SONHOS E ENCANTOS

SONHOS E ENCANTOS

segunda-feira, julho 30, 2012

MEMÓRIAS DE UMA SENHORINHA



Uma cidade rodeada de montanhas,com bucólicas estradinhas de chão a nos remeter para outros tempos,outros dias...

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E eram outros os tempos nos quais a nossa senhorinha se iniciava na vida campestre.

Todas as manhãs a visita ao curral para ver a ordenha e beber o leite fresquinho...mais tarde ir até a casa dos colonos,de camionete com o sogro e o marido,em busca do produto da colheita:milho,feijão ou café.E almoçavam lá mesmo,aquela comidinha gostosa,feita no fogão à lenha e era um desfilar de iguarias às quais ela não estava habituada,mas que passou a apreciar:canjiquinha com costelinha de porco,frissura de porco com angu(o angu era completamente diferente daquele ao qual  estava acostumada,era feito com fubá moído lá mesmo,em moinho de pedra e o sabor era muito melhor)cabrito ensopado,ora pro nobis,frango ao molho pardo e tantas outras comidinhas tipicamente da roça.Até o arroz era diferente,socado no pilão e com um sabor e uma cor totalmente diferentes.
E as sobremesas...um capítulo à parte,doce de mamão verdinho,doce de laranja,de abóbora com coco,de figo e arroz doce...ficavam em latas de óleo enormes,com tampa de madeira.Uma orgia gastronômica! 

E as pessoas,tão cordiais,tão hospitaleiras,com uma meiguice,uma ternura,um querer bem espontâneo e simples,um se entregar à amizade com singeleza e graça,que a comoviam e mexiam com suas emoções.

E na volta para casa,a amizade da sogra e do sogro que a tratavam como se filha deles fosse aquela menina de sentimentos transparentes e alegria contagiante.
O sogro e a sogra


E a sisudez de ambos se derretia diante daquele sorriso que habitava aquele rosto permanentemente. E ela gostava deles,retribuia aquele afeto com toda a ternura de um coração ainda de criança.Seus repentes divertiam os dois...sua paixão pela música que a fazia andar de baixo para cima com uma eletrolinha à pilha que era o seu xodó,ouvindo suas trilhas sonoras de filmes,sua mania de subir os pastos cantando,suas caminhadas pelas "românticas"estradinhas,o seu modo de tratar os colonos e as empregadas da casa.Neste ponto a sogra não concordava muito,a intimidade com a cozinheira que a chamava pelo nome,com a simplicidade e ingenuidade próprias das pessoas simples a incomodava e ela ensinava que não poderia haver esta liberdade,teriam que chamá-la por Dona Leninha.
Outro ponto com o qual não concordava era que ajudasse na arrumação da casa, no colocar a mesa e,principalmente em encerar a sala de estar e o quarto.Era por ela considerado algo inaceitável,uma dona de casa conversar com os empregados...isto era norma da época e das famílias dos coronéis.Conversar, somente sobre trabalho.
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Os sogros passeavam muito,gostavam de ir à Araxá e na casa havia várias fotos destas viagens.Uma delas mostrava a cunhada, o sogro,a sogra e o filho,seu futuro marido,antes do casamento.

Em outra, o cunhado,o sogro e o marido todos muito sérios e
compenetrados...
E no meio desta seriedade toda,a alegria de uma pessoa jovem de idade e de espírito,foi como uma chuva de verão,um sol de primavera,a iluminar aqueles semblantes e aquelas almas.O sogro era um homem bom,trazia no coração uma luz e na mente uma lembrança de uma história familiar bonita,que ele gostava de relembrar.E tinham longas conversas sobre a sua infância em uma fazenda perto de Viçosa,os seus estudos no Colégio Andrés,onde uma educação primorosa o preparou para a vida,enquanto que a perda do pai,ainda jovem o fortaleceu e deu ânimo para educar as irmãs em um Colégio de freiras em Ponte Nova.E nossa amiguinha se deliciava com estas confidências que aquele homem, em menino transformado,lhe fazia na varanda da casa,enquanto a lua lhes fazia companhia.Conheceu a esposa em uma das suas viagens com os seus tropeiros pelas bandas de Muriaé.E dela se apaixonou,e com seu cavalo passava defronte à sua casa,cumprimentando-a com um elegante gesto de chapéu,todos os dias.Um dia pediu para entrar e a família o recebeu com um certo desagrado...eram todos advogados e um fazendeiro não estava em seus planos para a primôgenita.O pai da sua amada era um famoso tabelião e não se entusiasmou com o futuro genro,mas a filha já estava apaixonada e nada pode fazer...aceitou o pedido de casamento e em alguns meses,ela preparou o enxoval.O casamento foi um acontecimento memorável,com a noiva em uma carruagem enfeitada por rosas seguindo por baixo de arcos de flores do campo,até a entrada da Igreja.  Vou deixá-los,a imaginar um belo cortejo,com damas e pajens e toda a pompa e circunstância... voltarei na próxima semana,se Deus quiser.    

28 comentários:

Moro em um Kinder Ovo disse...

Adoro as suas histórias e fico sempre esperando o próximo capitulo. Gosto de ver estas fotos e adoro estas paisagens.

Cores do caminho disse...

Oi amiga querida que delicia ler suas historias. Amiga que lindo essa foto do Grand hotel, estive la este ano e amei, mas nesta epoca estava um pouco difernte a paisagem.
Bjks e otima semana

Ivani disse...

Nossa que fotos lindas Leninha!
Seu marido foi um homem bonito, e a familia dele também.
Que lindas recordações essas. A foto do hotel em Araxá é muito bonita.
Quanto aos pratos e comidinhas que voce mencionou, adoro tudo isso!
Sou apaixonada pela cozinha mineira, para mim a melhor do mundo!
Os doces então, e as bolachinhas?
Bom demais ler voce, acompanhar voce em suas recordações.
Continue, por favor.
Beijos querida, aqui temos uma frente fria, espere que vai chegar por aí rsrs

lis disse...

Oi Leninha
Uma vida invejável essa que voce viveu.
Que delícia de comidinhas da roça., convivência com gente simples e hospitaleiras !
e ainda há quem fala de sogra _ parece que havia harmonia.
Adorei Leninha, muito bom o texto e as lembranças.
meu abraço de boa semana

Liz - Como as Cerejas da Minha Janela... disse...

Continua uma leitura encantadora e cativante. Parece que estou lendo algum conto de Machado de Assis...

Muita linda a sua relação com o sogro. Isto também ajudou certamente para uma vida matrimonial feliz.
Linda história de vida, Leninha...

Um beijo, amiga querida!!!

Leninha Brandão disse...

Amigos queridos,

ESTOU SEM COMPUTADOR E NÃO SEI QUANDO PODEREI RETORNAR.

Peço a compreensão de todos e saibam que gostaria muito de visitá-los,mas estou impossibilitada momentâneamente,espero.

Bjssssss,

Leninha

Eloah disse...

Belas memórias! Delicioso trazer para o presente retalhos de vida tão prazerosos.Um tempo nem tão distante, mas bem diferente e bem mais feliz, porque existia bem mais apoio e compartilhamento de vida.Parabéns linda amiga! Amei.Bjs Eloah

Calu Barros disse...

Ô saudades destes maravilhosos quitutes mineiros, da hospitalidade,da singeleza destas paragens tão brasileiras.
Uma doce menina só poderia despertar simpatia e amor por parte de toda família;consequência natural das almas puras.
Bjkas querida,
Calu

AFRICA EM POESIA disse...

Leninha
vi-te pelos meus dedais e fiquei feliz
um beijo grande no teu coração...


foi muito bom passar por aqui. tambem me ajudou a recordar...

Renata Guidinha disse...

Já estou a esperar o próximo capítulo... Foi maravilhoso poder ler tantas postagens de uma vez só. Acho que saí no lucro com esse meu atraso. Pude mergulhar nesse mundo encantado de tantos sonhos da Leninha.
Sei que muito ainda tem para contar e acho que deveria ir imprimindo cada postagem. Acredito que vc mesma vai gostar de ir lendo tudo isso em algum canto, longe dessa telinha... A viagem certamente será maior ainda.
Estou indo, mas volto, ok?
Bjks

SOL da Esteva disse...

Adoro as tuas Memórias.
Algo me diz que, com a tua chegada á Família, se abriu o Céu e o som.
A imagem do Miradouro-MGerais, é de um verdadeiro Paraíso.
Lindo.


Beijos


SOL

manuela barroso disse...

Minha querida Leninha,
A tua forma de narrar a vida com os pormenores descritivos que tão bem sabes fazer, sao pinturas campestres acompanhadas de sabores que fazem as delícias de quem te lê.
A tua graça e formosura perante a austeridade da família de teu marido, foram as flores numa jarra de cristal:espalhando cor e reflexos por onde quer que passasses.
Ainda pensei que não te adaptasses à nova vida. Mas por aqui se vê a grandeza do teu coração, da tua generosidade.
Agora compreendo as tuas recordações das tuas memórias!
Fantástico minha querida amiga!
Um ternurento abraço

Anne Lieri disse...

Leninha,cada vez mais encantada com suas memórias!Que bom que ela está feliz no casamento!Bjs e até a próxima!

ELAINE disse...

Leninha querida! Já estava com saudade desta senhorinha.... e de suas inesquecíveis memórias.... Lembranças de toda uma vida! Obrigada pelo carinho e pelos comentários sempre gentis!
Um abençoado e feliz final de semana!
Abraço carinhoso!
Elaine Averbuch Neves
http://elaine-dedentroprafora.blogspot.com.br/

Kunti/Elza Ghetti Zerbatto disse...

Oi Leninha!
Minha querida!
Ler suas belíssimas estórias é como estar viajando através de um tempo áureo e delicioso.
Sempre muito bom estar aqui e sentir essa energia de paz e harmonia.
Um excelente fim de semana pra ti.
abração com carinho

Lúcia Bezerra de Paiva disse...

À cada capítulo, mais revelações dessa nora que se tornou filha querida, que soube cativar, por brejeira que era e pela fineza, no trato. Que vida maravilhosa.
De toda a gastronomia mineira (que adoro), chamou-me a atenção o "ora pró nobis". Tenho um pequeno pé, ainda, de 5 mudas enviadas por aquela amiga mineira, a Ephigênia, de Juiz de Fora. Há uns 5 anos, saiu em reportagem no fantástico. Comentei por telefone e ela me enviou as 5 "mudas", embrulhada em jornal úmido, num esopor, pelos correios...Acredite!

Valeu, mais esse maravilhoso capítulo, de sua linda vida, Leninha querida.
Beijinhos, amiga. Até...

chica disse...

Que delícia e depois de muitas tentativas de comentar, finalmente consigo..O blogger não me deixava... Adorei ver as fotos antigas, lindas permeadas de palavras e tuas recordações... Muito legal te ler! beijos,chica

Vero Kraemer disse...

Leninha querida, que lindo post, eu vi tudo! Vi a simplicidade e o amor da roça, as coimidas, as pessoas, cheguei a sentir gostos e cheiros!
Maravilha!
Beijosssssssssss e um domingo abençoado pra ti
Vero

Arione Torres disse...

Oi Leninha, gosto muito de ler seus posts e compreender as suas memórias..é tudo tão lindo...
Tenha um ótimo começo de semana!
Com carinho,
Arione

Mariazita disse...

Querida amiga Leninha
Neste final de Domingo, desejo que o tenha passado em paz e tranquilidade, e que a próxima semana seja óptima.

Beijo com carinho

Zilani Célia disse...

OI LENINHA!
VOU TE CONFESSAR ALGO, QUANDO TEUS RELATOS ACABAM EU FICO TRISTE.
MAS, ESTÁS FAZENDO TUDO NA MEDIDA CERTA, TEXTOS BREVES E COM ESTA TUA FACILIDADE EM TE FAZER ENTENDER, ESTA ILUSTRAÇÃO COM FOTOS, ESTÁ TUDO NA MEDIDA CERTA.
ESPERO QUE SEMPRE QUE COLOCARES COISAS NOVAS, VÁ ME VISITAR QUE EU VENHO CORRENDO TE LER.
ABRÇS AMIGA.

zilanicelia.blogspot.com.br/
Click AQUI

Unknown disse...

Feliz de quem guarda
em suas memórias
as boas histórias,
porque de tudo
temos um pouco em
grandes glórias.

Páginas amareladas pelo
tempo que não se perdem,
pegadas dos passeios
na incrível jornada.
A meninice fantástica
que nos faz tão criativas,
a adolescência imaginada
entre afagos e carícias.
Um sogro e uma sogra
que nos abraça
como filhos também
e suas linhas repassam
nas costuras das graças
aos apelos que se tem.

Nas terras por onde andamos
os frutos de cada dia,
o fogo em lenha queimando
os sabores de um dia,
Cinzas que o tempo levou,
mas a pedra de guarita
quem sabe não perdura
pelo tempo das avós e dos vovôs.

Araxá, estive por lá
naquelas terras termais,
um banho inesquecível
que não tem como voltar atrás.

Foi um dia,
era eu uma mocinha
com dois irmãos e meu Pai
visitando uma casa histórica
tempo d'outros tais.
e eu nunca me esqueci,
tirei foto por alí
bem no centro de um jardim...

E onde estava minha mãe,
noutro ponto do país
junto a sua mãezinha,
curtindo um momento feliz.

Meu sonho não é lá
muito exigente,
quero uma cadeira futura
ao balanço
com netos que desejo tanto.
Contar as minhas histórias
nada de carochinhas,
mas as que eu vivi
com meus dotes de menina,
faze-los sorrir,
também brincar com as
adivinhas,
sem o boi da cara preta
sem o saci-pererê
e que o lobo seja bonzinho
e também goste do vermelho.
Quero falar da inocência,
e das coisas costumeiras,
um pouquinho de besteiras
para eles relaxar,
depois um bolinho de chuva
também uma xícara de chá
e quando chegar a noitinha
quero com eles rezar...

Leninha,
tuas histórias é um conto
e só tu pode contar
cada parágrafo pede
estribilho e quem te lê
fica a cantar...

Parabéns minha querida
o que se passou na tua história
hoje é sonho de vida...

Bjinhus e linda semana

Livinha

Anônimo disse...

Oi Leninha que bom te receber no blog e saber que ficou feliz com meu post.
Estes seus contos são encantadores, prendem a atenção... Preciso com tempo e calma ler os outros capitulos

Beijinhos
Canela
Ü

ValeriaC disse...

Que maravilha ir saboreando aos poucos suas memórias, querida...bonitos tempos e que delicias de comidas rsrsrs... sigo lendo-te amiga, com imensa satisfação, aguardo a continuação.
Doce semana, beijinhos,
Valéria

Severa Cabral(escritora) disse...

Boa noite minha querida amiga !
Sempre extasiada com a história da senhorinha,fico no desejo de ler tudo de uma só vez...só quero dizer que estou amando essa história...
bjssssssssssssss

Maria Auxiliadora de Oliveira Amapola disse...

Menina...

Que romântico...
Como tudo tem seu preço, o distanciamento dos funcionários deveria deixá-la mesmo, chateada.

Eu não conseguiria...

Carruagem, flores, amor. FANTÁSTICO!!


Essas comidas eu adoro!
ANGU,NOSSA COMIDA MINEIRA, DOCES CURTIDOS...


É uma maravilha ler você.
Obrigada!!


Beijos.

Unknown disse...

Tia, q orgulho fazer parte dessas memórias! Amo ler cada palavra, viajo no tempo e me sinto totalmente inserida nos seus belíssimos relatos! Vou conhecendo e desvendando um pouco mais de uma época tão bela q fez e faz parte dessa família q tanto amo!!! Vc é incrivelmente BELA! Amo muuuitoooo tudo isso! Bj no ❤️

Roselia Bezerra disse...

Boa noite, querida Leninha!
Só hoje puder ler sua postagem antiga e me deliciar com tanta coisa que me remete à adolescência...
Bjm muito fraterno

Minha querida e linda sobrinha Marcela, A vida é uma eterna ciranda a nos conduzir prá lá e pracá... e em uma destas voltas viemos para Tere...

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