SONHOS E ENCANTOS

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quarta-feira, agosto 24, 2011

LOPE------ MOSTRA INTERNACIONAL DE CINEMA DE SÃO PAULO


Lope, que estreia nos cinemas dia 26 de novembro e está sendo exibido na Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, fala sobre o início da carreira de Lope de Vega, o escritor mais prolífico da Espanha – quiçá do mundo –, segundo notas do filme, com cerca de 800 obras e 4.000 poemas. Pudera: ele viveu até os 73 anos, o que, para o século XVI, significaria viver até 150 anos hoje (com algum exagero da minha parte). Nessa longa vida, fez 14 filhos e teve diversas amantes. Duas delas aparecem no filme: Elena (Pilar López de Ayala), filha do mecenas Jerónimo Velázquez (Juan Diego), lasciva, agressiva, meio tresloucada e não muito confiável. E Isabel (Leonor Watling), filha de um nobre. Doce e pura, faz trabalho voluntário em um hospital onde fica o teatro patrocinado por Velázquez. Os três, Lope (protagonizado pelo desconhecido Alberto Ammann), Isabel e Elena, vivem um triângulo amoroso arrastado e que deixa cicatrizes das mais profundas.
O filme é extremamente bem produzido, as locações são genuínas – parte na Espanha, parte no Marrocos –, algumas reconstruídas ou reformadas, as roupas, a maquiagem e até as espadas que todos carregam no cinto são bem feitas… Parece que tudo ali está no lugar, como era há 400 anos. É engraçado que as brigas são à base de soco e de luta com espada. Hoje, o filme teria um monte de tiros.
Lope é dirigido por Andrucha Waddington e tem participação de Selton Mello
A vida de Lope de Vega parece um furacão. E o filme intensificou isso. Ao menos é o que diz o diretor, o brasileiro Andrucha Waddington, de Eu, tu, eles e Casa de areia. Andrucha (e os roteiristas) tirou espisódios de cinco anos da vida do artista e transformou como se tudo tivesse passado em um ano. Lope é irreverente, audacioso, quer prestígio e tem talento. Mas desde o começo ele apronta, mente, esconde, se impõe, trai, e tudo isso com pessoas poderosas. “Ele não vai parar de fazer bobagem?”, pensei, no meio do filme. Mas parece que o moço foi assim mesmo, só que com algum espaço de tempo entre uma “pisada de bola” e outra. (Entre parênteses porque, por tudo isso, conseguiu reconhecimento)
Lope e Elena
Por conta dessa “intensificação” dos fatos, não é indicado acreditar em tudo o que o filme mostra. E isso pode ser um problema se o espectador quiser conhecer a vida e obra do autor somente assistindo Lope. Há histórias que se cruzam no filme, mas que nunca se cruzaram na vida real. Episódios da vida de Lope que jamais aconteceram… tudo licença poética, para dramatizar e amalgamar a trama. O julgamento final a que ele é submetido, por exemplo, parece ser  obra de várias intempéries do destino em que ele se envolve – com o pai de Isabel, com o pai de Elena, com o marquês de Navas (interpretado por Selton Mello), com o tal Perrenot, só pessoas com poder suficiente para acabar com sua vida. O julgamento realmente existiu, mas não foi causado por essas brigas, ou, pelo menos, não por todas juntas. Outro problema são as cenas de amor, ou sexo, loooongas, ainda que sensíveis. Incomodou também a sequência em que ele se surpreende com a magia do teatro: extremamente vertiginosa, com direito a embrulho no estômago. Fechei os olhos para poder continuar assistindo.
No fim, o que fica, além dos belos poemas introduzidos no enredo de forma natural e inteligente, é a ideia de que você é o que os outros enxergam, e não o contrário. Isso é repitido duas vezes. Basear-se nas biografias do escritor, portanto, mostra como os outros o viam, e jamais como ele era na vida real. Não teria como ser de outro jeito, dada a distância entre o tempo dele e o nosso. Mas uma boa tentativa.
Lope passará novamente na Mostra no dia 30 de outubro, às 16h30, na Sala BNDES da Cinemateca (Largo Senador Raul Cardoso, 207, Vila Clementino). Repare na Sonia Braga do começo, como mãe de Lope.

LAURA LOPES ---REVISTA ÉPOCA----BLOG  MENTE  ABERTA

6 comentários:

Helena Chiarello disse...

Uau!!
Deve ser uma beleza o filme!
Deu vontade de ver, principalmente pelo enredo e pelos "belos poemas introduzidos no enredo de forma natural e inteligente".

Sempre é bom demais ver coisas assim!

Bacana essas tuas postagens, Leninha!

Um beijo gigante, amigamada! E obrigada sempre por tuas palavras macias e teu carinho com a gente!

Te gosto!

Lena disse...

Leninha
Adorei a completa resenha do filme e valeu a dica. Já estou esperando ansiosa a entrada dele no circuito comercial. É exatamente o meu tipo de filme! E eu não sabia que a nossa Sônia Braga estava atuando como a mãe do Lope de Vega. Perfeito o post, Leninha. Bjkas com muito carinho!

Aleatoriamente disse...

Leninha, amei saber sobre este filme.
Quase não vou a cinemas, não porque não goste, mas o tempo é curto.
Amada, amei teu comentário.
Te agradeço de coração, as palavras tão doces e ternas.
Obrigada!

Um beijo querida!

Anônimo disse...

Leninha querida!
Parabéns pela dica cinema,
adoro filmes,hoje assisti
Feira das Vaidades(canal 58,net)

Obrigada você é um doce de pessoa,
muito especial!
Abraçáo e boa noite amiga!

chica disse...

Certamente será um lindo filme.Bos dica desde já!beijos,tudo de bom,chica

Glória Maria - Fadinha disse...

OI linda, vou assistir. Quase não vou ao cinema, morei cinco anos seguidos em Muriqui, na Costa Verde, estou de volta ao Rio porque meu marido adoeceu e por lá não tem como se tratal legal. O último filme que assisti foi Nosso Lar, mas foi muito irritante, não o filme, o barulho. Antes de começar o filme, mostraram o trêiler de Tropa de Elite, o som era tão alto que fiquei procurando o controle remoto no meu colo para abaixar o som. Mesmo durante a exibição de Nosso Lar, houve momentos em que o som alto me irritou muito. Bom final de semana. Muitas beijocas. Fiquem bem.

Minha querida e linda sobrinha Marcela, A vida é uma eterna ciranda a nos conduzir prá lá e pracá... e em uma destas voltas viemos para Tere...

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