a saudade de um lindo período.
Adorei, Leninha amiga! Que venha mais, muito mais...o prazer, é imenso!

Beijos, repletos de afeto,
da Lúcia

Calu Barros disse...

Serestas, luares, canções, enlaçados em boas amizades; toda alegria, muita partilha, muita emoção.
Que dias marcantes.Que saudades luzentes, senhorinha.
Bjos,
Calu

Severa Cabral(escritora) disse...

Boa noite minha querida !!!!!
Vim curtir seu cantinho e conferir suas doces recordações,da qual me deixou numa nostalgia ,rsrsrsrsrs
Deixo aqui um pensamento do Ney Forever
"As coisas boas da vida..
não são aquelas que duram para sempre.
Más são aquelas que deixam boas recordações."
E vc soube viver muito bem a sua época(nossa).
bjs de saudades

LUCONI MARCIA MARIA disse...

Leninha como não me encantar com tão belas recordações? Haja coração amiga, lindíssima postagem, beijos Luconi

Elvira Carvalho disse...

E hoje as memórias tiveram uma outra sonoridade.
Um abraço e tudo de bom por aí

Ivani disse...

Ai que lindo Leninha minha querida!
Quanta emoção em cada verso, em cada rima...
conheço todas as musicas que voce postou, são letras lindas, musicas marcantes, eternas.
Amo vir aqui e ler suas lembranças, misturam-se com as minhas e me emocionam também.
Voce escreve deliciosamente, romantica e muito sonhadora.
Foi mesmo uma época de ouro aquela, deixou saudades enormes. Quem teve o privilegio de viver aqueles anos sabe (sem saudosismo barato) que jamais se repetirão.
Um grande beijo amiga, parabéns, e vai escrevendo...

R. R. Barcellos disse...

Saudades das noites belas,
Das rosas que, nas janelas
Ouviam o meu cantar
Em serestas ao luar!
Daquelas doces meninas
Com olhos de dançarinas
Que diziam me amar...


Nos anos 60 eu e um primo chegamos a serenatear debaixo da janela de uma bela rosa, em Barbacena... sem saber que a musa era filha do temido delegado local. Por sorte nossa ele estava ausente - soubemos depois - em missão policial.

Você é excelente memorialista, moça... parabéns!
Beijos.

manuela barroso disse...

Minha querida Leninha,
Nesta espécie de pausa, as saudades ficaram nas musicas que ainda ensurdecem os teus ouvidos.
E se uma imagem vale mais que mil palavras, uma música arrasta com ela a imagem e o som. E se a música é uma espécie de vozes angelicais, imagino as saudades de todos os anjos que te acompanharam nas tuas melodias!
De resto, muitas dessas letras eram passadas aqui e de que guardo imensa saudade. Tempo que vai , não volta. Mas pode repetir-se!
Lindo "apanhado" de várias melodias.
Muitos beijinhos minha querida amiga.

Pérola disse...

Lindo texto e pensamentos.

beijinho

Anne Lieri disse...

Ai Leninha,uma época de sonho mesmo!Quantas músicas maravilhosas e tb adorava todas!Costumava cantar A noite do meu bem com minhas irmãs!...rss...linda sua história,com tantas pessoas talentosas e queridas ao redor!Aguardo a próxima semana!bjs,

Roselia Bezerra disse...

Olá, querida Leninha
Obrigada pro ter passado pra me comentar na minha ausência...
Vc tem um bom gosto impressionante!!!
O coração dita as coisas mais lindas de se escutar...
Tem um convite pra vc amanhã,dia 9 e 10...
Bjs de paz e bem

Beatriz Bragança disse...

Querida Leninha:
Gostei particularmente de uma imagem mas , as suas palavras à mistura com os versos das canções, emocionaram-me muito.Até aos meus 13 anos, em casa da minha Vóvó, na aldeia onde morávamos,raro era o dia em que não fazíamos o que aí relata, só que ao som do piano.Eu e minha mãe e até a Vóvó cantámos muitas vezes«A noite do meu bem».Havia um casal amigo que nos visitava diariamente(vinha de charrette, com o seu cocheiro).A senhora,de uma prestigiada família lisboeta, tocava muito bem piano e eu adorava cantar.Abraço da Beatriz

Renata Guidinha disse...

Puxa, aqui me espalhei! Me senti em casa. Meu pai foi um exelente violonista (hoje raramente se anima a pegar no violão) e nossa casa transbordava música. As reuniões nos finais de semana em casa de minha avó materna eram regadas a muita seresta, pois uma irmã e um irmão de minha avó tbém tocavam lindamente. Pronto, meu pai se juntava aos dois, o resto da turma cantava e era uma delícia. Ninguém queria ir embora. Ô saudade boa... " A saudade mata a gente, morena. A saudade mata a gente..."
Bjks mil

Beatriz Bragança disse...

Querida Leninha:
Aqui em Portugal,dizemos que não se deve felicitar alguém pelo seu aniversário antes da data,mas, de for depois, não faz mal.Creio que a sua data natalícia é a 13 de dezembro.Espero que tenha passado um dia muito feliz,na companhia de todos os seus familiares e amigos.
Eu, juntamente com um caloroso abraço de parabéns,quero desejar-lhe muita saúde, longevidade e alegria de viver.
São os votos bem sinceros da amiga
Beatriz

Beatriz Bragança disse...

Querida Leninha:
Aqui em Portugal,dizemos que não se deve felicitar alguém pelo seu aniversário antes da data,mas, de for depois, não faz mal.Creio que a sua data natalícia é a 13 de dezembro.Espero que tenha passado um dia muito feliz,na companhia de todos os seus familiares e amigos.
Eu, juntamente com um caloroso abraço de parabéns,quero desejar-lhe muita saúde, longevidade e alegria de viver.
São os votos bem sinceros da amiga
Beatriz

Italo disse...

Leninha!

O escritor Monteiro Lobato comparava os cantores às cigarras e tinha razão. Uma canção, uma flor, um violão, um céu estrelado e a lua sem luz própria mas prenha de amor têm como resultado um sonho em arco-iris de canções. Leninha, quanto amor em seu coração carregava àquela menina na Rua São Pedro! Abraços, Ítalo.

Anônimo disse...

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Minha querida e linda sobrinha Marcela, A vida é uma eterna ciranda a nos conduzir prá lá e pracá... e em uma destas voltas viemos para Tere...

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